Ir. Adelaide morreu como viveu: serena, segura, participando da alegria de suas coirmãs, na festa do Jubileu que acontecera no dia anterior. Conversava sobre seus planos futuros e partilhava a alegria de ter chegado ao ano 2000. Conversou com uma Noviça, que morou com ela, prometendo estar presente à festa da primeira profissão dizendo: “...vou adiantar tudo durante a semana e, no dia 23, estarei em Pinhal”.

Morreu como desejou: no campo de batalha. Trabalhou até o último minuto, na paz, no amor e na fidelidade ao Instituto e, sobretudo, na doação total ao Coração de Jesus.

Sua irmã gêmea, que mora na Itália, também Apóstola, acolheu a notícia com muita fé, pois tinha certeza do bom combate que sua irmã havia travado, na terra que a acolheu como missionária - o Brasil.

Na coroa que circundava seu caixão, muitos dizeres de afeto, gratidão e dor retratavam o imenso universo de atuação, de relacionamento, sobretudo na área da educação.

Transcrevemos um deles: “À Ir. Adelaide, símbolo do zelo pelo ensino, símbolo do direito livre de aprender e ensinar. Voz ativa e sempre presente nas grandes lutas. Pela Educação, as homenagens dos inspirados por ela – Família Abib Salomão”.

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo também se manifestou, pois, sua presença sempre foi motivo de respeito e equilíbrio nas decisões das Assembleias. Citamos essas instituições para reforçar que a sua atuação, no campo da Administração Educacional, foi forte, porém, em todas as áreas da missão, mostrava-se preocupada e, percebendo as preocupações das Superioras, dava-lhes incentivo de esperança, com tom de experiência e confiança – “...vai dar certo!”  era a frase que repetia com segurança.

Um artigo, com o título “Emprestem a Ir. Adelaide”, publicado no dia 10/03/91, no “Jornal da Cidade”, de Bauru, resume a qualidade do seu trabalho, na área da administração. Assim diz: “... Em contato com o Colégio São José e com a FAFIL, hoje, USC, tenho visto sempre Ir. Adelaide como ministra da economia da Mantenedora, que é o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Isso desde os anos sessenta. E de lá para cá, em que pesem cortes de zeros nas moedas (1967), desde o começo e depois os outros, planos e mais planos financeiros, recessão, confisco de bens e todas as calamidades financeiras que tem afetado a nação brasileira, ao longo desses anos, aquela Mantenedora, cuidada pela Ir. Adelaide, tem se mantido incólume. E, mais que isso, apesar de tudo, tem progredido sempre. Eu vi a construção de todo o complexo onde hoje se situa a Universidade; eu vi as sucessivas reformas e ampliações não só do complexo da Rua Ir. Arminda, como também do edifício central que abriga o Colégio São José, melhorando e diversificando sempre. Será que não seria bom a gente sugerir ao Presidente que pedisse Ir. Adelaide emprestada para consertar as finanças do Brasil? É, mas numa reflexão mais profunda chego à conclusão de que o sucesso da Ir. Adelaide também se deve ao fato de que ela toma conta das finanças de gente honesta... e não tem de sustentar parasitas e marajás... (Prof. Dra. Isolina Bresolin Vianna). ”

Ir. Adelaide, formada em Ciências Econômicas pela PUC de São Paulo, quando tinha 60 anos, atuou nessa área antes e depois de formada.

Iniciou suas atividades em 1935, como professora do Jardim da Infância, em Avezzano – Itália, continuando depois com a mesma função, em Casalnuovo di Napoli.

Em 1937, veio para o Brasil, estabelecendo-se no Estado de  São Paulo, auxiliando em serviços diversos; de 1938 a 1942, na rouparia e internato do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Cafelândia;  de 1942 a 1951, foi responsável pelo Caixa da Santa Casa de Misericórdia, em Araraquara;  de 1951 a 1974, contabilidade, tesouraria e departamento pessoal do Colégio São José, em Bauru;  1974 a 1975, estudante na PUC-SP, em São Paulo, na Casa Provincial (Vila Pompéia), trabalhando no Colégio Sagrado Coração de Jesus, anexo à Casa Provincial (Vila Pompéia); de 19775 a 1981, ainda como estudante foi Ecônoma Provincial; de 1981 a 1990, Ecônoma Provincial e Conselheira; 1990 a 1992, Ecônoma Provincial e responsável pelo Departamento Administrativo do Colégio Sagrado Coração de Jesus (Vila Pompéia); 1993 a 1994, Tesouraria, Contabilidade e Departamento Pessoal no Colégio Sagrado Coração de Jesus (Vila Pompéia); 1995, na mesma função, em Pinhal; 1996 a janeiro/2000, ainda na mesma função no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Marília.

Diziam as Irmãs da área administrativa: “Ir. Adelaide será nossa protetora e protetora das causas difíceis”. Ir. Adelaide faleceu aos 82 anos de idade e 63 de vida religiosa.

Depoimentos

Ir. Saula Hirata - O que mais notava na Ir. Adelaide era seu amor pelo Instituto e as lutas pela sua expansão. Já com idade avançada, teve a coragem de enfrentar o Curso Superior de Contabilidade para poder servir melhor à Congregação. Sua experiência de longos anos de prática no assunto, muito contribuiu para que o concluísse com sucesso. Quando, estando eu na missão de Bragança do Pará, necessitava de alguma coisa, estava ela sempre pronta a atender e nunca demonstrava atitudes contrárias. Ajudava com amor e desprendimento, mesmo que lhe custasse.”

Ir. Jucélia Melo - Morei com Ir. Adelaide no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Marília. Ela era Ecônoma Provincial e Coordenadora Administrativa. Possuía dons administrativos especiais; era inteligente, aberta às necessidades e às mudanças; corajosa, bondosa, alegre, generosa, com muita garra, amor ao trabalho e dedicação total; sabia ensinar e tinha interesse em sempre aprender. Caráter forte, leal e destemido. Amor à vida, ao trabalho, ao Instituto, à sua família de sangue e aos seus colaboradores. Nunca reclamava pelo cansaço ou preocupação; tudo o que lhe propunham aceitava e confiava no Coração de Jesus. Dizia sempre: “Quero morrer trabalhando...”   E assim aconteceu. Dizia também que a vida era simples; para que complicá-la? Sua confiança no Coração de Jesus era ilimitada, especialmente nos momentos de grandes decisões”.

Ir. Brígida Campos Cunha - A atuação de Ir. Adelaide, no campo da Administração Educacional, foi grande. Sua presença, sempre motivo de respeito e equilíbrio, nas Assembléias promovidas pelo Sindicato. Percebendo as preocupações das Irmãs, na missão educacional, tinha, para com todas, incentivo de esperança, confiança e fé. Deixou, para todas nós, o testemunho profundo de caridade e fraternidade. Sua misericórdia e bondade com os pobres falou muito forte. Benignidade e mansidão fizeram dela uma figura simples, comunicativa, acolhedora e cheia de bondade. Apesar de suas inúmeras responsabilidades e tarefas, dava prioridade à piedade e à oração. Levantava muito cedo para, aos pés de Jesus, encontrar forças, discernimento e sabedoria para conduzir seus trabalhos. Soube fazer do Brasil sua verdadeira pátria de missão, por isso, somos-lhe agradecidas.

Ir. Lourdes Baptista Ferreira - Religiosa íntegra em todos os sentidos. Amante do Coração de Jesus