
IR. GONZAGA BONETTI
29/11/1887 + 04/07/1952
Biografia
A morte colheu a virgem prudente, no Hospital cujas pessoas, há 22 anos, admiravam sua paciência constante e seu trabalho silencioso, na farmácia. Religiosa exemplar, de índole forte, escrupulosa no cumprimento do dever, de profunda vida interior, afeiçoada à Congregação e aos Superiores, para os quais dedicava um delicado e espontâneo sentimento de afeição filial, profundamente religioso e alimentado pelo espírito de fé. De inteligência viva, licenciada na Itália como professora de Escola Elementar, e desejosa de continuar sua formação, adquiriu um claro conhecimento do catecismo de S. Pio X, que ensinou com muito amor às crianças e às pessoas que lhe pediam conselho. Mantinha sempre um comportamento digno e afável que cativava a simpatia de todos.
Não tinha outro desejo que viver diariamente conformada à vontade de Deus, manifestada por meio dos Superiores. Entre as dores do câncer, que lhe dilacerava o fígado, nunca teve uma queixa, antes, com sorriso heróico dizia: “Seja feita a vontade de Deus, em todas as coisas, hoje e sempre”.
Assim descreveu o passamento de Ir. Gonzaga a Superiora da Santa Casa: No dia 05 de julho de 1952, um cortejo funeral, simples e modesto, passava pelas ruas silenciosas de Poços de Caldas. À sua passagem, fechavam-se as portas do Comércio, como reverente homenagem. Sete sacerdotes, clérigos, religiosas e um grupo de amigos, acompanhavam um féretro branco, carregado por quatro Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Morrera Ir. Gonzaga que, por 22 anos trabalhava na Farmácia do Hospital Civil. Era conhecida por todos, porém, sem popularidade. Não fazia barulho e nem admitia que se falasse dela. E foi, justamente isto que lhe conquistou a simpatia, manifestada em lágrimas de sinceros sentimentos, no dia de sua morte. Aqueles que assistiram ao funeral, não puderam esconder a emoção experimentada diante de tantas manifestações de carinho pela querida extinta.
Os últimos dias de sofrimento, causado pelo tumor, foram santificados pela paciência contínua e edificante, alimentada na fonte viva da fé que sempre a distinguiu, na sua vida de missionária. Repetia constantemente sua jaculatória preferida: “Seja feita, louvada e eternamente exaltada, a justíssima, altíssima e amabilíssima vontade de Deus, em todas as coisas, agora e sempre”. Há vários anos sofria, também, do coração e foi justamente uma crise cardíaca que a surpreendeu nestes últimos momentos da primeira sexta-feira do mês de julho, que devia assinalar o fim de sua vida.
Às primeiras horas da manhã, foi comunicada a notícia às casa religiosas e à imprensa local. Os Irmãos Maristas, logo se ofereceram para cantar a missa de corpo presente, o que foi aceito com comovida satisfação. O capelão do Hospital ficou muito triste com a notícia. Era sacerdote ainda jovem e conhecia Ir. Gonzaga desde criança. Guardava no coração doces recordações dos colóquios íntimos que com ela tivera. Durante a missa cantada e por ele celebrada, não conseguia esconder a comoção. Parecia um filho que celebrava a missa por sua mãe falecida e, ao pronunciar seu nome, mais que um canto, ouvia-se um soluço do coração. Com muita expressão leu o diálogo entre Jesus e Marta e como foi comovente a pausa que fez após as palavras: “Crês isto?” A luz eterna dai-lhe, Senhor. E a luz não foi só para ela, mas para todos nós.Durante o dia, o caixão ficou exposto e não faltaram visitas, flores e lágrimas; não, porém, impregnadas de luto, mas de um ar de serena resignação, revelando saudades do céu e um desejo de imitar as virtudes da falecida, em vez de lamentar sua ausência. “Tudo passa nesta terra. Mas do outro lado, tudo será eterno!” Que pensamentos profundos e ricos de alimento espiritual para nossas almas! Como é bela e preciosa a morte dos justos, e como o Senhor exalta os seus humildes servos para o bem de tantas almas. O Dentista do Hospital dizia que Ir. Gonzaga era uma santa, aludindo motivos particulares para sustentar esta sua afirmação. Para nós, fica a saudade das Irmãs que partem, e o desejo de imitar suas virtudes para chegar um dia ao céu. O que consola é que foi uma religiosa exemplar, de fibra forte, ainda daquelas antigas, escrupulosa no cumprimento do dever, obediente, reta, de constante vida interior, afeiçoadíssima à Congregação e aos Superiores. Quando morta seu cadáver inspirava reverência, seu semblante conservou um sorriso sobrenatural, as mãos imóveis apertavam o rosário sem medo de perdê-lo, as flores abundantes, que a recobriam, exalavam o místico perfume de sua humilde e constante virtude.