Enfermeira zelosa, de caridade edificante e rara para com os membros sofredores de Cristo. Na sua breve carreira fez um longo caminho, impelida pelo lema: “Charitas Christi urget nos” (2 Cor 5,14). Num de seus escritos, dizia: “...Sinto imenso desejo de me unir cada vez mais a Jesus...”

Terminou, aos 36 anos, sua peregrinação terrena, depois de dois meses e doze dias de dores fortíssimas que a atormentavam dia e noite. Somente dois meses antes de sua morte deixou de assistir aos doentes. Tomada por um câncer no peito, sofreu com admirável resignação, tudo oferecendo pelo crescimento do Instituto. Morreu no Hospital Humberto I, no dia 17 de setembro de 1939, em perfeita conformidade com a vontade Divina, entre os braços da Madre Provincial e das Irmãs da Comunidade, que lamentavam sua partida.

Depoimentos

Ir. Leonia Cavassim - Ir. Lucia foi uma mártir. Aceitou carregar a sua cruz seguindo os passos do Divino Mestre e o conselho de Madre Clélia: “ Quem não é mártir não é verdadeira religiosa” diz Madre Clélia, sofreu o martírio, não de sangue, mas na dor. Sofreu muito com o câncer na espinha dorsal. Era notável sua imolação: durante o dia, oferecia seus sofrimentos pela conversão dos pecadores e a noite, pelas vocações.

No hospital, no mesmo quarto, havia uma mulher com a mesma doença que gritava de dor dia e noite. Ir. Lúcia suportava a dor e repetia continuamente: Tudo por Vós Jesus!

Ir. Ângela Sbrissia – A distância de espaço e de tempo não é pequena, porém escrevo o que ainda me lembro. Do que sei, Ir. Lúcia sentiu a vocação religiosa bem cedo, contrastada fortemente pelo seu pai. Contava-se que ele a obrigara a se casar, indicando-lhe como noivo, por feliz coincidência, o sobrinho de Ir. Imaculada Gulin. Através dele, certamente, foi-lhe aberto o caminho para a vida religiosa, pois é fácil compreender os assuntos de conversa. De posse do endereço do Colégio Sagrado Coração de Jesus, diz aos pais que vai a Curitiba comprar o enxoval, deixando ao pai um bilhete notificando-lhe sua decisão. O pai não cogitou muito tempo. Seguiu imediatamente para Curitiba, mas ao tomar o “bonde” caiu e quebrou uma das pernas. Socorrido, foi internado no Hospital [...] Lembro-me, perfeitamente que indo visitá-lo no Hospital com minha mãe (eu deveria ter 6 a 7 anos), ao entrarmos no quarto, dirigiu-se à minha mãe e disse com voz solene: “Verônica, Verônica, se esta menina um dia quiser ser religiosa deixe-a ir...” Talvez remorso? Penso que aí nasceu minha vocação religiosa... Lembro-me que Ir. Lúcia trabalhou na Santa Casa, em Bauru, no Colégio Sagrado Coração de Jesus em Curitiba, no Hospital Matarazzo. Naquele tempo os encontros mesmo entre as Irmãs eram raros, como também entre os irmãos da mesma família. Devo ainda dizer que Ir. Lúcia não esteve presente em minha tomada de Hábito. Ir. Arminda e eu, assim também em nossa Primeira Profissão e Votos Perpétuos. Lembro-me também que Ir. Lucia sofreu e muito nos últimos dias oferecendo suas dores à família e à Congregação.