IR. CESARIA COSTENARO
07/01/1911 + 07/08/2004Biografia
Quando Ir. Cesárea estava bem de saúde, uma Irmã a entrevistou e ela contou um pouco de sua história. Hoje, graças a essa iniciativa, podemos registrar a vida dessa nossa missionária que ainda jovem veio da Itália para o Brasil. A ela, como a outras missionárias, nossa gratidão. Caterina era natural de Marostica-Itália, uma cidadezinha próxima de Vicenza. Era a segunda filha de cinco irmãos, sendo quatro mulheres e um homem. Acompanhada pelo Pároco de sua cidade e motivada por uma amiga, que deveria entrar no convento, sentiu despertar o interesse pela vida religiosa, contudo, o tempo e o convívio familiar fez esquecer essa motivação.
Quando jovem foi convidada por uma família amiga a fazer uma viagem e, com grande alegria, recebeu a permissão dos pais. O entusiasmo pela viagem era grande e finalmente o esperado dia chegou. Quase na hora da partida, recebeu a triste notícia de que seu lugar havia sido dado a uma senhora. Por essa surpresa ela não esperava! Chorou muito, e de volta a sua casa, ao chegar próximo ao portão sentiu muito forte em seu coração: “non ci basta io? ” Tentou ler os sinais de Deus e vagarosamente foi percebendo que deveria fazer outro tipo de viagem.
Fez uma caminhada, rezando, questionando e enfim tomou uma decisão firme de seguir Jesus. Escreveu para as Irmãs Apóstolas, em Alessandria e logo recebeu a resposta positiva: havia sido aceita e marcaram o dia que deveria entrar no postulado. Preparou-se muito rápido e chegou o dia da partida. Despediu-se de todos. Qual não foi a sua tristeza! Sua mãe se trancar no quarto e se negava a ir vê-la partir. Sozinha, tomou o trem rumo a Milão. Era a primeira vez que enfrentava uma viagem longa, e sem saber direito o que encontraria. Sentia muito medo e para aliviar a tensão repetia em seu coração a frase: “Gèsu pensaci Tu” e Jesus não a abandonou. Quando chegou em Milão, o trem que deveria pegar acabara de partir e deveria esperar outro. Não sabia o que fazer. Surgiu um senhor que, percebendo sua insegurança, orientou-a como deveria fazer. Quando chegou o trem para Alessandria aquele senhor tomou o mesmo destino seu, mas ela não o encontrou dentro do trem. Percebendo que já estava ficando noite, a insegurança tomou conta ela novamente e começou a repetir: “Gesù pensaci Tu”. Chegando em Alessandria, não sabia nem mesmo que direção tomar e eis que o senhor aparece novamente. Ficou sabendo que era morador de Alessandria e se interessou em saber para onde a jovem iria, pois já era noite. Conhecendo o local onde as Irmãs moravam, pediu auxílio para duas senhoras que iriam justamente para aquela direção que aceitaram levar a jovem até o convento. Ela agradeceu muito ao senhor que nunca saiu da lista de suas orações, embora nunca mais o tivesse visto.
Chegando na casa das Irmãs, agradeceu as senhoras e tocou a campainha. A Irmã da portaria veio atendê-la toda irritada, dizendo que já era tarde. Ela tentou se explicar, mas não foi muito compreendida, mesmo assim foi convidada a entrar. Mais uma vez sentiu a necessidade de pedir o auxílio do Senhor e repetia a frase, pois tinha medo. A Madre foi chamada e veio ao seu encontro. Ela questionou querendo saber quem era. Caterina retirou rapidamente a carta de seu bolsa e a entregou para a Madre Mestra, que a acolheu e a conduziu até a Capela onde as Irmãs, Noviças e Postulantes rezavam o terço. Depois todas se dirigiram ao refeitório e ela foi apresentada como a nova postulante. Fez um ano de postulado e outro de noviciado. Lembrava sempre um fato que deixava preocupada. Antes de sua profissão, uma Irmã da Comunidade estava com tuberculose e várias outras ficaram contaminadas.
