IR. VILMA MARIA REIA
25/01/1945 + 04/11/1972Biografia
Recebeu na pia batismal o nome de Hilda Aparecida, em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, a quem tinha sido consagrada antes de nascer. Foi num ambiente de fé, piedade e simplicidade que cresceu a pequena Hilda Aparecida que, desde tenra idade, gostava da natureza, das flores, dos pássaros. Discreta e meiga aprendeu as primeiras orações no colo materno. Gentil, educada e serviçal, revelou sua inclinação para o canto e a oração. O amor à família, o respeito e a bondade foram características fortes em sua vida. Tratava a todos com imenso carinho e mostrava amor e gratidão, através de suas atitudes, gestos e palavras. Aos seis anos mudou-se para Lucélia/SP, onde seu pai passou a trabalhar como taxista. Aos catorze anos, a vida da jovem toma um novo rumo ao sentir o chamado para algo diferente. Passou por momentos de dúvidas, de incertezas, de medo e até de covardia, pois sua vida era tecida de ricas expectativas diante de tudo o que amava e fazia. Inteligente, esperta e vivaz, gastava parte de seu tempo no esporte; jogava vôlei, participava de todas as atividades cívicas da cidade e saia-se muito bem no judô. Mas, diante de todas essas atividades e compromissos que assumia o chamado a inquietava. Confusa, perdida, envolta no apelo que ardia em seu coração, recebeu de Deus forças e foi à procura das Irmãs Apóstolas, que moravam na cidade vizinha de Adamantina,/SP. As Irmãs não mediram esforços, dando-lhe apoio, estímulo e incentivo. Hilda cuida, então, de seus sonhos e sentimentos, procurando conhecer mais de perto a vida da Madre Clélia, a Fundadora que deu vida e fez florescer o Instituto e deixa que o tempo se encarregue do que poderá acontecer no momento em que seu ideal for revelado a seus pais. Procura primeiramente sua mãe que a ouve, chora e ao mesmo tempo fica alegre, dizendo que, para ela, não era novidade, pois seu coração era lindo demais, sua bondade cristalina e seu carinho, uma dádiva. Logo mais, foi a vez do pai que, diferente da reação da mãe, mostra-se insatisfeito pela opção; porém, depois de um longo tempo, percebendo que a filha sofre calada, conclui que se essa é sua vocação e a acolhe com sua bênção.
Chega o momento difícil da despedida, para ingressar na vida religiosa. Acompanhada de sua mãe, dirige-se ao Colégio de Adamantina e, de lá, as Irmãs a conduziriam para o Juvenato de Cafelândia/SP, aos cuidados da mestra Ir. Carmela, que a recebeu com muito carinho, iniciando aí sua caminhada de formação, continuada no Postulado e Noviciado. Na tomada de Hábito recebeu o nome de Irmã Vilma Maria. Terminado o ano canônico do Noviciado, foi enviada ao Colégio de Adamantina para concluir o curso Normal, auxiliando no magistério e dedicando-se às atividades esportivas e culturais da Escola. Após a Profissão, Irmã Vilma Maria, é enviada à missão, levando consigo a abundância de graças e bênçãos que foram armazenadas no seu coração, para serem partilhadas com seus irmãos. Vive e pratica o ministério do sorriso, dom que recebera das mãos do Pai Criador e ensina a todos o segredo de viver sorrindo. Sua proposta: “O sorriso é um dos melhores meios para fazer outros felizes; acostume-se a sorrir cordialmente e você espalhará a felicidade num mundo muitas vezes lúgubre; se você sorrir por amor a Deus e ao próximo, já faz parte do ministério do sorriso”.
Em 1966, voltou para o Colégio de Cafelândia para auxiliar Ir. Carmela na formação das Juvenistas. Possuía uma bela voz, suave e sonora, expressava-se com muita facilidade. Somando todos esses dotes à bondade de seu coração, à sua personalidade alegre e comunicativa, não deixava dúvidas sobre o êxito de sua nova missão. Em 1967, foi transferida para Aparecida; foi nesse período de vida que Ir. Vilma Maria viveu seu ideal de jovem religiosa, cheia de entusiasmo, colocando seus dons e talentos a serviço dos outros; foi aí, também, que aprendeu, cresceu e amadureceu para a vida e para Deus, aumentando sempre mais sua devoção à Nossa Senhora Aparecida, mãe inseparável.
Através de seus escritos, podemos perceber o quanto essa missão foi desafiante. Estar com os jovens, drogados, crianças, adolescentes; era, realmente, um trabalho exigente para ela. Assumiu a coordenação da fanfarra do Colégio, não medindo sacrifícios para o sucesso e o contentamento dos jovens. Fez renascer e incentivou o esporte, que, até então, era acanhado. Além de tudo, lecionava desenho artístico, geografia, educação religiosa, no ginásio e numa classe de pré-escola. À noite, cursava a Faculdade em Lorena/SP.
