Ir. Amalia Mazzaroto

Ir. Amalia Mazzaroto

20/04/1900 – † 28/11/19779 -------------------------

Biografia

Oriunda de família profundamente católica e privilegiada por Deus com a escolha de quase todos os filhos para a vida sacerdotal e religiosa, entre eles, três filhas para o Instituto das Apóstolas. Irmã Amália, foi sempre exemplar em sua vida religiosa. Fervorosa, simples e humilde. Seu silêncio era mais eloquente que as palavras.  Exerceu seu apostolado no internato do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Curitiba e, na Escola do Bairro Santa Felicidade, como professora primária. Transferida para São Paulo/SP, foi porteira no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em 1964, retornou a Curitiba, fazendo parte da comunidade do Colégio Santa Terezinha.

Por onze anos exerceu a difícil tarefa de Mestra das aspirantes, com muita dedicação e paciência, assistindo-as em todos os aspectos: espirituais e materiais. Amava a Deus e era pródiga em delicadezas e caridade para com todos. Levantava-se cedo para rezar, dirigindo para Deus os primeiros instantes do seu dia. Foi pessoa de oração, um verdadeiro para raio para o Instituto e para as comunidades por onde passou.

Depoimentos

Ir. Thereza Paulin - Os ensinamentos e as orientações sobre a Vida Religiosa, recebi-os de Ir. Amália, quando Mestra do aspirantado, juvenato naquela época de 1943 à 46. Irmã Amália era religiosa de uma vida austera e diria de profunda vida interior. Era uma Apóstola reparadora, pois através de seu testemunho, de suas palavras e orientações levava as juvenistas daquela época à mortificação, renúncia, à pequenas abnegações, que muitas vezes fazíamos a conta gosto, pela conversão dos pecadores. Incutia em nós o sentido da reparação através de jaculatórias que repetíamos às centenas no decorrer do dia. Entre nós, corria a notícia de que ela se penitenciava, usando cilício. Fato que não posso afirmar como verídico. Outra característica evidente era sua vida de oração. Era comum vê-la aos pés do sacrário em profunda oração. A Hora Santa era uma das práticas que levava a sério e nos acompanhava sempre com muito ardor nas adorações mensais que se faziam na Paróquia do Imaculado Coração de Maria. O amor a Maria a acompanhou na vida. A recitação do terço e a celebração do mês de maio eram práticas muito queridas por ela e punha grande zelo para vivenciá-las junto de nós, suas juvenistas. Tinha gosto pela ordem, disciplina e trabalhos manuais (bordados) que ensinava para as candidatas. Era silenciosa, de poucas palavras, respeitosa e um tanto introvertida. A imagem que tenho dela é de eremita, voltada para Deus.

Depoente não identificada - Ir. Amália foi sempre edificante em sua vida de Apóstola. Religiosa exemplar, fervorosa, simples, humilde. Seu silêncio era mais eloquente do que as palavras. Todas as pessoas que passaram pelo seu caminho foram beneficiadas pela sua tranquilidade e paz. Amava muito a Deus e era pródiga em delicadezas e caridade para com todos. Seu espírito de sacrifício e abnegação era edificante. Em suas orações, tinha especial carinho pelos sacerdotes e pelas vocações. Seu silêncio acompanhado pela oração profunda de sua alma humilde, deixou em cada uma de nós a marca de uma verdadeira Apóstola do S. C. de Jesus. Ir. Amália faleceu no dia 28 de novembro de 1979, às 10 h10.

Ir. Maria Ruth Pereira – NO SILÊNCIO FÉRTIL E ATENTO, assim era Irmã Amália Mazzarotto. Envolta na graça e no silêncio da graça, passou entre nós. Lembro-me de sua presença. Vivi alguns anos com ela e nestes poucos anos, pude constatar a riqueza espiritual que ornava sua vida simples e discreta. Reservada, falava pouco, mas quando interrogada, mostrava-se interessada e atenta. Rezava constantemente. Seus lábios estavam sempre em movimento, pronunciando baixinho a oração do preciosíssimo Sangue. Oferecia-o pela conversão dos pecadores. O Coração de Jesus era o seu viver, sua Rocha firme, onde apoiava sua vida silenciosa, dando-lhe força e coragem para continuar a caminhada. Era a primeira na comunidade a se levantar e dirigir-se à Capela, onde ficava em oração.