Na época as postulantes e noviças ficavam doentes eram enviadas para a casa da família, então pedia a Jesus para pensar nela com muito carinho. Dias antes de professar, ficou doente e a mestra começou a dizer-lhe que provavelmente deveria ir para casa. Rezou muito e pediu o auxílio constante do Senhor. O médico foi chamado três vezes para atendê-la, mas nenhuma pode comparecer. Com isto o tempo foi passando e ela acabou recuperando a saúde. Assim chegou o grande dia de sua Profissão. Agradeceu ao Senhor pelos benefícios recebidos.
O que não esperava era que seis meses depois de sua profissão seria convidada para partir em missão no Brasil. Aceitou com alegria confiante, pois Jesus já estava preparando seu caminho. Após definirem o dia da viagem, foi para a casa da família. No momento da despedida, mais uma vez, a sua mãe se esconde e se negou a despedir-se dela. A viagem de navio foi demorada. Quando chegou no Brasil sentia-se pedida. O início da vida no novo país foi muito difícil! A jovem missionária chorava muito, não tanto por causa das saudades, mas por causa dos costumes e do modo de vida tão diferentes. Falava que, mesmo com grande dificuldade, em nenhum momento pensou em desistir. Falava com muito carinho da Ir. Filomena, italiana que fazia algum tempo que estava no Brasil, que lhe ensinou como trabalhar na enfermagem e tinha grande paciência para explicar cada palavra em português. Depois de alguns anos de Brasil, já mais adaptada, recebeu uma carta que lhe comunicava o falecimento da mãe e logo, em seguida, notícia do falecimento do pai. Chorou muito, mas não pode ir a nenhum dos dois funerais, pois sempre recebia a notícia depois que já haviam morrido.
Dizia que era muito feliz em ter seguido a sua vocação e nunca se arrependeu de ter entregue tudo a Jesus. Costumava dizer que, nos momentos difíceis, sempre repetia a frase: “Gesù pensaci Tu”. Foi para a Betânia, Marilia-SP, no ano de 1992 para uma cirurgia de colo de fêmur e acabou ficando até a data de sua passagem para a eternidade. Dizia que oferecia todas as dores que sentia para o bem do Instituto. Encontramos um bilhete com os dizeres: “do princípio do meu noviciado, compreendi que deveria escolher a minha virtude predileta e foi o “nascondimento” (escondimento) e continuo com esta virtude, “mi” acho bem – estou “distacata” de tudo e de todos – não desejo nada – “sento” Jesus no meu coração, isto me basta – estou feliz. Jesus “dami” esta graça de continuar a viver assim junto de Ti. Maria santíssima abençoa-me, ajudai-me a meditar, contemplar o olhar de Jesus em tudo o que Ele olhava: natureza, crianças, etc. Jesus olha para mim. Sou toda vossa”.
No dia do seu falecimento, muitas pessoas deram o seu depoimento sobre a vida de Ir. Cesárea, eis alguns:
- Ir. Cesárea foi uma verdadeira missionária contemplativa;
- Foi sempre delicada, atenciosa e de grande respeito aos superiores.
- Tinha grande devoção ao Menino Jesus, falava com o Menino Jesus do presépio e dizia que Ele sorria para ela.
- Uma das funcionárias que cuidava dela, disse: “ A Ir. Cesárea foi sempre delicada, caridosa, de muita oração, silenciosa e calma.
- Sempre demonstrou paz espiritualmente, com coração agradecido, mesmo na dor, demonstrava gratidão. Tudo o que se podia ver nela era mesmo a Apóstola que Deus esperava que fosse.
- Mostrava-se sempre serena, em oração. Não me esqueço o dia que cheguei e ela estava chorando. Disse-lhe que não chorasse e ela me respondeu: “ Jesus também chorou”.
Dedicou boa parte de sua vida nos hospitais e era solícita na missão que lhe fora confiada
1932-Colégio Sagrado Coração de Jesus - São Paulo-Amoxarifado.
6/32-Bauru – Santa Casa - Enfermagem e Superiora.
1943-Hospital Matarazzo – São Paulo - Enfermagem
1944-Fazenda Amália –Ribeirão Preto/SP - Enfermagem
1964-Santa Casa de Misericórdia de Jaú-SP - Enfermagem..
