IR. ANTONIETTA MARIA FINOCCHI
11/06/1931 + 22/10/1980Biografia
Maria Ludovina viveu sua infância despreocupada, pois seus pais e os quatro irmãos não poupavam esforços para fazê-la feliz, crescer na fé, na esperança e no amor. Conheceu bem as realidades do mundo, porém, com nenhuma se encantou. Sentindo-se chamada para a Vida Religiosa e, aos 21 anos, concretizou seu desejo, deixando tudo, livremente e por amor, ingressando no Instituto das Apóstolas. Colocou sua mãe num asilo em Roma deixando sob a responsabilidade de seu irmão. Para realizar sua vocação missionária, veio para o Brasil, antes de terminar o Noviciado prático, completando-o em São Paulo e, enquanto se preparava, espiritualmente, aproveitava para aprender o Português e assim, estar apta para enfrentar os problemas que surgiriam em suas atividades futuras.
Após a Profissão, foi para o Hospital Matarazzo em São Paulo para iniciar seu trabalho de Enfermagem, na Pediatria e, ao mesmo tempo, fazer o Curso de Auxiliar de Enfermagem, cuja escola funcionava no próprio Hospital. Dedicava-se com carinho aos doentes e aos estudos.
Aos 26 de julho de 1959, fez os Votos Perpétuos e, com essa doação a Deus, nada reservou para si, seu SIM foi realmente perpétuo e total. Encontramos em seus escritos: “Querida Madre Provincial, quero manifestar-lhe meu desejo de fazer os Votos Perpétuos. Pensando bem, não mereceria esta graça, mas meu único desejo é doar-me por toda a minha vida ao meu Esposo Divino. Com sua graça procurarei ser fiel à minha vocação até à morte. Com a ajuda de Deus e meu esforço contínuo, procurarei ser obediente às minhas Superioras e útil à Congregação, também quando minha pobre natureza quiser fazer o contrário”.
Em 1961, foi para Santa Casa de Ribeirão Preto, passando a desempenhar responsabilidades no Centro Cirúrgico. Era querida por todos e muito eficiente no trabalho. Em 1964, foi transferida para a Santa Casa de Birigui, onde passou a exercer o cargo de Superiora da Comunidade e responsável pela Enfermagem e Administração interna. Terminado o triênio, foi para a Santa Casa de Araraquara, também como Superiora da Comunidade e Administradora interna da casa, até que, por motivos internos, as Irmãs se retiraram do Hospital.
Ir. Antonieta foi, então, transferida para o Lar do Bebê “Pupileira”, em Porto Alegre/RS, dedicando-se às gestantes e crianças. Não poupou esforços para proporcionar o bem estar espiritual dessa gente que, tendo fraquejado, necessitava de quem a ajudasse a se levantar e partir para uma vida mais digna e responsável. Era de uma dedicação sem igual, não se importando com o que diziam e criticavam, muitas vezes. Procurava superar, colocando tudo no Coração de Jesus, pelo bem daqueles que Ele colocara em seu caminho. Depois de seis anos em Porto Alegre, voltou para a Santa Casa de Ribeirão Preto. Além dos muitos trabalhos que desempenhava, dedicava-se aos estudos, à noite, para se aperfeiçoar mais, e melhor servir ao Instituto e aos doentes. Como aluna, era das melhores, e aproveitava a ocasião para levar Cristo a todos. Sempre tinha uma palavra de ânimo e coragem para os desanimados, sem condições de enfrentar a vida com seus problemas. Dedicou-se inteiramente ao trabalho vocacional da Arquidiocese de Ribeirão Preto; ajudou e encaminhou muitos jovens para a vida religiosa, e também seminaristas que a procuravam para uma orientação vocacional. Era uma Apóstola exemplar, compromissada com a sua consagração, com o Instituto e com seu trabalho. Nem sempre Ir. Antonieta foi bem compreendida; porém não se perturbava, trabalhava por Deus e isto lhe bastava. Em outubro de 1980, começou sentir fortes dores de cabeça.
