Ir. Elide Parzianello

Ir. Elide Parzianello

17/12/1897 – † 26/02/1979 -------------------------

Biografia

Madre Elide foi uma religiosa que deixou marcas. Seu coração e seus ouvidos foram sempre atentos aos apelos do Senhor, em todas as circunstâncias de sua preciosa existência.

Oriunda de família profundamente religiosa, onde reinava o espírito de oração e trabalho, dos oito filhos do casal, cinco homens e três mulheres, o Senhor escolheu duas para seu serviço, ambas Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus: Ir. Ludovica, falecida ainda jovem, em 10/10/24, e a nossa Madre Elide.

O terror da grande guerra mundial assolava o mundo. A visão da destruição de tudo e da morte, fez nascer em Caterina o desejo de aliviar o sofrimento, de SERVIR. Rezou muito, fez um grande discernimento para a escolha da Congregação e optou pelo Instituto das Apóstolas, iniciando seu período de formação, em Solero. Terminada essa etapa, emitiu os primeiros votos e, dois dias depois, ainda vivendo a alegria de sua entrega ao Senhor, na idade de 23 anos, aceitou mais um convite: partir como missionária para o Brasil, grande sacrifício, feito com amor e generosidade.

No Brasil, seu primeiro campo de trabalho foi o Hospital Matarazzo, iniciando suas atividades como enfermeira licenciada pela Cruz Vermelha. Inteligente, jovem, bonita, fina no trato, acolhia bem a todos. Mesmo sem conhecer a língua, venceu as dificuldades de adaptação. Alguns anos depois foi transferida para Araraquara/SP. Aí, sua presença foi para todo o povo uma bênção que perdurou por dezessete anos. Após atuar por algum tempo como enfermeira, foi nomeada Superiora da comunidade e, no exercício deste cargo, começou a revelar suas qualidades, até então desconhecidas, mostrando ter coração de mãe, extremamente afetuosa e acolhedora. Doentes, médicos, irmãs, funcionários, tinham-na em grande consideração e nela depositavam plena confiança. Era uma pessoa que exalava o bom odor de Cristo. Terminando seu mandato, foi designada para a comunidade da Santa Casa de Lins-SP. Sua saída de Araraquara foi um drama, reclamações, pedidos. Em Lins, ficou até 1947, prestando os mesmos serviços, ampliando amizades, edificando por seu zelo e merecendo a estima de todos. Queriam até elegê-la Prefeita da cidade; ao saber disso, ela simplesmente sorria.

Em 1947, foi eleita Superiora Provincial e passou a ser chamada com o título de Madre. Passado o susto da eleição, entregou-se nas mãos de Deus, rezou e pediu orações para que o Espírito Santo a iluminasse nas decisões a serem tomadas, e começou a agir, visitando as comunidades.  Desejava exercer o cargo como mãe, com amor e firmeza, sem preconceitos. Mantinha-se sempre senhora de si, mesmo diante das grandes dificuldades, demonstrando confiança inabalável na Divina Providência, traduzindo em sua vida, o testamento da Fundadora: “A tudo estou disposta, para que um dia veja triunfar o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus e veja minhas filhas desempenharem com retidão, coragem e energia a sublime missão a que foram chamadas”(Madre Clélia).

Muitas Irmãs, que conviveram com Madre Elide contam coisas maravilhosas de seu tempo de Superiora e de Provincial. Podemos conferir depoimentos contidos no Livro “A Apóstola Arquiteta do Amor”, da Coleção Coração multiplicado”, EDUSC, 2001. Apontam-na como uma pessoa extraordinariamente humana e repleta do espírito de Deus. Soube organizar a Província com firmeza, intuindo os planos de Deus para ser-lhe sempre fiel. Por isso, foi bem sucedida. Repreendia sem ferir. Sabia ouvir, aconselhar e confortar. Sua prudência fê-la merecedora de confiança. Amava o Instituto como quem ama a própria vida; preocupava-se pela formação espiritual e intelectual das Irmãs, para que pudessem servir melhor à Igreja e ao próprio Instituto. “Chorai com quem chora e alegrai-vos com que está alegre”, assim foi sua vida: enxugava as lágrimas, semeando esperança; nos sucessos da missão, elevava seu hino de louvor. Era uma pessoa firme em suas convicções e decisões e, por isso, nem sempre agradou a todas. Costumava dizer: “Prefiro errar pensando bem, do que acertar julgando mal”.

Dedicava respeito especial aos sacerdotes e bispos, procurando ajudá-los espiritualmente e, se necessário, materialmente; rezava pelos desanimados e pouco amantes do seu ministério e também pelas vocações. Gostava de construir e, colocando os talentos com que o Senhor a dotou, planejou e orientou a construção das Capelas da Santa Casa de Araraquara, Lins, o Colégio Sagrado Coração de Jesus de Marília, com sua majestosa Capela, e a Betânia de Marília. Nas dificuldades financeiras, além de consultar pessoas idôneas, resolvi-as na oração, de joelhos e mãos postas. Numa palavra: era mulher de oração e, como não podia deixar de ser, sua vida nem sempre foi um canteiro de rosas; até podia ser, mas, como as rosas sempre têm seus espinhos, ela precisou passar pelo sofrimento, dificuldades sem conta, incompreensões, enfim, por situações dolorosas; porém, seu amor era maior e assim, venceu.

Deixando o cargo de Provincial, assumiu o de Superiora do Instituto de Educação Sagrado Coração de Jesus, de Marília, onde continuou demonstrando seu talento administrativo em todos os sentidos: material, espiritual e missionário. Celebrou “Jubileu de Ouro” de vida religiosa, com grande participação de público, autoridades religiosas e civis, recebendo, também, inúmeras mensagens por correspondência.

Terminado seu tempo de Superiora, permaneceu ainda no Colégio; e, nesse período, dirigia a construção da Betânia, transferindo-se para lá, depois de pronta, auxiliando na administração da casa e ajudando as Irmãs em alguns trabalhos, mas, sobretudo, dando testemunho de religiosa, humilde, fiel, enamorada de Deus até que, aos 82 anos de idade e 59 de vida religiosa, partiu para a casa do Senhor.

A Prefeitura Municipal de Marília homenageou-a, dando seu nome a uma da Rua da cidade, no Bairro São Francisco. A Câmara Municipal também consignou seu voto de pesar, em Ata da Assembleia. O Coração de Jesus lhe dê o descanso que bem merece.