IR. ORLANDA ROSALINO
25/05/1918 + 14/10/2005Biografia
Itinerário:
01/01/1939 - Santa Casa de Misericórdia – Marília - Cozinha
01/01/1940 – Santa Casa de Misericórdia – Poços de Caldas – Cozinha
01/01/1950 – Santa Casa de Misericórdia – Ribeirão Preto – Cozinha
01/01/1964 – Hospital Matarazzo – São Paulo – Cozinha
01/01/1973 – Hospital Matarazzo – São Paulo- Estudante
01/01/1974 – Hospital Matarazzo – São Paulo – Enfermagem – Clínica Geral
01/01/1975 – Santa Casa de Misericórdia – Mococa - Pediatria e Enfermagem de Mulheres
06/01/2001 – 14/10/2005 - Betânia das Apóstolas – Marília – Apóstola Orante
No início de sua vida religiosa Irmã Orlanda Rozalino trabalhou na cozinha de algumas Santas Casas. Em 1973 cursou o madureza ginasial e Auxiliar de Enfermagem, passando a trabalhar direto com os doentes. “Especializou-se” em pediatria e coordenava todo o serviço com eficiência e dedicação. Sempre foi muito querida pela equipe médica, funcionários e pacientes devido a bondade, amor e carinho com que tratava a todos, especialmente, as crianças.
Em 2001, foi para a Betânia tornando-se Apóstola adoradora. Sempre foi uma Irmã de muita oração e observante de seus deveres religiosos. Teve sempre uma consciência muito delicada. Na Betânia pediu para ter um diretor espiritual para acompanhá-la em sua vida de oração. Duas semanas antes de morrer, falou bem claro para a funcionária que lhe dava os cuidados: “Jesus vem me buscar”. Contestada por ela repetiu: “É sim. Jesus vem me buscar”. Depois disto não falou mais e seu estado de saúde foi se agravando até o falecimento. Em uma das suas anotações escreveu uma linda frase: “ O caminho mais seguro é o caminho da Fé”. No dia da sua entrada na Betânia escreveu o seguinte agradecimento, o qual transcrevo literalmente:
“Betânia, 6 de janeiro de 2001
Eterna ação de graças a Deus por tudo que realizou na minha vida.
Louvor a Maria que se fez modelo e mãe conduzindo meus passos.
Agradecimentos ao Instituto que me acolheu, aos Superiores e toda família religiosa pelos incentivos e apoio durante toda esta caminhada”.
E nós, suas Irmãs de ideal a acompanhamos com nossas orações implorando ao Divino Coração de Jesus que a acolha junto a Si para dar-lhe a merecida recompensa de sua vida toda doada a Ele e aos irmãos. Temos a certeza de que, na glória, junto a Madre Clélia e a todas as Apóstolas que a precederam, rogará por nós para que possamos também cumprir fielmente nossa missão. (Pronunciamento de 14 de outubro de 2005).
Ir Maria de Lourdes Pontoglio - Durante o ano de 2004 permaneci na Betânia parra tratamento de saúde. Todos os dias visitava as Irmãs acamadas e gostava de brincar com Irmã Orlanda, que sempre fazia os visitantes se alegrarem com suas estórias e seu jeito peculiar. Em seus lances de lucidez, lembra-se de meu pai, especialmente de minha mãe, que conheceu quando trabalhou na Santa Casa, em Ribeirão Preto. Certo dia, disse-me: você é filha da Dona Elvira. Em seu quarto sempre tinha alguém a visitando, pois era agradável sentir seu bom humor, apesar da doença.
Ir. Orlanda Razalino nasceu na fazenda Fortaleza, município de Mocóca. São nove irmãos ao todo. Vivos só ela e um irmão solteiro. Faleceram 3 pequenos, e dois adultos. Ir. Orlanda é a segunda dos irmãos. Depois mudaram-se para Bazão da mesma proprietária da Fazenda Fortaleza. Nunca teve relacionamento com as irmãs que trabalhavam no asilo e Santa Casa. Iam a Missa e voltavam para a Fazenda. Irmã M. Assunta era superiora e ficou um tempo com elas pois desejava ser religiosa. Em 1937 entrou no postulantado na Rua Abílio Soares SP, ficou 8 meses, recebeu o hábito religioso, fez um ano de noviciado, em Marília Santa Casa, em 1940 fez a primeira profissão. Professa foi para Poços de Caldas trabalhava na cozinha, depois em Ribeirão Preto continuou na cozinha, Hosp. Matarazzo 11 anos. Antes de sair do Hosp. Matarazzo fez o Cursa de Auxiliar de enfermagem com duração de 2 anos (e curso de supletivo ao mesmo tempo), terminando o curso foi transferida para Mococa na Pediatria 25.
Anos, onde sofreu e melhorou e veio para a Betânia para se restabelecer. O ideal foi sempre – “nada pedir, nada recusar”. Devido seu estado meio apático não se lembra de muitas coisas, ela disse que deveria escrever as coisas na medida que vão acontecendo pois nessa idade é difícil guardar as coisas na memória. Veio para Betânia com tristeza e continua ainda com tristeza, mas com idade avançada não se consegue ir em outro lugar.