Todas essas atividades não lhe roubavam a paz do coração, a serenidade de seu semblante e, muito menos a impediam de estar com o Senhor para alimentar o seu espírito. Sua fé era viva, cheia de garra, coragem, disponibilidade, zelo pela missão assumida, despojamento, vida de oração, vida comunitária, amor às suas Irmãs de caminhada. Esta sua energia positiva e sua presença foi um convite para cultivar o espírito de fé e acreditar na força da graça e da ação do Espírito Santo. Além do trabalho de Evangelização junto aos alunos, assumiu um apostolado na periferia de Aparecida, visitando famílias carentes, levando palavras de conforto aos doentes, orientando sobre a importância da higiene, na vida pessoal. Reunia os jovens ensinando-lhes a partilhar as necessidades, arrecadando alimentos. Sofria ao ouvir o canto: “... mas o pobre meu irmão, ouve o vento angustiado, pois o vento, esse malvado, lhe desmancha o barracão”.
- Chegada a época de sua Profissão Perpétua, assim escreve para a Madre Provincial: “...até que enfim chegou minha vez. Sinto uma alegria infinita, dentro de mim, e queria que todos a sentissem. Vi, senti, o quanto amo Cristo e Ele de sua parte mostrou-me também o mesmo... No dia da Profissão, exclamou: obrigada, meu Deus, infinitamente obrigada, sou sua perpetuamente. Amém! ”. Na noite do dia 3 de novembro, participou com as Irmãs da Comunidade, no Seminário Santo Afonso, de uma belíssima festa preparada pelos seminaristas, por ocasião do aniversário do Reitor. Dizem as Irmãs que ela ria muito, mostrava-se feliz e não se queixava de nada. Ao chegar em casa, disse não se sentir muito bem, medicou-se e pediu à Superiora para descansar um pouco mais, no dia seguinte. E qual não foi a surpresa de todos, quando no dia quatro, foi encontrada morta em seu leito. Sofreu um enfarto fulminante. A dor estava estampada nos olhares interrogativos, serenos, compreensivos; outros, assustados. Para ela, que tinha sempre um sorriso para todos, faltou, nos últimos instantes da vida, o conforto de sentir-se perto de uma pessoa querida.
Enquanto grande multidão se aproximava para dar-lhe o último adeus, todos cantavam, rezavam, expressando gratidão para com ela.
Os Padres Redentoristas celebraram 17 missas de corpo presente e, no final da tarde, seu corpo foi levado à Basílica Nacional para a última celebração, presidida por Dom Antonio Ferreira de Macedo, em nome de sua Excia, o Senhor Cardeal Dom Carlos de Vasconcelos Motta.
O enterro foi acompanhado pelo som da fanfarra que ela organizou e muito amou, prestando-lhe a última homenagem. O sino da Basílica tocava badaladas de eterna gratidão! Quem se achava presente, dizia ter a impressão de assistir, não a um enterro, mas à festa de uma virgem consagrada, que vai ao encontro do esposo divino. Era o “SIM” trilhado nas pegadas de uma missão cumprida.
Mathias Kimura, residente em Cianorte/PR, escreve ao Pe. Joercio Gonçalves Pereira, que conheceu Ir. Vilma Maria, quando era Seminarista e hoje é Reitor do Santuário Nacional. Diz a carta: “Com certeza, Ir. Vilma Maria era uma missionária brilhante, com o dom e carisma notável de trabalhar com jovens e crianças. Era uma pessoa dinâmica, criativa e inteligente. Andava sempre com muita pressa, sempre com muitos compromissos. Nas horas livres, tinha o hábito sagrado, não muito comum, isto é, de rezar o terço, visitando túmulos, no cemitério central de Aparecida. Anexo à carta, uma foto da Irmã Vilma no caixão, e no verso o seguinte: Tudo o que é grande nasce de um silêncio. O caminho mais curto e mais seguro para a felicidade é fazer os outros felizes. Você ama... tudo é belo, a vida é alegre, feliz! De repente... sobrevém o vento da provocação, o gelo do desprezo e destrói a beleza da vida. Mas... se você plantar novas sementes de Amor, tudo se renova e começa a primavera da vida”.
Irmã Vilma Maria Réia
(Diz Matheus ter encontrado esta mensagem numa folha de papel, manuscrita; e, na ocasião, deixou copiada no verso da foto).
Obs. – Outras informações poderão ser encontradas no livro do perfil biográfico intitulado “A Apóstola do Sorriso” da Coleção Coração Multiplicado