Os planos de Deus são admiráveis e diferentes para cada um de nós e, assim, para Irmã Roméa, o Coração de Jesus preparou uma grande missão no Brasil, ao que ela respondeu, generosamente, com grande entusiasmo, desejando a expansão do seu reinado no mundo inteiro. Chegando ao Brasil, foi destinada à comunidade da Santa Casa de Casa Branca/SP, ocupando-se, até o final do ano de 1938, no serviço de costura e aprendendo a língua portuguesa. De 1939 a 1942, esteve na Santa Casa de Araçatuba/SP, trabalhando no setor de Nutrição, e responsabilizando-se, também, pela costura. De 1942 a 1945, passou para o Colégio Nossa Senhora Aparecida, da mesma cidade, exercendo suas atividades junto ao Internato.

Retornou à Santa Casa, onde permaneceu de 1945 até 1977, como responsável pela Pediatria e exercendo a prática de enfermagem. Portanto, Irmã Roméa passou a maior parte de sua vida em Araçatuba. Era conhecida por todos, muito querida pelos médicos, enfermeiros, funcionários, em geral e, em especial, pelas crianças que passavam pela Pediatria. Foi acometida do mal incurável, o câncer, que lhe causou muito sofrimento. Preparava-se, no início de 1977, para a visita a seus familiares, na Itália e, quando tudo já estava pronto, o mal agravou-se, impedindo-a de realizar seu grande desejo. Mais uma vez precisou usar sua grande generosidade e cancelar a viagem. Consciente de seu estado, do mal que a fazia aproximar-se da morte, recebeu várias vezes o Sacramento da Unção dos Enfermos, alimentando, ainda, a esperança de que o mal pudesse desaparecer.

Acompanhava os atos da comunidade, mas sentia que as forças iam se acabando. Nos últimos dias, um sacerdote celebrou Missa na sala de Comunidade para facilitar a participação da Irmã Roméa, que sentiu grande alegria. Seu Manual de Orações trazia marcada a Oração para a Boa Morte. Durante a novena de Madre Clélia quis ir ao refeitório para ver os cartazes que as Irmãs haviam confeccionado, sobre a vida da Madre sentindo-se bastante feliz. Dia 21 de novembro, uma segunda-feira, de madrugada, sentiu-se mal. Acompanhou conscientemente as orações rezadas pelas Irmãs e, assim, em paz e tranquilidade, entregou sua alma a Deus. Contava 71 anos de idade e 44 de vida religiosa. Foi concelebrada Missa de corpo presente, por seis sacerdotes com grande participação do povo. Muitas crônicas lhe foram dedicadas, tanto pela Rádio local como pelos jornais da cidade. Irmã Roméa deixou-nos a lembrança marcante da religiosa dedicada, generosa, simples, humilde. Sua vida foi “servir”.

No dia 11/04/77, data em que Irmã Roméa deveria a partir para a Itália, a Câmara Municipal fez constar em Ata da Sessão, um voto de aplauso pelo abnegado serviço prestado, incluindo os agradecimentos da população araçatubense. Diz o documento:

“Ir. Roméa completou 39 anos de trabalho, no Pavilhão das crianças da Santa Casa de Misericórdia de Araçatuba. São 39 anos de desvelo, de carinho, de abnegação, de amor ao próximo, de sacrifícios, de sofrimentos, de alegria, no exercício cotidiano da caridade cristã, na realização diária do ideal que a fez Irmã de Caridade, na vivência e no exemplo de um cristianismo verdadeiro, dignificando a Congregação a que pertence, anonimamente servindo Araçatuba e à humanidade inteira”.