IR. MARIA LUISA GARDONIO
12/09/1915 + 12/08/1964Biografia
Mulher bonita, simpática, nobre, silenciosa e, sobretudo, de uma fineza, delicadeza e caridade extremas, vida interior intensa, espírito de sacrifício, são as virtudes que mais admiramos na Irmã Maria Luiza. Sabia conciliar a bondade com a justiça. Era exata no cumprimento dos deveres religiosos, e sua sabedoria humilde fazia dela “aquela que serve”. Seu porte, seu andar silencioso e modesto tornavam-na uma pessoa especial. Exercia a missão de Superiora com harmonia de todo o seu ser, sem humilhar ninguém, sempre mansa nas suas atitudes. Com as enfermas, na comunidade, tinha cuidado especial. Seu olhar penetrante, profundo, marcou muito minha caminhada religiosa. “Sua morte causou-me grande surpresa, pois a considerava ainda jovem; mas, conhecedora de seu empenho espiritual, não pude deixar de entender como o Senhor quis premiá-la logo com a felicidade eterna”, assim se expressa uma Irmã. Desempenhou por seis anos a função de Vigária, na Província de S. Paulo.
Depoimentos
Ir. Emília Alves de Oliveira - “Conheci Ir. Maria Luiza em Ribeirão Preto/SP, onde era Superiora, antes de eu entrar no Instituto. Fui encaminhada por ela para o Postulado. Aconselhou-me a ser boa religiosa e pedir sempre a perseverança. Depois, morei alguns meses com ela no Hospital Matarazzo, São Paulo/SP. Possuía o dom de conduzir as pessoas para o bem, a prática das virtudes e ao amor de Deus, com poucas palavras, em voz baixa e leve sorriso. O que mais admirava era seu espírito de oração, zelo, silêncio, modéstia e firmeza naquilo que falava e exortava. Profundamente devota do Coração de Jesus, amava o Instituto e dele falava com amor e espírito de fé, considerando-o uma obra de Deus. Tenho por ela uma grande veneração e gratidão, por tudo o que fez por mim. ”Já, antes da Profissão, dizia num de seus escritos: “Resta-me um só desejo - unir-me cada dia mais perfeitamente a Deus, e isto conseguirei somente com sua graça, através das lutas quotidianas e com minha boa vontade” (17/10/43-Ribeirão Preto). Veio para o Brasil como noviça. Foi enfermeira em diversos hospitais, desempenhando seu ofício com caridade e abnegação, vendo nos doentes o próprio Jesus, servindo-os com maternal delicadeza, visitando-os diariamente, falando-lhes do amor de Deus, e ensinando-lhes o caminho que deviam seguir para bem viver. Caráter forte, um pouco severa e exigente no cumprimento do dever; porém, sabia dominar-se. Tinha firmeza no que falava ou exortava, corrigia com amor e por isso cativava as pessoas. Pelas suas qualidades e virtudes não comuns, foi eleita Vice-Provincial, por seis anos. Ultimamente, exercia o cargo de Superiora da comunidade religiosa do Hospital Matarazzo. Era muito estimada e querida, especialmente pela sua fina caridade e humildade. Sofria, há alguns meses, de fortes dores de cabeça. Descobriu-se, depois, quando o mal já estava adiantado, serem causadas por um câncer no cérebro. Não obstante as dores agudas que sentia, era diligente e exemplar no cumprimento dos seus deveres. Recolheu-se ao leito, somente quando o mal lhe havia paralisado uma parte do corpo. Ciente da sua gravidade, ela mesma pediu os sacramentos, antes da cirurgia, recebendo-os com profunda piedade e abandonando-se inteiramente à vontade de Deus. Serena e tranqüila sofria e oferecia seus sofrimentos pelo bem do Instituto e das Superioras. Após a cirurgia, entrou em coma e não mais voltou a si. Por três dias permaneceu inconsciente, depois entregou sua alma a Deus, aos 49 anos de idade e 25 de vida religiosa.
Ir. Clemaria Simões: “Conheci a Irmã como Superiora da Comunidade Religiosa do Hospital Matarazzo. Demonstrava-se muito séria, bondosa com todos, cumpridora de seus deveres. Amava as Irmãs e ajudava-as a se orientarem na vida religiosa diária, equilibrando o fazer profissional com o ser religiosa. Sua amabilidade, associada à calma, à tranqüilidade e à fidelidade exigidas pelo Amor, assumia com empenho seus deveres do cargo, sendo testemunho para a comunidade”.
Irmã Jannice Pereira Leite -“Morei com Irmã Maria Luiza Gardônio, quando terminei o 1° ano do noviciado, participando da Comunidade da Casa Provincial, onde ela era Vice-Provincial e Superiora da Comunidade Com mais uma companheira, iniciei a Faculdade de Enfermagem. Para mim, ela era muito santa e bonita; tinha olhos verdes. Admirava-a em vários aspectos, tais como: equilíbrio, humildade, paciência, compreensão.
Nós, como estudantes, passávamos a semana na Escola de Enfermagem, em regime de internato; indo para a Casa Provincial, só no final da semana. Ela se preocupava com a nossa formação e queria estar o par de tudo. Lembro-me que ela foi à Faculdade, para conversar com a Diretora da Escola, a fim de certificar-se melhor a respeito da nossa formação, na Escola. Em virtude de ela ter trabalhado sempre em Hospital, ouvíamos dizer que estava sofrendo muito, no seu cargo de Superiora de uma Comunidade Escolar, pois naquele tempo havia uma comunidade única, formada pelas Irmãs do Colégio e as da Casa Provincial; porém sofria calada.
Depois, morei novamente com Irmã Maria Luiza, no Hospital Matarazzo, durante seis meses. Nesse tempo, ela sofria de fortes dores de cabeça, tendo falecido, meses depois, em conseqüência de câncer cerebral. Nesse período, o Hospital estava em crise de relacionamento administrativo, criando problemas também para as Irmãs; esse fato agravou seus sofrimentos e preocupações. Era pessoa de fé e de oração; freqüentemente a encontrávamos na capela, rezando e buscando forças em Deus e incentivava-nos a fazer o mesmo.