Silvia Amadio, irmã gêmea de Lívia, nasceu num lar verdadeiramente feliz, onde reinava o amor, a ajuda mútua e a presença amorosa do Coração de Jesus, em qualquer circunstância da vida. Cresceu como toda criança, muito atenta a tudo e a todos, deixando transparecer uma inteligência brilhante e personalidade decidida. Sua infância foi bem amparada pelos cuidados dos pais. A chama do entusiasmo juvenil cresceu em seu interior, participando assiduamente da vida da Igreja e das obras de promoção humana, em sua paróquia.

A vida espiritual e suas práticas prepararam o terreno para o acolhimento do chamado de Deus à Vida Consagrada. Frequentando a Escola dirigida pelas Irmãs Apóstolas, sentiu despertar o desejo de doar-se, para tornar mais conhecido e amado o Coração de Jesus, e manifestou este seu desejo aos pais, dos quais recebeu todo apoio. Começaram os preparativos para o ingresso no Instituto, e Silvia, com sua irmã Pia, dirigiram-se a Roma, acompanhadas pelo pai que lhes entregou uma imagem de Nossa Senhora, com o pedido de que não esquecessem de recorrer à Virgem, nas dificuldades.

O Postulado e o Noviciado passaram rápidos e chegou o dia da Profissão. Irmã Flaviana confirmou sua entrega, para fazer de sua vida uma missão de amor. Ela continuou residindo em Roma, testemunhando sua vida de verdadeira Apóstola, enquanto se dedicava ao estudo e ao apostolado. Meditando na vida e missão dos Apóstolos, sentiu-se chamada a ser Apóstola Missionária. Acolheu, secretamente, o convite de Jesus, que se manifestou na oração, até que, esse segredo veio à luz, quando a Madre lhe perguntou: “Irmã Flaviana, você aceita ser missionária no Brasil? ”. Com alegria ela respondeu: “Sim, Madre, este é meu grande desejo”.

Irmã Flaviana teve a felicidade de conhecer Madre Clélia, que a animou a prosseguir firme na caminhada, se um dia sentisse os apelos do Coração de Jesus para as missões na América; e esse dia chegou! Sua primeira missão foi o Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Cafelândia/SP, auxiliando as Irmãs, esforçando-se para aprender a Língua Portuguesa e inculturar-se. Após um ano, foi convidada a assumir nova missão na Santa Casa de Ribeirão Preto/SP. Deus abriu-lhe o caminho, mas não lhe tirou as dificuldades... Ela rezava e amava. Trabalhou com responsabilidade, nas tarefas difíceis da árdua missão da Santa Casa; passou por muitos sofrimentos e verdadeiras humilhações; aprendeu com as próprias limitações e cresceu na confiança ilimitada no Coração de Jesus. Desde o início de sua vida religiosa, tornou-se uma Apóstola ardorosa, atraindo muitos corações jovens para Jesus. Foi uma grande evangelizadora, uma verdadeira animadora vocacional. Muitas Irmãs foram acompanhadas por ela, no seu itinerário vocacional; muitas encontraram nela força, incentivo, apoio e ajuda para perseverarem nos caminhos do Senhor; ela sabia administrar bem o seu tempo e, sem descuidar dos seus deveres, acompanhava as pessoas que o Coração de Jesus colocava no seu caminho.

Em 1949, foi enviada para assumir nova missão, não só com os doentes, mas como Superiora da Comunidade da Beneficência Portuguesa, de Bauru, demonstrando também aí sua postura materna, firme e suave.

Mais uma vez, o Coração de Jesus, através da Madre Provincial, que, conhecendo a capacidade de liderança, unida às suas virtudes, bateu à porta do seu coração e solicitou sua disponibilidade, agora, para dupla missão: auxiliar no governo da Província, como Vice Provincial e como Superiora da Comunidade da Casa Provincial, passando, então, a receber o título de Madre. Madre Flaviana assumiu esse cargo com muita responsabilidade, distinguindo-se por seu dinamismo, acolhimento, atenção, compreensão e grande delicadeza. Nesse complexo: Colégio, Casa provincial, noviciado, sua presença era sempre marcante, atenta às necessidades, humilde, prudente e animadora.

Com a divisão da Província; São Paulo-Paraná, Madre Flaviana foi indicada para a missão de Mestra das Noviças e Postulantes da nova Província, no Paraná. Acompanhou a construção das dependências do Noviciado e, de modo especial, idealizou a decoração da linda Capela de Santa Terezinha do Menino Jesus, revelando seus dons artísticos e seu imenso amor a Jesus Eucarístico.

Em 1967, assumiu o governo Provincial no Paraná. Viveu o impacto da atualizaçãoo, o que não lhe foi fácil: ajudar as Irmãs a manterem coerência entre valores evangélicos e o carisma do Instituto, diante das falsas interpretações do espírito renovado do Concílio Vaticano II, que atingiu, também, a vida religiosa. Sofreu muito, porém, manteve-se firme, humilde e compreensiva.

Demonstrava grande amor a Madre Clélia e o comprovava com sua vivência de Apóstola fervorosa. Dizia que os leigos precisavam conhecê-la mais profundamente, para, através dela, conhecerem e amarem o Coração de Jesus. Amava a vida, vibrava com as pequenas e grandes realizações, sabia valorizar os mínimos esforços de cada pessoa, caminhava e apontava saídas para bases seguras, solidificadas no amor. Sua vida parecia atingir o ponto mais alto da doação e das realizações. Jesus, porém, lhe preparava uma nova missão: o sofrimento. Foi assim que Madre Flaviana se deparou com os desígnios de Deus, manifestados em sua vida, na doença incurável, acompanhada de sofrimentos físicos e morais; a dor da separação, quando precisou deixar a Província do Paraná, para um tratamento, em São Paulo/SP iniciando seu Calvário, sua identificação com Cristo e com Madre Clélia. Foram dois anos de intenso sofrimento, muito bem aproveitado. Passou por diversas cirurgias em São Paulo/SP, depois em Ribeirão Preto/SP. Preparou-se para a morte, procurando estar sempre em comunhão com o Coração de Jesus, como fiel Apóstola do seu amor até que, cercada pelos cuidados das Irmãs, médicos e enfermeiras, com admirável edificação, entregou sua alma ao Senhor, em Ribeirão Preto. Contava 60 anos de idade e 40 de vida religiosa. Foi velada na Capela da Casa Provincial, em São Paulo/SP, e sepultada no jazigo das Irmãs.

Obs. Passagens mais detalhadas de sua vida e belos depoimentos podemos encontrar no Livro “Amadio: a força e a beleza de um SIM”, de Autoria de Irmã Alzira Razia – Bauru: EDUSC, 2003 (Coleção “Coração Multiplicado”).