IR. MICHELINA DORO
01/12/1879 + 07/11/1951Biografia
Religiosa exemplar encontrou na oração sua alegria e seu conforto. Designada para cargos de responsabilidade exerceu-os sempre com coração humilde e simples. Exemplar na observância regular. Avizinhando-se sua morte, consciente de ter sempre vivido na plena adesão à vontade de Deus, acolheu-a com serenidade, feliz por ir ao encontro do Esposo que tanto amara e pelo qual tanto se sacrificara.
Conta uma coirmã que com ela conviveu: “Ir. Michelina era uma religiosa santa e só pensava em Deus. Levantava às 4 horas da manhã e enrolava a meia com a muleta e calçava-a para e não perdia a oração comunitária. Sempre alegre e serena no sofrimento. Costurava para as Irmãs. Chegou o tempo que tinha dificuldade para enxergar e não conseguia colocar a linha na agulha da máquina; queria continuar sendo útil às Irmãs, costurando e consertando suas roupas, então, recorria à Nossa Senhora dizendo: “Enfia a agulha para mim” e rezava uma Ave Maria e a linha entrava. A sua paixão era os pecadores. Tudo o que fazia era para a conversão desses seus irmãos. Antes de morrer viu o demônio em forma de cachorro que a tentava para perder a paciência, ela dizia: “Non lê lardo vinta”. (Irmã Ângela que estava presente testemunhou o fato). Depois de sua resistência o cachorro saiu pela janela. Tinha muita devoção a S. Miguel Arcanjo que a ajudou a vencer a tentação. Assim morreu santamente.
Ir. Miquelina como as demais, sofreram muito os combates dos inimigos da religião, mas venceram os obstáculos e prosseguiram sua nobre missão educativa.
Desempenhou o cargo de Superiora da Comunidade, quando Ir. Assunta Bellini retornou a Itália. Ela teve oportunidade de receber uma vocacionada, a jovem Maria Orsi.
Recebia em casa as pessoas das mais diversas condições, necessitadas de um conforto, conselho ou ajuda. Ir. Miquelina recebeu importante incumbência de substituir Ir. Josefina na visita a Cresciuma/SC em solicitação do Pároco que pedia Religiosas em sua Paróquia, pois ela estava assoberbada de trabalho em Urussanga e não estava muito bem de saúde. Ela desempenhou a contento tudo o que lhe fora confiado, inclusive assumir o trabalho para o qual, sem ter muita experiência: ensinar as educandas a costura; para essa atividade organizou uma oficina de costura na minúscula casa que mal atendia as necessidades da Comunidade. Em 1920, as Irmãs de Urussanga receberam novamente visita da Madre Geral que retornou com a Irmã Miquelina que realmente sofreu para deixar o local, após 16 anos de operosa missão.
Quanta virtude Ir. Miquelina exercitou e conquistou em Urussanga! Quantas renúncias e dificuldades encontrou especialmente no início da missão, quando ainda não tinha a casa fixa para morar! E ao sair, certamente sofreu ao deixar o que conseguiu com inauditos sacrifícios em favor do povo e dos educandos!
Ir. Miquelina teve a oportunidade de recordar a sua primeira missão quando acompanhou Madre Melânia, sua Superiora Provincial, em visita a missão de Urussanga em 1922. Transferida para São Paulo, assumiu a função de Mestra de Noviças em 5 de maio de 1926, na Vila Mariana, até 1932. Era sua predecessora Ir. Melânia Galli. Para Vice-Mestra foi nomeada Ir. Henriqueta Oddone. Em 1933 foi transferida para o Colégio, em Marília, como Vice-Superiora. Depois foi para Curitiba onde permaneceu até 1926.
Após uma vida de edificante observância, faleceu na Betânia, em Cafelândia, com 72 anos de idade e 49 de vida religiosa.
Depoimentos
Ir. Olívia Santarosa – Morei com ela em Marília. Como tinha um defeito na perna andava de muleta e ficava na costura o dia todo. Ótima costureira, muito habilidosa, simples, humilde, caridosa e zelosa. Amava sua missão: no Brasil e na obscuridade, ia tecendo sua vida para a glória do Coração de Jesus no serviço às Irmãs.
Ir. Leônia Cavassin – Ir. Miquelina Doro era uma Irmã inspirada pelo Espírito Santo. Até Bispos procuravam seus conselhos porque a consideravam uma santa. Sua humildade era visível, porque Deus exalta os humildes. Fazia tudo pela conversão dos pecadores. Por eles, sofria calada e aguentava as pequenas contrariedades. Dedicava-se, ainda, a encadernação manual e a consertar livros velhos e era de admirar com que amor e perfeição fazia o reparo. Irmã Ângela que a assistira na hora da morte, conta que ela, lutava contra o tentador em forma de cachorro, que a tentava para perder a paciência e dizia “não me darei por vencida”. Depois da sua resistência, o cachorro saiu pela janela, graças a São Miguel, a quem dedicava uma grande devoção. A primeira missão de Ir. Miquelina no Brasil, foi em Urussanga/SC. Deixou a Casa Geral em Piacenza em 27 de março de 1904. Recebeu a missão de Superiora, através de Ir. Assunta Bellini.
Pe. Luiz Marzano desejava Religiosas em sua Paróquia. Foi a Itália, esteve na Sede da Casa Geral, em Piacenza, e, após entendimentos, quatro Apóstolas foram enviadas e uma delas foi Ir. Miquelina Doro. Há poucos dias da chegada, a Escola Municipal passou aos cuidados das Irmãs. Ela dirigiu a escola de trabalhos manuais e com suas mãos encantava a todos, ensinando as alunas diversas artes manuais.