
IR. EULALIA OLIVEIRA
18/12/1913 + 26/07/1977
Biografia
Irmã Eulália viveu o lema “SERVIR”. Desde o início de sua vida religiosa não fez outra coisa que servir a Deus e ao próximo. Sua vida foi a da Apóstola silenciosa e escondida. Iniciou a missão de Apóstola, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Cafelândia,SP, em 1937, auxiliando no Internato; de 1938 a 1946, no Colégio São José, em Bauru/SP, também, como auxiliar no Internato; 1946 1949, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Marília/SP; em 1950, voltou para Cafelândia; 1951 a 1952, prestou serviço, como Diretora do Internato, no Colégio de Marília/SP. Em 28 de dezembro de 1973, foi eleita Superiora do Lar Universitário Nossa Senhora de Fátima, em Bauru, tendo sido reeleita, para um segundo triênio, em 18.12.1976.
Em plena atividade, foi surpreendida pela morte, o que nos fez meditar nas palavras de Mt 24,23: “Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem mesmo os anjos do céu, mas somente o Pai. Estando para terminar o período de férias das pensionistas e querendo ultimar os preparativos para o retorno, Ir. Eulália, no dia 25 de julho, partiu de Bauru, com três Irmãs da comunidade, com destino a Poços de Caldas, para buscar Ir. Afonsina Ribeiro, pertencente à comunidade, que se encontrava descansando naquela cidade, e deixar Irmã Rosalva em Campinas/SP, para fazer uma visita ao irmão. Saindo de Campinas, próximo à cidade de Santo Antonio da Posse, o carro chocou-se com outro que vinha em sentido contrário. Ninguém sabe explicar o acontecido. Para o ocupante do Wolks, nada de grave aconteceu, além da danificação do veículo e alguns ferimentos leves. As duas Irmãs tiveram ferimentos graves e Ir. Eulália foi a mais atingida: traumas, fraturas, perda dos sentidos, sendo levada para a Casa de Saúde Campinas; lá chegando foram-lhe ministrados todos os socorros, porém, não dava sinal de vida, nenhum reflexo, nenhuma reação. Já, ao entrar na Casa de Saúde, foi-lhe administrada a Unção dos Enfermos. Às 8 horas do dia 26, presentes as Irmãs da Casa de Saúde, a Vigária e a Secretária Provincial, os aparelhos cessaram e Ir. Eulália, já não pertencia mais a este mundo. Foi celebrada Missa de corpo presente pelo Vigário Geral de Campinas e, após os preparativos necessários, o corpo foi transladado para Bauru, onde era esperado por grande número de Apóstolas daquela Região. Ao chegar, foi recebido na Capela do Colégio São José e concelebrada a Missa por 8 sacerdotes da cidade de Bauru, participada por grande número de Irmãs, familiares da Ir. Eulália, professores, amigos e pensionistas. Foi velada na mesma Capela e, no dia seguinte, após a Missa concelebrada por 3 sacerdotes, sepultada no cemitério local.
Ir. Eulália deixou o pai que era cego ainda vivo, com mais de 90 anos. Mistérios de Deus! Deu-nos o exemplo da religiosa humilde, paciente, materna, compreensiva, simples e responsável. Sua vida foi uma contínua dedicação a Deus através da oração, vida comum, enfim, vivia sua consagração a Deus e também ao próximo, testemunhando que o “SERVIR” vem de Deus e leva para Deus. Todas nós choramos a grande perda; porém, acreditamos que junto de Deus temos mais uma intercessora. Contava 64 anos de idade e 38 de vida religiosa.
Depoimentos
Irmã Leônia Cavassin - “Conheci Ir. Eulália como Superiora, no Pensionato. Religiosa organizada, atenta, delicada, meiga, compreensiva. Antes da viagem, ofereci outra motorista; certamente para não magoar alguém, não aceitou. Fiquei preocupada, mas não com remorso. Na sua vida de missionária notava seriedade, observância, justiça; colocava em seu trabalho muito amor e dedicação. Amava o Instituto como sua própria família.”
Irmã Lélia Machert - Morei com Ir. Eulália, de 1969 a 1972, em Marília/SP, quando ela era Diretora do Internato. Além do seu trabalho, gostava de cozinhar e costurar. Muito alegre, comunicava-se com facilidade e espontaneidade; exigente em fazer cumprir as obrigações; incentivava e preparava as Internas para serem catequistas nas paróquias e capelas; mandava-as com as Irmãs, para ajudá-las na preparação das crianças para a primeira Eucaristia; nas férias escolares, gostava de estar com a comunidade religiosa; mostrava muito amor ao Coração de Jesus, pela sua vivência alegre, disponível e comunicativa. ”
Ir. Saula Hirata - Fui aluna interna em Marília, de 1952 a 1956. Terminando a 8ª Série, ingressei no Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Irmã Eulália era a responsável e nos acompanhava dia e noite, com muita dedicação; era severa, porém, muito boa; percebia-se o amor que tinha pelas alunas, apesar de algumas darem muito trabalho. O último dia de sua vida ficou gravado em meu coração. Eu morava na Escola São Francisco de Assis, em Bauru/SP. Antes de viajar, foi até lá e entregou-me uma rosa, dizendo: “Como não estarei aqui, jamais esquecerei”.
Ir. Laurinda Paulin - Em Marília, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, fiz parte da comunidade à qual pertencia Ir. Eulália. Era na época diretora do internato. Ela deixou-nos exemplos de verdadeira Apóstola. Durante o ano letivo levava uma vida de dedicação entre as internas. Não media esforços para formar integralmente suas alunas internas. Além da parte espiritual, procurava engajá-las na vida da Igreja, iniciando-as na catequese para crianças. Queria vê-las donas de casa. Ensinava-lhes bordado, tricô, crochê e a arte de cozinhar. Era exímia no preparo de pratos saborosos e requintados e no preparo da mesa: disposição dos pratos, talheres, copos, etc., para diferentes situações sociais e dentro dos moldes da boa educação e etiqueta. Tudo era feito com amor e alegria, contagiando até as meninas mais rebeldes. Sua vida espiritual era alimentada pela constante oração e espírito de fé. Depositava uma confiança ilimitada no Coração de Jesus: “Pedia e recebia”. Como por obrigação ficava afastada da comunidade a maior parte do ano, aproveitava das férias para viver intensamente a vida comunitária. Era só alegria. Participava ativamente dos recreios comunitários. Era alegre, serviçal, respeitosa para com os superiores. Afirmava nunca ter sentado num banco escolar. Aprendera ler e escrever com o pai a quem amava muito. Acompanhava as meninas nas tarefas escolares; conhecia os princípios da música, escrevia poesias e era muito criativa. Sua trágica morte deixou um vazio no coração de tantos que a conheceram e admiravam.