1970-Santa Casa de Misericórdia de Mococa-SP - Superiora.
1973-Santa Casa de Casa Branca –SP - Enfermagem
1977-Lar dos Velhinhos Dr. Barreto –Mococa-SP - Superiora
1984-Asilo São Vicente de Paulo - S.J. Boa Vista - Assistência aos Velhinhos
1992-Betânia das Apóstolas –Marilia-SP - Apóstola adoradora
Depoimento
Ir. Alzira Carolino de Sá- Irmã Cesárea atuou no Hospital da Fazenda Amália, como Superiora onde teve a oportunidade de cuidar de trigêmeos. Nunca desejou ser superiora. Foi uma Irmã simples, queria bem a todos e a todos ajudava, pois, o hospital com apenas 37 leitos, permitia dispor de tempo para as pessoas. Posteriormente residindo na Betânia, em Marília sendo recepcionista atendia muito bem a quem chegasse. Irmã mito educada, caridosa e grata a todos que a serviam quando doente.
Natural da Itália, de uma cidadezinha próxima a Vicenza. Segunda filha de 5 irmãos, sendo 4 mulheres e um homem. Uma de suas irmãs não se casou porque fez opção de não se casar por causa de uma deficiência na perna. Acompanhada pelo pároco de sua cidade e motivada por uma amiga que deveria entrar no convento, desperta seu interesse pela vida religiosa, mas o tempo e o convívio familiar fizeram esquecer essa motivação.
Quando jovem, é convidada por uma família amiga a fazer uma viagem e com grande alegria recebe a permissão dos pais. Por essa surpresa ela não esperava! O entusiasmo da viagem era grande e finalmente o grande dia chegou. Quase na hora de sair recebe a triste notícia que o seu lugar havia sido dado a uma senhora e então não poderia ir mais. Chorou muito com a decepção e retornando para sua casa ao chegar no portão sentiu muito forte em seu coração: “non ci basta Io? ” Depois disso decidiu completamente entrar no convento e seguir Jesus. Escreveu para as Irmãs Apóstolas, em Alexandria e logo recebeu a resposta positiva que havia sido aceita e o dia que deveria entrar no postulado.
Preparou-se muito rápido e chegou o dia da partida. Despediu-se de todos sendo que, sua mãe se trancou no quarto e se negou em vê-la partir. Sozinha toma o trem para Milão, sendo a primeira vez que enfrentava uma viagem longa e sem saber direito o que encontraria. Sentia muito medo e para aliviar a tensão repete em seu coração a frase: “Gesù pensaci Tu” e Jesus não a abandonou. Quando chega em Milão, o trem que deveria pegar acabara de partir e deverá esperar outro, mas não sabe como agir. Assim surge um senhor que percebe sua insegurança e a orienta como deve fazer. Quando chegou o trem para Alexandria percebe que o senhor toma o mesmo destino seu, mas não o encontra dentro do trem. Percebendo que já estava ficando noite a insegurança toma conta novamente e começa a repetir: “Gesù pensaci Tu”. Chegando em Alexandria, não sabe nem mesmo que direção tomar e eis que o senhor aparece novamente. Fica sabendo que é morador de Alexandria e se interessa em saber para onde a jovem iria, pois já era noite. Conhecendo o local onde as irmãs moravam, pede auxilio a duas senhoras que iriam justamente para aquela direção e aceitam levar a jovem até o convento. Ela agradece muito ao senhor que até hoje reza por ele, mas nunca mais o viu.
Chegando na casa das irmãs, agradece às senhoras e toca a campainha. A irmã da portaria vem atendê-la toda irritada dizendo que já era tarde, ela tenta se explicar, mas não é muito compreendida, mesmo assim é convidada a entrar. Mais uma vez sente a necessidade de pedir o auxílio do Senhor e repete a frase, pois sentia medo. A madre é chamada e vem ao seu encontro. A questiona querendo saber quem é e mais rápido possível retira a carta de sua bolsa e a entrega para a Madre mestra, que aliviada a acolhe e a conduz até a capela onde irmãs, noviças e postulantes rezavam o terço. Depois todas se dirigem ao refeitório e ela é apresentada como a nova postulante.