As funcionárias que trabalham aquí são boas. E continua triste.! (Ir. Orlanda Rozalino). Eu a conheci no Hospital Matarazzo quando fui transferida de campinas para S. Paulo. Ao vê-la achei que era muito seria, e pensei; acho que não vou conseguir falar com ela, ter uma conversa, fazer amizade. Mas com o correr dos dias, semanas, meses vi que era totalmente diferente da impressão que tive. Ela trabalhava na cozinha do Hospital Matarazzo que era enorme, abafado, quente ficava abaixo da lavanderia. Eu a vi trabalhando com alegria nesse ambiente e fui falar com ela. Como aguenta tudo isso? Está transpirando, um calor horrível, ela disse já acostumei com esse calor, essas fumaças que saem dos panelões imbutidos pois cozinhavam para os pacientes que chegava mais de 1000 por dia, pois tinha pediatria de três andares; maternidade de três andares ;maternidades de três andares , o terrio era do S.U.S e estava sempre cheio ; funcionários que tomavam refeição e também alguns médicos .
Ela fazia sacrifício muito grande com alegria e humildade, não tinha o primário completo, mas lia bem escrevia. Bem e partilhava nas reuniões onde Irmã Claudimira lia um texto do Evangelho e depois de meditar perguntava se alguém queria falar o que meditou. Ela sempre partilhava bem.
Sei que Dr. Gembrini pediu a Irmã Claudimira que não queria mais Irmãs na cozinha, almoxarifado, secretaria etesouraria. Só queria nas alas onde tenham doentes (trabalhar na enfermagem).
Coitada da Ir. Orlanda já de idade, acho que tenha mais de 40 anos e falei com ela, Ir. Orlanda porque a senhora não faz auxiliar de enfermagem. Nós trabalhamos em tantos hospitais e pode ser que a senhora trabalhe o resto de sua vida fazendo bem aos doentes, sei que a senhora pode fazer isso, ela pensou disse: eu não tenho e o ginásio. Eu disse o Dr. Gembrini quer que a Escola de auxiliar de Enfermagem faça um jeito de oferecer 1º e 2 º serie + as matérias de enfermagem e eu estava montando um currículo para levar na Secretaria da Educação se poderia fazer isso, das 7:00 horas ate 11 horas enfermagem teórica + estágios dos alunos nas alas e de 12:00 horas à 14:30 horas aulas de ensino com todas as matérias! Matemáticas; geografias, ensino religioso, historia, educação física (que foi dispensada pois quase todos os alunos já tinham mais de 30 anos) ciências.
Foi aprovada e fizemos exame de seleção por ter muitos candidatos funcionários que trabalhavam no Hospital Matarazzo, fiz o curso de manhã para os que trabalhavam após 15 horas e a tarde as que trabalhavam de manhã. Assim a ir. Orlanda ficou feliz, estudou português fazendo redação todos os dias e eu corrigia, ela fazia bem a redação, matemáticas aprendeu com uma das irmãs não me lembro bem . Eram só essas duas matérias eliminatórias. Ela estou e conseguiu passar.
Iniciou o curso com muita boa vontade só que foi um pouco perturbada, pois a mãe dela que morava com os seus três irmãos solteiros trabalhavam e ela ficava fazendo todos os trabalhos de casa. Ela começou a perder a memória e um certo dia foi fazer comprar e não voltou. Morava no Bairro da Penha. Os irmãos quando chegaram não a viram e ficaram alarmados e cada um foi por um lado procurando nos hospitais, nos velórios, mas nada, colocaram anucios na rádio, mas ficou durante uma semana nessa busca. Um dia telefonaram na casa dela e sorte que um dos irmãos tinha chegado do trabalho e já estava de saída para andar e ver se encontrava a mãe, o irmão atendeu o telefone e disse que ela (mãe) estava na casa dela, porque ela não sabia falar nada a seu respeito, ele pediu o endereço pegou táxi e foi ao local. Encontrou a mãe ficou feliz e abraçou –a, mas ela não parecia que estava reconhecendo o filho. Ai a mulher disse que um dia a tarde ela apareceu, a porta estava aberta, entrou e disse: ate que enfim achei a minha casa, estou cansada de tanto andar, estava completamente fora da casa dela, ela deve ter andado muito, ela morava na Penha e foi para o lado oposto. Quando chegou em casa os outros dois irmãos já estavam esperando, pois, o irmão ligou que achou a mãe. Fizeram festa, daí quatro dias ela foi reconhecendo, voltando ao normal.
Após tudo isso, a Irmã Orlanda ficou apreensiva com a mãe e quando terminou o curso e a Irmã Claudimira apresentou ao superintendente dizendo que ela se formou em auxiliar de enfermagem e que ficaria numa das alas do hospital para cuidar dos doentes.
Ele respondeu bruscamente que ela é cozinheira para sempre para ele e que não queria vê-la trabalhando com os doentes e pediu que se saísse de lá em outro hospital ela iria trabalhar como auxiliar de enfermagem. Com esta situação foi comunicada a provincial que resolveu o problema da mãe também, a mãe iria morar com a filha que residia numa cidade perto de Mococa, e a Irmã Orlanda será transferida para Santa Casa de Mococa, trabalhando na pediatria. Conforme as informações ela se deu bem em pediatria, amava as crianças e trabalhava bem e pegando bem as veias das crianças.
Chegou em Betânia após ter sofrido A.V.C. e a mão direita e a perna D. ficou um pouco afetada, com fisioterapia na Betânia, ela recuperou e fazia crochê, rezava o terço com as Irmãs acamadas e muita oração na capela. Era humilde, respeitosa, fazia brincadeiras, e sempre alegre. Não sei quanto tempo ela ficou na Betânia na crônica deve ter o dia, o mês e o ano da chegada e o falecimento dela.