Ir. Santana, durante os primeiros anos de vida religiosa, dedicou-se com muito amor ao ensino e à educação das crianças. Irmãs que foram suas alunas recordam seu interesse e exigência no aprendizado. Muito cedo, porém, apareceram os sintomas de esquizofrenia e, por várias vezes e em diversos hospitais, ficou internada para tratamento. Tinha consciência da doença. Percebe-se isto numa carta dirigida à Madre Provincial. Havia apenas chegado a Campos do Jordão,SP. Assim escreveu: “Quanto a mim, vou indo como Deus quer, sempre com minha doença incurável. Deus, nosso extremoso Pai, quer que eu sofra um pouco, com muita paciência e generosidade. Já estou conformada com sua vontade e aceito tudo com amor ao dileto esposo, que é o Sagrado Coração de Jesus”.

Estes sentimentos a acompanharam sempre. Não se queixava da doença, tanto que, só no dia de sua morte, percebeu-se o quanto devia ter sofrido, devido a uma forte hemorragia intestinal. Seu resignado lamento cessava, quando as Irmãs, ao redor do seu leito, oravam nas suas intenções. No seu coração, certamente oferecia ao Senhor suas dores, pelas intenções das Superioras Maiores, a quem devotava um carinho muito especial. Rezava muito ao longo do seu dia e dedicava tempo à leitura espiritual, especialmente ao “L’Osservatore Romano”. Preparava com fidelidade um discurso, para todas as festas do Instituto e da Igreja.

Na casa Provincial, sentia-se bem. Acolhia com carinho  todas as Irmãs e pessoas que por ali passavam, informando-as de todos os acontecimentos marcantes. Sua memória era perfeita e lúcida sua inteligência. Grande era seu zelo pelo bem do Instituto.

Rápido foi o desfecho, pois há apenas um mês começou sentir o descompasso de sua saúde. No início de setembro, devido a um problema no pulmão, foi transferida para Campos do Jordão e submetida aos cuidados de especialistas. No dia 1º de outubro, tendo-se agravado seu estado, foi transferida para a Betânia; e, dois dias depois, entregou seu espírito ao Senhor, e com ele repousa, para sempre, na feliz eternidade. Contava 66 anos de idade e 44 de vida religiosa.

Depoimento

Ir Brígida Campos Cunha - “Conheci Ir. Santana em Araçatuba, quando cursava a 5ª Série, no Colégio Nossa Senhora Aparecida. Foi minha professora de Geografia. Um conhecimento vasto, ótima pedagoga e sobretudo missionária, porque em suas aulas sempre nos fazia ver o eterno. Depois, tive a oportunidade de conviver, como religiosa, nos anos de 1990 a 1993, na sede Provincial em São Paulo,SP. Nesse período, já estava bem doente, e o que mais me impressionava era vê-la sempre em oração. Se em muitas coisas ela já não conseguia coordenação, sua vivência espiritual era marcante. Quando sua doença já estava bastante adiantada, tive a oportunidade de presenciar, em Campos do Jordão, a assistência que a  Irmã enfermeira lhe dispensava, apesar da dificuldade, em consequência de sua limitação. Agradeço ao Senhor por tê-la tido como professora e exemplo.