Recorda-se pouco do seu período de formação. Fez um ano de postulado e outro de noviciado. Relata bem o fato que antes da sua profissão uma irmã da comunidade estava com tuberculose e várias acabaram sendo contaminadas. As postulantes e noviças que ficavam doentes eram enviadas para de volta para a casa da família. Esse era o seu maior medo, pois, não queria retornar para a casa da família e pedia a Jesus para pensar nela com muito carinho.
Dias antes de professar fica doente e a mestra começa a prepará-la que provavelmente deverá ir para casa. Reza muito e pede o auxílio constante do Senhor. O médico é chamado três vezes, mas em nenhuma pôde comparecer. Com isso o tempo foi passando e acabou recuperando sua saúde.
Assim chega o grande dia de sua profissão. Agradeceu ao Senhor pelos benefícios recebidos. O que não esperava era que seis meses depois de sua profissão seria convidada para partir em missão no Brasil. Aceita com alegria confiante de que Jesus já estava preparando seu caminho. Após definirem o dia da viagem, vai para a casa da família e no momento da despedida, mais uma vez sua mãe se esconde e nega despedir-se dela.
A viagem de navio foi demorada e quando chegou no Brasil sentia-se perdida. O início da vida no novo país foi muito difícil, chorava muito, não tanto por causa da saudade, mas sim por causa dos costumes e modo de vida tão diferente. Fala que mesmo com grande dificuldade em nenhum momento pensou em desistir.
Fala com muito carinho da Ir. Filomena, italiana que já fazia algum tempo que estava no Brasil, que a ensinou como trabalhar na enfermagem e tinha grande paciência para explicar cada palavra em português.
Após alguns anos que estava no Brasil, já mais adaptada, recebe uma carta que lhe comunicava o falecimento da mãe e logo em seguida outra notícia do falecimento do seu pai. Chorou muito, mas não pode ir a nenhum dos dois pois sempre recebia a notícia depois de que já haviam morrido.
É feliz por ter percorrido todo esse caminho e nunca se arrependeu de ter se entregado a Jesus e até hoje nos momentos de dificuldade sempre recorre a frase: “Gesù pensaci tu”.
Veio para a Betânia para uma cirurgia de colo do fêmur e acabou ficando. Hoje já se acostumou aqui e sente-se feliz por sua vida oferecendo suas dores pelo bem do Instituto.
Um Bilhetinho: “do principio do meu noviciado, compreendi que deveria escolher a minha virtude predileta e foi a vida escondida e continuo com esta virtude, “mi” acho bem, estou “distacata” de tudo e de todos – não desejo nada – “sento” Jesus no meu coração, isto me basta – estou feliz. Jesus “dami” esta graça de continuar a viver assim junto de Ti. Maria Santíssima abençoa-me, ajudai-me meditar contemplar o olhar de Jesus em tudo o que Ele olhava: natureza, crianças, etc etc. Jesus olha para mim. Sou toda vossa. ”
Testemunhos: Resumo
- “Ir. Cesária foi uma verdadeira missionária contemplativa. ”
- “Foi sempre delicada, atenciosa e de grande respeito aos Superioras.”
- Tinha grande devoção ao Menino Jesus, falava com o menino Jesus do presépio e dizia que Ele sorria para ela.
- Uma das funcionárias que cuida delas disse-me hoje: Ir. Cesária foi sempre delicada, caridosa, de muita oração, silenciosa, calma...”
“Sempre demonstrou paz espiritualmente, um coração agradecido, mesmo na dor demonstrava gratidão. Tudo que se podia ver nela era mesmo a Apóstola que Deus esperava que ela fosse. (E afirmou: ...que Deus espera também de todas Irmãs.)
Mostrava para a gente, sempre serena, em oração. Não me esqueço o dia que cheguei e ela estava chorando. Disse-lhe que não chorasse e ela me respondeu: “Jesus também chorou. ”
Foram tantos que precisaria pedia para quem falou, escrever.