Ir. Paola Coral

Ir. Paola Coral

06/12/1890 – † 22/08/1934 -------------------------

Biografia

Nascida em Santa Catarina, recebeu na Pia Batismal o nome de Elisa, destinada a ser futuramente o orgulho de seus pais.

Incansável no trabalho era de grande alívio para sua mãe que, carregada de filhos, não dava conta dos serviços domésticos. A boa mãe ignorava que o Divino Agricultor, havia deixado cair, no coração de sua querida filha, a semente da vocação para a vida religiosa. Elisa, atraída por sentimentos de ardente piedade, era vista muitas vezes aos pés do santo altar, rezando com fervor ou ajoelhada diante da imagem da Virgem Imaculada.

Ainda bem jovem, entrou na Pia União das Filhas de Maria, conquistando a amizade de todas as suas companheiras. Mas, lá no fundo do seu coração, a semente começava a germinar. Na prática cotidiana das virtudes que a convivência com os mais íntimos, a cada instante, exige Elisa, distinguia-se na obediência sempre pronta, alegre, e na caridade que, nos anos vindouros, seria sua característica. Quando, em 1905, quatro Apóstolas chegaram a Urussanga, na alma de Elisa começava a aparecer um vago desejo de ser toda de Jesus, desejo esse que guardou cuidadosamente, ignorando, talvez, sua importância e profunda sublimidade, mas o germe crescia no seu coração, reforçando o desejo, fazendo decisivo o querer.

Chegou, finalmente, o dia em que ela não pode mais ocultá-lo e o manifestou às Irmãs. Aconselhada a não resistir ao chamado, solicitou a autorização dos pais e a obteve; mas, quanto custou para eles o sacrifício da vontade divina!

Elisa tinha 21 anos. Entre lágrimas e sorrisos, ferida, mas feliz, abençoada pelos pais angustiados, rodeada pelos irmãos que queriam impedir sua saída, deixou a casa paterna para seguir a Cristo que a esperava.

Chegou ao Noviciado de Santa Felicidade em Curitiba/PR, em fevereiro de 1911. Era simples, de bom coração, de vontade resoluta, dotes estes que, cultivados durante o tempo de formação, fizeram dela uma jovem exemplar. Terminada a primeira prova, no dia 30 de março de 1912, Elisa vestia o santo hábito, renunciando ao seu doce nome de batismo, para chamar-se Paula, nome mais significativo ao exercício do apostolado a que Deus a chamava. 

Transcorrido o ano do Noviciado, inteiramente abandonada à direção de sua Madre Mestra, foi achada digna de emitir os santos votos, ligando-se ao Divino Esposo que, no seu coração jovem e ardente, já os considerava, indissolúveis e perpétuos.

Dizia numa de suas cartas “... estou convencida de não merecer tantas graças, mas espero com o auxílio do Coração de Jesus, corresponder de agora em diante, do melhor modo possível, para ser sempre uma digna esposa de Jesus, com submissão perfeita aos meus Superiores”.

Após os anos de formação, seu primeiro trabalho foi o de auxiliar na rouparia do Hospital Humberto I. Sorridente e prestativa empenhava todas as forças de seu robusto físico, para proporcionar momentos de descanso para alguma coirmã. Porém, seu desejo era trabalhar com os doentes e chegou, finalmente, o dia em que o viu satisfeito. Era, então, vista pelos amplos salões da enfermaria, adivinhando as necessidades dos enfermos e mitigando seus sofrimentos. Os mais abandonados e os pobres eram seus preferidos, pois, para estes tinha um cuidado materno. A caridade fascinante de Ir. Paula abraçava todos que tinha necessidade de proteção, de conforto e de auxílio. Na sua companhia, ao seu lado, sentiam-se seguros os desventurados; as crianças encontravam nela o afeto materno; o idoso via-se rodeado de atenções e cuidados; o jovem pensativo, que lhe confiava seus desejos de aventura, os castelos de sua fantasia, recebia dela uma palavra de encorajamento, um conselho persuasivo; o homem maduro, que confiava nas suas orações e a ela recomendava a esposa e os filhos deixados na miséria e na dor.

Todos recorriam a ela e seu nome ressoava frequentemente pelas amplas salas e pelos longos corredores; nas salas de curativos, como nos centros cirúrgicos, nos lábios dos médicos, como dos enfermeiros e empregados, mas com mais afeto nos lábios dos pobres e doentes.

Em 1930, a saúde de Ir. Paula estava fortemente abalada, porém continuava seu trabalho, antes, parecia redobrar seus esforços, empregar toda sua energia para dedicar-se à humanidade pregada no leito de inenarráveis dores. Em 1931 Em 1931 foi submetida a duas cirurgias.

A extrema debilidade com que a deixaram prostrada contribuiu para que o bacilo da doença fatal atacasse os pulmões; abatida, mas não vencida, procurava reagir...; como condenar a pobrezinha à penosa separação?... Como afastá-la dos doentes que eram toda a sua vida, tirando-lhe a incansável atividade?

Foi enviada à Santa Casa de São João da Boa Vista/SP, porém, piorando seu estado, retornou com alegria ao seu Hospital. Por fim, em 1932, chegou como primeira habitante e superiora à casa da Freguesia do Ó, destinada às Irmãs tuberculosas. No dia em que nela pôs os pés, confessou mais tarde, pediu ao bom Deus conceder-lhe a graça de voar por primeira, daquele lugar solitário à celeste mansão. E sua oração foi atendida. Melhor, foi-lhe pedido edificar durante dezoito meses, as Irmãs, companheiras no sofrimento, que nela se espelhavam para imitar-lhe a heroica resignação, a constante alegria, o bom humor, não obstante as febres violentas que a obrigavam a passar diversas horas do dia, ou dias inteiros, no leito.

Enfraquecidas as forças, consumida pela febre alta e contínua, já não podia mais interessar-se pela casa, ajudar na limpeza e cumprir suas obrigações diárias indispensáveis à vida. Foi, então, que Ir. Gonzaga Bolfe, generosamente, ofereceu-se, mesmo sujeita a contrair a doença, para aliviar suas coirmãs enfermas.

Nos primeiros dias de agosto, Ir. Paula piorava, temendo-se sua morte iminente. Para satisfazer um desejo por ela repetidamente expresso, foi chamada sua querida Superiora, Ir. Catarina Ferrari, para trazer um pouco de alivio àquela alma próxima à partida. O bom Deus quis premiar seu sofrimento, suportado com grande e edificante generosidade, concedendo-lhe expirar, reclinada nos seus braços, e prometendo-lhe proteção lá no céu.

Ir. Paula, tendo recebido a Unção dos Enfermos por duas vezes, ciente de sua morte iminente, renovou a Deus a oferta de sua vida, acompanhada pelas orações da comunidade; beijou pela última vez o crucifixo e com extremo esforço entregou sua alma a Deus. Tinha 44 anos de idade e 21 de vida religiosa.

O semblante cadavérico de Ir. Paula, acompanhado de angélico sorriso, parecia agradecer as manifestações de todos que a visitavam e por ela rezavam, e dizer: “Sou feliz, já gozo do amplexo do Esposo Divino, na verdadeira vida! ”