Uma manhã antes que soasse a campainha para as Irmãs se levantarem, fui testemunha de mais um gesto de humildade profunda de Irmã Amália: imóvel no corredor do centro da Capela, numa atitude de prostração, de bruços, rezava profundamente. Jamais poderia imaginar a presença de alguém, naquela hora da madrugada. A princípio fiquei assustada, mas à medida que me aproximava, sentia que pronunciava algo, estava rezando. Ao levantar-se percebeu minha presença ali na capela e avizinhando-se, pediu-me que não contasse o que eu tinha presenciado. Rezava pelos pecadores, pela salvação das almas, para que ninguém fosse para o inferno. Outra ocasião presenciei Irmã Amália retirando da lata do lixo da copa das Irmãs, os pedaços de pão amanhecido que alguém ali jogara, como também, pedaços de banana e outras frutas. Dizia-me que os pobres nem sobras tinham para matar a fome. Comia-as com tanto jeito que parecia estar saboreando um manjar. Isto, outras Irmãs também presenciaram. Sempre a admirei, e foi em minha vida de Apóstola um incentivo e entusiasmo para viver a pobreza e seguir avante meu caminho de oração. Obrigada Irmã Amália! Nem sempre era considerada por muitas, como uma Irmã humilde devido seu temperamento, um tanto rústico e sério. Pouco sorria, mas quem a conhecia sabia o quanto se dominava, para ser mansa, diante de certas situações. Lutava para tratar bem a todas e alimentava muito amor aos Superiores como também a cada membro da comunidade. Rezava por todas. Morreu como viveu, pobre e silenciosa entrou para a mansão dos eleitos. Mostrou-se sempre como verdadeira filha de Madre Clélia, amante da cruz, sem reclamar dos sofrimentos, aceitando-os na fé e no amor a CRISTO CRUCIFICADO, a quem tinha muita devoção. Ir. Amália, interceda por nós junto ao Coração de Jesus e Madre Clélia, para que nossos dias, sejam realmente de Gratidão e de Ressurreição, pela vivência da alegria e fidelidade ao muito AMOR recebido do CORAÇÃO DE CRISTO em nossa vida de Apóstola. (Pronunciamento de 20 de março de 1993).

Ir. Carmelina Mazzarotto - Sobrinha de Ir. Amália, morei um ano e meio com ela no aspirantado do Colégio Sagrado Coração de Jesus. Durante esse tempo notei nela muito espírito de sacrifício, pois se levantava antes das outras e, em jejum, ia à lavanderia adiantar o serviço para dar conta até a hora da aula. Com as aspirantes era muito boa, humilde, sorridente, compreensiva, mas também, bastante exigente e enérgica; gostava de ordem, tinha amor e zelo pelas coisas da casa e nos ensinava a fazer todo serviço com perfeição para agradar a Deus. Nos últimos anos quando morava no Colégio Santa Teresinha e me encontrava com ela, dava-me os seguintes conselhos: “tenha espírito de fé; veja Deus nos superiores que são os representantes de Cristo; não critique, não fale mal, seja obediente, só assim terá as bênçãos do Coração de Jesus”. Recomendava-me o espírito de pobreza, dizendo: “Faltamos muito com a pobreza, não temos cuidado com a água, luz e sabão”. Dizia também: “nunca deixe de rezar. Quem reza, persevera”. Tenho certeza que todos esses conselhos que me dava, praticou-os em sua vida (Pronunciamento de 25/3/ 1993).

Depoente não identificada - Irmã Amália era de estatura média, cabelos e olhos claros. Seu olhar transmitia paz e serenidade; seu sorriso cativava as pessoas; caminhava sempre cabisbaixa, deixando transparecer intimidade com Deus. Todo o seu porte era digno de uma religiosa que viveu unicamente para o Senhor e para o bem da comunidade. Era de temperamento forte, porém muito trabalhado. Recordo-me que seu trabalho era simples e de muito valor. O que posso dizer de Ir. Amália é que ela veio de uma família muito religiosa onde o maior número de seus irmãos é consagrado. Trabalhou na portaria e cantina além de ter sido Mestra das juvenistas. Suas virtudes foram: caridade, generosidade, e prontidão vivendo-as em grau heróico (pronunciamento na década de 1993).

