IR. EUFROSINA INVERNIZZI

IR. EUFROSINA INVERNIZZI

22/12/1877 + 24/04/1952 -------------------------

Biografia

 

Logo depois da Profissão, no dia 04 de novembro de 1900, partiu com destino a Curitiba, Santa Felicidade,PR, com mais três missionárias e nunca mais retornou para rever seus parentes. Empenhou suas jovens e vivas energias na obra missionária, por muitos anos em Santa Felicidade e, depois, em diversas Colônias italianas espalhadas pelo Brasil. Sua caridade não conhecia fronteiras e por toda parte irradiava o calor humano, fazendo-se “toda para todos”, merecendo a estima e amor de quantos a conheceram. Sua vida religiosa caracterizou-se por uma grande simplicidade, pelo verdadeiro fervor na observância regular e forte espírito de sacrifício.

 

No relato de sua viagem para o Brasil, encontramos o seguinte: Ir. Eufrosina, na idade de 22 anos, com coragem, deixou os prazeres do mundo tão apreciados pela juventude, dispondo-se a abandonar a pátria, os parentes e as pessoas queridas, para doar sua vida em favor dos irmãos. Essa coragem só tem explicação na força do amor do Coração de Jesus que a chamou, escolheu, consagrou e enviou para trabalhar junto aos imigrantes. O desejo de chegar logo à missão transbordava de seu coração, pois queria fazer Jesus conhecido e amado. Um fato acontecido, na viagem para Curitiba, levou Ir. Eufrosina a decidir  não mais retornar à Itália e assim se expressa numa carta dirigida à Madre Clélia: “Eis-me pronta a sacrificar também este único desejo; estou disposta , desde agora, a morrer aqui em terras  estrangeiras, longe da minha pátria, da Casa Geral, sem o conforto de sua preciosa presença, e sinto-me muito feliz com isso. Mas, peço a Jesus que me conceda a graça de arrancar almas das garras do inimigo infernal; não lhe peço outra coisa...”

 

Na carta escrita nas Ilhas Canárias, para Madre Clélia, lemos: “Ir Eufrosina é invejável, sempre alegre, de bom apetite e de ótima saúde”. E assim continuou durante toda sua longa vida missionária. Relata uma coirmã que a conheceu em São João da Boa Vista,SP: “Ir. Eufrosina era musicista. Ensaiava os cantos com as crianças da catequese da Santa Casa. Eu admirava sua paciência e amor à música. Era silenciosa, simples e humilde e, justamente pela sua simplicidade,conquistava as crianças”.

 

Depoimentos

 

Ir. Maria Luiza Lucca - “Natural de Curitiba do bairro de Santa Felicidade, eu freqüentava o ‘Externato Santa Felicidade’, como também meus irmãos: aula comum, pela manhã, aula de artes (bordado e artesanato), à tarde. Aos domingos, Missa das crianças, pela manhã e catequese, à tarde.  Nesse dia, Irmã Eufrosina, esperava-nos, no jardim, cantando... Sua voz cativava de tal forma que os adultos, não podendo entrar, subiam ao muro, não só para ouvir melhor sua voz, mas também para ver sua expressão e gestos, quando cantava”. 

 

Madre Clélia foi sua mestra. Mantinha sempre correspondência com ela, dizia que a amava muitíssimo e contava muitas passagens de sua vida. Tinha muita devoção a Nossa Senhora. Preparava com grande solenidade o mês de maio e a coroação de encerramento. A primeira sexta-feira do mês era bastante fervorosa, um testemunho de fé para as crianças. Foi a segunda Conselheira no segundo governo Provincial de Madre Assunta Bellini, de 1915 a 1921. Quando suas forças já não a ajudavam mais, foi para a casa de repouso, em Cafelândia,SP e lá, na simplicidade, esperava, cantando, o chamado do Esposo que chegou repentinamente, para conduzi-la à Pátria eterna. Meio século de exílio, heroicamente sustentado pelo triunfo do Sagrado Coração de Jesus e o bem das almas, preparou sua bela alma para as núpcias eternas. No ano de 1952, era a missionária mais idosa da Província brasileira. Morreu com 75 anos de idade e 52 de vida religiosa.

 

Irmã Thomásia Thomazi – Conheci a Irmã Eufrosina na Escola de Santa Felicidade em 1931. Na época eu era aluna externa da Escola e gostava de ficar quase todo dia com as Irmãs e ajudava em vários serviços ao alcance de minha idade, pois tinha, apenas sete anos, quando fui preparada por Irmã Eufrosina para a Primeira Comunhão realizada no dia 15 de agosto do mesmo ano. Ela era muito bondosa. Lembro-me que na espera da primeira confissão, ela se aproximou de mim e me encorajou a fazer bem a confissão e me disse que eu poderia pedir a Jesus que me desse a vocação de ser Irmã a exemplo dela. Esta idéia me despertou para eu entrar no juvenato em 1937 no Colégio Sagrado Coração de Jesus. Até este ano fui acompanhada pelas Irmãs de Santa Felicidade, especialmente pela Eufrosina, a quem eu muito admirava. Recordo-me que as aulas eram em Italiano com os cadernos, livros e outros materiais vindos da Italia enviados por Mussolini (Presidente da Itália). Após alguns anos a escola não pode mais ensinar em italiano (exigência do governo). Este fato causou certo sofrimento às Irmãs, aos alunos e aos pais, pois éramos todos de famílias vindas da Itália. O que predominava eram os costumes e cultura italiana com resquícios até atualmente. Irmã Eufrosina era considerada uma médica porque, conhecia as práticas de curar certas doenças e medicava de modo certo e confiável, bastava que as famílias levassem o que precisava para fazer a medicação. Ela fazia: fortificantes, antigripais, analgésicos, etc. Ela visitava as pessoas doentes levando-lhes medicamentos, controlando a saúde dos pacientes que eram muitos.

 

Também as demais Irmãs visitavam as famílias para tomar contato de suas necessidades, darem-lhes conforto e sustento espiritual, especialmente falando-lhes do Coração de Jesus; incentivavam as mulheres e os homens para freqüentarem a Igreja, as reuniões de catequese, a Irmandade do Santíssimo, do Apostolado da Oração. As reuniões de formação espiritual eram em dias marcados e havia grandes freqüências de adultos, jovens, adolescentes e crianças. Na época eram fortes os grupos dos Marianos, Filhas de Maria e Cruzada Infantil (pajens) e até as crianças faziam parte do Apostolado da Oração com o compromisso de rezarem um Pai Nosso ao Coração de Jesus. As crianças (pajens da Cruzada Eucarística) tinham seus dias de encontro separados e, também, suas atuações nas missas. Aos domingos a tarde as jovens e as crianças iam ao colégio para lazer, brincadeiras, rodas, canções; escutarem músicas que as Irmãs colocavam na radiola que nós chamávamos de trombone.

 

 As Irmãs viviam uma grande pobreza e as famílias mandavam-lhes: ovos, galinha, frutas, verduras, etc. Quando essas doações eram de sobra, as Irmãs se serviam das pessoas que iam de carrocinha até a cidade para venderem estes víveres e comprarem outras coisas que elas precisavam.