Mesmo assim, continuava seu trabalho e estudos, até que, agravando-se o mal, foi constatado que estava com meningite. Após algum tempo de tratamento, com a dedicação total de uma equipe de Médicos, sem apresentar melhoras, partiu para a eternidade, deixando saudades e a lembrança de uma autêntica Apóstola. Chorada por todos: Irmãs, médicos, funcionários, enfermeiros, doentes, colegas e professores; foi velada na Capela do Hospital. Centenas e centenas de pessoas acorreram para ver Irmã Antonieta, pela última vez. Após a Missa de corpo presente, concelebrada por quatro sacerdotes, foi levada para o cemitério local, depositada no Jazigo das Apóstolas, com grande acompanhamento daqueles que tanto a amavam.
Sua morte, tão rápida, foi motivo de meditação para todas nós. Deus não escolhe idade, não importa o trabalho que desempenhamos e, sim, estarmos preparadas, pois não sabemos a hora em que Ele vem. Recebeu o chamado “Veni Sponsa Christi”, aos 49 anos de idade e 25 de vida Religiosa.
Depoimentos
Ir. Fúlvia Perin - “Ir. Antonieta foi educada pelas Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, onde passou, como aluna e como religiosa, até o fim de sua vida. Dotada de excepcional energia, cumpridora dos seus deveres, seja como religiosa, seja como enfermeira, trabalhou com muito zelo e dedicação em vários Hospitais. Além dos dotes morais que a distinguiam, todos podiam admirar-lhe a aptidão artística, nos trabalhos que realizava. Fazia parte da Pastoral vocacional. O amor pelas vocações e pelos vocacionados era forte, em tudo revelava uma alma sensível e afetuosa. Colaborou, com fidelidade e constância, ao lado das Irmãs que lutavam pela boa assistência espiritual e material dos doentes. Há muito que recordar das mil delicadezas que usava com todos, esquecendo-se e sacrificando-se pelos outros. Fervorosa, assídua, tudo fazia com perfeição, qualidades essas, atestadas por médicos e funcionários.
Ir. Antonia Pagani - “Num belo gesto de generosidade, quando veio para o Brasil, deixou sua mãe no Asilo de Roma, aos cuidados do Irmão. Como Superiora, foi sempre alegre e prudente; sempre pronta a atender e melhorar a situação dos doentes; era pessoa de Deus, rezava muito, transmitia sua piedade, com o exemplo de verdadeira Apóstola do Coração de Jesus. Queria estudar para ser útil”.
Ir. Lydia Moreira de Oliveira - “Comemorei com Ir. Antonieta os 25 anos de Profissão Religiosa. Impressionou-me seu gesto, no momento de confraternização, em Campos do Jordão, quando ela, com uma taça de champanhe na mão, disse: rezemos um Pai Nosso e uma Ave Maria para aquela que morrer primeiro. Parecia pressentir algo, pois meses depois partia para o céu”.
Ir. Cleamaria Simões - “Irmã Antonieta foi minha Superiora, em 1970, na comunidade da Santa Casa de Araraquara. Irmã muito dedicada ao trabalho e à comunidade. Zelosa pelo bem e pela justiça. Sofreu muito com os problemas administrativos. Com delicadeza e firmeza sabia contornar tudo”.
Ir. Silvana Salomão - Morei sete anos com Ir. Antonieta, no Hospital Matarazzo, em São Paulo. Foi para mim uma Mestra. Devo parte de minha vida a ela. Muito íntima de Deus, caridosa, profunda na fé, grande confiança no Coração de Jesus e de Maria, delicada com todos, sincera, prestativa, serviçal, amava os votos religiosos e os praticava; sua vivência foi disso testemunho; amante das Constituições e de obediência heroica. Ir. Antonieta foi tão caridosa que morreu, contaminando-se ao dar cuidados a um doente. Verdadeira filha de Madre Clélia e da Igreja (Pronunciamento de 25/3/1993).
Ir. Zélia Cavassin - Ir. Antonieta era alegre, piedosa, bondosa, caridosa, amante do Instituto. Observante das Constituições; tinha espírito de oração.