Comunidade de Nova Esperança - Irmã Amália era de estatura mediana, clara, séria, silenciosa e paciente; rezava muito, fazia via-sacra diariamente; rezava muitos terços na de braços abertos na Capela, ou prostrada diante do Santíssimo. Era muito humilde; foi mestra de aspirantes longos anos; trabalhou na portaria, atendendo muito bem as pessoas e os pobres; trabalhou também na lavanderia, para onde ia, segurando a roupa com uma mão e com a outra o terço. Faleceu no Hospital Nossa senhora das Graças e foi velada na Capela da Escola Santa Teresinha. Um dia, Ir. Josefa que era a superiora da casa encontrou um livro de Madre Clélia que pertenceu a Irmã Amália, com a seguinte frase, escrita por ela: “SENHOR, QUE EU SEJA A ÚLTIMA, A MAIS APAGADA DA CASA”.

Ir. Giselda Pellanda - Ir. Amália foi minha mestra no Juvenato, de 1943 a 47. Muito reservada até certo ponto, tímida, tinha um andar manso e era um tanto encurvada. Muito exigente consigo mesma e com as juvenistas; austera em sua maneira de ser e de exigir a perfeição até nas mínimas coisas: no cumprimento do silêncio, na limpeza da casa, na pontualidade aos atos comuns, em tudo. “Deus me vê!”, repetia sempre que nos encontrava, ou cada vez que falhamos em alguma coisa. Atribuía-nos nota de comportamento que, em geral, eram muito baixas, principalmente se tivéssemos falhado com a sinceridade. Sua vida ascética impressionava-me, particularmente sua atitude concentrada, respeitosa na Capela, diante do Santíssimo; normalmente ajoelhada e por longo tempo. Com o rosário entre as mãos, percorria os lugares, onde nos encontrávamos trabalhando; rezava continuamente o terço, recomendando-nos que também o fizéssemos, porque Nossa Senhora devia ser nosso modelo. Cobrava-nos o mínimo deslize. Anos mais tarde, já religiosa, encontrei-a por diversas vezes; mostrava-se carinhosa, aliviada e feliz por ver-me perseverante ao chamado do Coração de Jesus, como a pedir desculpas por ter sido tão severa e dizia-me: “Se eu tivesse de recomeçar minha vida de mestra, seria menos rígida e mais compreensiva”. Posso garantir que muito do que sou, devo a ela (Pronunciamento de 7/3/1993).

Comunidade de Laguna - Ir. Amália era de estatura mediana, temperamento e caráter forte, mas sabia dominar-se. Desempenhava a função de mestra de aspirantes e porteira. Suas virtudes foram: espírito de oração rezava pelas vocações; zelo pela casa, silêncio e acolhimento, aproveitava as ocasiões para fazer o bem, tinha zelo apostólico. Sintetizou sua vida na oração e no espírito de sacrifício.

Ir. Marlene - Amor, prontidão e delicadeza acima de toda prova em relação aos superiores, Ir. Amália era de um crescimento espiritual constante. Revelava espírito de fé em tudo; ela percebia a Mão de Deus agindo. Tinha expressão de paz, alegria, disponibilidade, serviçal, sempre voltada para o bem dos outros. Nas primeiras sextas-feiras, ela passava a maioria de seu tempo na presença de Jesus Eucarístico. Dava para sentir que sua vida comunitária era de grande valor. O seu apostolado era permanente, onde trabalhava na lavanderia, com aspirantes e postulantes e na cantina, com os alunos. Ir. Amália no início lutou para não morrer, pois amava a vida. Aos poucos foi aceitando e me recordo que no dia de sua morte pediu para que não a deixássemos sozinha e que ficássemos rezando permanentemente por ela, pois ainda julgava-se fraca, precisava de muita oração para o encontro do Senhor. Ela amou a vida como presente de Deus.