IR. SILVIA VIEIRA

IR. SILVIA VIEIRA

15/03/1907 + 31/07/2003 -------------------------

Biografia

 

Revendo o prontuário da Ir. Sylvia, deparamos com um artigo do “Jornal da Cidade”, de Poços de Caldas-MG, página 19, datado de 22 e 23 de março de 1997, quando trabalhava na Santa Casa. O artigo intitulado: “Registro – Feliz aniversário, Irmã Sylvia! ” , retrata um pouco da história da Ir. Sylvia, reforçando o quanto era admirada e amada por todos, porque sabia amar com coração aberto e acolhedor. Eis a íntegra:

 

“Aos quinze dias do mês de março de 1907, nascia em Pedra Branca, interior do Ceará, a menina Aurélia Vieira. Com a água da pia batismal que a tornou cristã, os  imperscrutáveis desígnios da Providência Divina iriam fazer dela uma criatura sublime, reservando-lhe auspicioso futuro. Aurélia foi cumulada de inteligência brilhante, o que a fez galgar, facilmente, os cursos em que se matriculou, tanto no seu Estado natal, como na Bahia, tornando-se mestra de incontestes recursos. Certa feita, visitando parentes seus, em São Paulo-SP,  hospeda-se nas vizinhanças do Colégio de Formação Religiosa, dirigido pelas Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Destino selado pelos anseios que lhe desperta a vida religiosa da comunidade, entra para esse Instituto, em 22 de dezembro de 1928, fazendo Votos Perpétuos, no ano de 1935. À áurea do século, toma o nome de Sylvia. Educadora de pulso, dotada de grandes recursos intelectuais, descreve carreira na Ordem, ora na Capital paulista, ora no interior, na Capital paranaense. Assim, por 39 anos ininterruptos, exerce suas funções como Mestra de Disciplina ou Diretora, frente a esses educandários. Tempo bastante para gozar de merecida e justa aposentadoria. Em 1970, é designada para a Santa Casa de Poços de Caldas, para dirigir uma enfermaria. Como se o respeito que granjeara alhures, como Mestra, já não a engrandecera de muito, descreve entre nós trajetória de raro brilhantismo. Não tendo recebido curso de enfermagem, superou todas as dificuldades que se lhe opuseram, pelo acentuado amor ao próximo, à ordem e à disciplina. Seu lema: “Tudo por amor de Cristo” engrandece a cada dia, sua vida entre nós. Sorriso aberto, transpirando bondade, vagueando por entre os leitos, distribuindo calor e conforto espiritual. Às vésperas do Natal, multiplicava-se em pedidos pelos menos favorecidos, para que nenhum deles ficasse sem um presente de Deus Menino. Não perdeu o sotaque nordestino, apesar dos anos em que viveu cá no Sul. Sua voz firme e musical fazia-se vibrar  pelos corredores, ora concitando seus subordinados à ordem, ora em tom de súplica:“Doutor, não se esqueça de meus internados”. Dotada de grandes recursos de oratória, expressava-se em vocábulos de impecável vernáculo, traduzindo neles, bem como em caligrafia firme (expressão lídima de seu caráter) não só os seus anseios, bem como os de toda a comunidade religiosa que representava. Para a Irmã Sylvia não houve o OCASO. Tão disposta a enfrentar novas lutas, partiu alegre e feliz para a casa de repouso de Marília-SP fez essa opção por si própria. Nos seus 90 anos de vida, a inconfundível Mestra do Amor, nos deixa uma sublime lição: Vida de renúncia em prol do próximo.

 

Quando saudades nos vierem assaltar, esperamos ouvir, pelos corredores da Santa Casa, o eco de sua voz: “ Meus filhos, seja tudo por Amor a Cristo”. Querida Ir. Sylvia, ainda estamos no mês de março e é sempre tempo de levar à senhora com os nossos Parabéns, votos de Feliz Aniversário!.”

 

Ir. Sylvia não passou por muitas casas; mas, aonde era enviada, permanecia por muito anos. De 1930 a 1937, Cafelândia-SP;Colégio Sagrado Coração de Jesus, cuidando do Internato; 1937 a 1951,São Paulo-SP-Colégio Sagrado Coração de Jesus, Mestra de Disciplina; 1951 a 1953, Bauru-SP, Colégio São José, Diretora do Internato; 1953 a 1969, Curitiba-PR, Colégio Sagrado Coração de Jesus, Diretora do Internato; 1969 a 1979, Aparecida-SP, Colégio Padroeira, Mestra de Disciplina; 1979 a 1997, Poços de Caldas-MG, Santa Casa de Misericórdia, trabalhou como enfermeira.

 

Dois momentos de sua vida apostólica foram marcantes: Durante 16 anos trabalhou como Diretora do Internato, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Curitiba. Para não perder essa riqueza, herdada pela passagem da Ir.Sylvia, no “Sagrado” de Curitiba, uma equipe, inclusive jornalistas, tenta resgatar sua história. Outro momento, foi sua atuação em Poços de Caldas-MG. Na homenagem que lhe foi prestada, por ocasião de seu aniversário natalício, podemos sentir um pouco do seu entusiasmo, da sua perspicácia, da vontade firme de ajudar os menos favorecidos, especialmente os doentes, pois era seu ambiente de trabalho.

 

Em 1997, foi para a Betânia, “o ninho” ao qual sempre sonhou e insistiu ser transferida, abrigou o sonho final dessa heróica Apóstola. Sentia-se feliz e , em tudo, dizia estar fazendo a vontade de Deus e, para Ele,  entregava toda a sua vida. Poucos dias antes do seu falecimento, teve uma forte indisposição e, quando voltou à consciência, disse a uma Irmã: “Eu ainda não morri, não é?”

 Fazia-nos rir até em momento de dor. No dia de sua sepultura, o povo que costumava freqüentar a capela da Betânia, nas missas e celebrações, demonstrava pesar pela sua perda.

Faleceu aos 96 anos de idade e 74 de vida religiosa. Foi sepultada no Cemitério Municipal de Marília.

Tinha um grande sonho a ser realizado: a abertura de uma nova missão no Ceará, sua terra natal, sonho que estava para se concretizar, no dia-a-dia, do ano de 2003, e que se tornou realidade, no dia 2 de abril de 2004.

Pequeno Histórico sobre a vida da Ir. Sylvia Vieira

Nasceu em Pedra Branca no Estado do Ceará. Tinha dez irmãos, sendo cinco homens e cinco mulheres dos quais quatro faleceram ainda pequenos.

Relata que era a caçula e seus mais velhos a “adoravam” e faziam todas as suas vontades. Estudou no grupo escolar da cidade, fez o ginásio interna no Colégio Imaculada Conceição da Congregação das Irmãs Vicentinas, em Fortaleza.

Quando uma de suas irmãs se casou, foi morar em São Paulo levando a Ir. Sylvia com ela para conhecer a casa e a cidade de São Paulo. Aí ficou oito meses com sua irmã. Desde pequena gostava de rezar e dizia que queria ser freira. Em S. Paulo participava da S. Missa na igreja da Imaculada Conceição à Av. Brigadeiro Luiz Antônio onde via as Irmãs Apóstolas que eram piedosas e seu testemunho a incentivou e disse: “È dessas Irmãs que eu quero ser”. Um dia quando terminou a S. Missa foi seguindo as Irmãs, para ver onde moravam e foi falar com a Madre Catarina e perguntar o que precisava para ser freira. Recebida toda orientação, passou um telegrama aos pais em Fortaleza, pedindo licença para entrar no convento e enviar os seus documentos. Eles vieram e queriam saber porque queria entrar no convento, pois era muito alegre, tinha todo o conforto, nada lhe faltava... perguntaram-lhe: “por que essa decisão?” Ela respondeu “Eu quero ser freira desde pequena. É o meu sonho entrar”.

Seus pais a acompanharam até o Colégio SCJ da V. Pompéia. Quando a Madre Mestra chegou para recebê-los, o seu pai disse-lhe: “Concordo com a entrada de minha filha, porém terminaram os meus dias de alegria”. A Ir. Sylvia disse que abraçou os pais e chorou intensamente e a Madre Mestra disse: “Deus será o seu consolo e sua felicidade”. Relata ainda que ao completar 15 anos recebeu uma cruz de brilhante e quando entrou, entregou à mãe e disse: “Esse é o meu presente mãe para a senhora”. A mãe chorou de alegria e de tristeza ao mesmo tempo. Essa cruz foi passando de mãe para filha e hoje está com uma sobrinha que mora na Alemanha. Disse que passou vinte e sete anos no Sul, sem visitar os pais.

São suas palavras: “Desde a minha entrada no convento até o presente momento, com 97 anos de idade, fui muito feliz, pois desde pequena desejava ser boa e santa. Esse ideal continua até hoje, um desejo imenso de ser santa e ir para o céu em companhia da SSma. Trindade, S. Antônio, S. Padre Pio, Nossa Senhora Aparecida (da qual alcancei uma graça especial) e S. José. Aos jovens que desejam e as jovens que querem ser religiosas, tenho facilidade de expandir os meus sentimentos religiosos provando o quanto sou feliz e quanto amo o Coração de Jesus e Maria SSma. Ao terminar o meu apostolado entrei na Betânia para adorar, agradecer, rezar e servir o Senhor no silêncio e desprendimento das criaturas”.

Observação: Dados colhidos pessoalmente em entrevista feita pela Ir. Celeste Yamamoto, no mês de julho de 2003, quinze dias antes de seu falecimento.   Ir. Claudimira Merino Miranda, Marília, 31 de julho de 2003.  

Caríssimas Irmãs! É com imensa tristeza, que soube do falecimento da querida Ir. Sylvia. Somos milhares de alunas, que devemos a ela a conduta que temos hoje. Com ela aprendi à ser mais tolerante, solidária, humana, valorizar a família, amigos, e muitas outras coisas. Aprendi também princípios éticos, religiosos e morais; e muitos outros valores, uma vez que, passava mais tempo com ela do que com meus próprios pais. Nenhuma outra irmã, marcará tanto em minha vida como a Ir. Sylvia. Quero externar toda minha gratidão a ela, que deve ter sido recebida de braços abertos por DEUS e NOSSA SENHORA APARECIDA, e dizer até breve, pois um dia nos encontraremos. Com muito carinho: Ana Maria Esser Miranda Vieira. 

Ir. Rose: Agradeço e aguardo. Já tenho algumas informações que estou me agilizando para resgatar a vida de Irmã Sílvia - grande exemplo de pessoa no Sagrado.  Irmã, aproveitando o momento, seria possível a senhora solicitar à Irmã Alice se o jornalista Luis Renato, da TV Exclusiva, e eu podemos fazer um artigo/pesquisa/ relato sobre a vida de Irmã Silvia na instituição das Apóstolas? Estaríamos entregando em dezembro o material. Pode ser? Se a senhora conseguir a autorização, solicitamos também à Madre Elvira. Pode ser? Grata. Vitória Denck.