IR. LUCRÉCIA DA ROCHA
15/02/1936 + 24/04/1995Biografia
Irmã Lucrécia ainda adolescente, respondeu ao chamado do Coração de Jesus, ingressando no número das aspirantes que formavam o grupo das futura Apóstolas, no Juvenato do Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Curitiba, Desde aquela época, destacava-se entre suas colegas pela generosidade, zelo e ardor à sua vocação. Sofria saudades da família, à qual sempre dedicou grande afeto e pela qual oferecia o sacrifício de viver longe, em especial, de sua mãezinha, a quem devotava grande amor por ser a filha mais nova.
Dotada de índole expansiva e comunicativa, levava alegria e felicidade por toda parte, fazendo-se amiga de todos, na fraternidade, na conversa fácil e agradável. Tinha especial predileção pela vida de Comunidade da qual participava intensamente, vivendo em profundidade os momentos de celebração. Estar com as Irmãs era a delícia de seu coração. Apesar de seu temperamento impulsivo mostrar suas limitações, procurava ser coerente e humilde nos seus relacionamentos. Entre as virtudes vividas, destacou-se a caridade que fazia de sua pessoa: doação e serviço; estava plenamente realizada, quando podia fazer suas coirmãs felizes. Impulsionada pelo Espírito de Fé, via, nas manifestações das superioras, a vontade de Deus e, por isso, sempre obedeceu com grande desapego e heroísmo, apesar de todos os sacrifícios. Toda sua vida apostólica foi dedicada à missão educacional, a ela entregando-se sem reservas. Prova disso foi ouvi-la, no leito de morte dizer: “Vejo-me constantemente cercada de crianças e flores”. Este zelo pela missão educacional não se restringia às crianças, mas destacava-se, de modo peculiar, entre os jovens alunos da Faculdade, atual Universidade do Sagrado Coração, entre os quais, foi incansável no trabalho laborioso da pesquisa de campo e laboratório.
Alma de oração preocupava-se em aprimorar sua união com o Senhor, através da fidelidade e perseverança na oração. A presença de Jesus Eucarístico era uma festa para seu coração de Apóstola. Nos últimos meses de imolação, no sofrimento e na dor, transformou seu leito em altar e sacrifício, repetindo constantemente: “Coloco todas as intenções e pedidos, no grande pacote que ofertarei ao Coração de Jesus”.
O Senhor recompensou todo seu desprendimento, presenteando-a, nos últimos momentos, com a oportunidade de passar o final de sua vida com as coirmãs com as quais partilhou os momentos mais significativos, na terra natal, entre os seus entes queridos, em especial suas duas irmãs que a ajudaram, na hora derradeira, a fazer sua oferta final, através da invocação a Maria Santíssima.
Como uma vela que, aos poucos, vai-se apagando, entrou na Glória Celeste, após longo tempo de sofrimento e purificação, entregando nas mãos de Deus sua vida, entre cânticos e muitas orações, aos 59 anos de idade e 37 de vida religiosa. Estavam presentes: a Madre Elvira - sua Provincial, Madre Alice - Provincial do Paraná, Irmãs das duas Províncias, postulantes e familiares. Agora, temos a certeza de que goza da plenitude Divina em companhia de Madre Clélia e toda a corte Celeste. Seu testemunho perdura em nossa memória e fortalece nossa caminhada de Apóstolas do Amor, Apóstolas da Reparação e Apóstolas como os Apóstolos.
Depoimentos
Ir. Vitalina Alves da Rocha - Ir. Lucrecia foi minha superiora, no Colégio de Marília. Possuía o Dom da piedade e do temor de Deus. Muito caridosa, observante, não fazia diferença de pessoas, não tinha orgulho e era muito acolhedora. Gostava de passeios e os proporcionava às Irmãs, sempre que podia. Verdadeira missionária, amava o Coração de Jesus, Nossa Senhora, Madre Clélia, e procurava que outros também os amassem. Inculcava nas Irmãs o amor e o interesse pelo Instituto.
Ir. Virgínia Batista de Oliveira - “Ir. Lucrecia desempenhava com alegria e responsabilidade seu papel de professora.Na comunidade era a alegria de todas. Era extrovertida; não ofendia ninguém, nem falava mal de ninguém. Tratava a todos com igualdade. Jamais entrava na liberdade da outra. Possuía o Dom do conselho e era uma Apóstola como os Apóstolos. Dotada de espírito de oração e ardor missionário”.
Ir. Irene da Silva - “Morei com Ir. Lucrecia em Cafelândia,SP, Bauru,SP e São Paulo,SP. Era Professora de Latim, muito correta e responsável. Na FAFIL (Faculdade de Filosofia Ciências e Letras) estudante e responsável pelo laboratório de biologia. Como religiosa: alegria contagiante, senso e prática de justiça para com as pessoas; sinceridade, transparência nos atos e palavras, pobreza (pessoal) radical, espírito de sacrifício e generosidade. Acolhia a todos com carinho, especialmente os familiares das Irmãs. Caráter genioso e explosivo. Senso de ordem. Sinceridade (amor à verdade) inclusive com as superioras; não temia ninguém. O rigorismo sobre si mesma não atingia as Irmãs: pobreza extrema para si, grande generosidade para os outros. Não gostava de críticas a pessoas ausentes. Alegre, porém “trancada” no tocante à sua pessoa, dificilmente externava sentimentos. Sua devoção ao Coração de Jesus, era muito prática e concreta”.
Ir. Brígida Campos Cunha - Em 1965, fui com Ir. Lucrécia para Bauru a fim de cursar a Faculdade e foi uma aventura, pois, além de tudo, precisávamos prestar o Vestibular, com pouco tempo de preparação. Como estudante da Faculdade, Ir. Lucrécia, assumiu as aulas de Ensino Religioso, no curso Normal e também, o laboratório de Biologia; e era com muita responsabilidade que desempenhava essas tarefas. Sempre muito alegre, atrás de um semblante sereno, esconder a profunda saudades que sentia de sua mãe e familiares. Não poucas vezes teve um choro silencioso, triste, mas feliz pelo sacrifício. Fiel ao compromisso religioso, que observava com profunda retidão e amor, nós a vimos partir de Bauru, a pedido da Madre Provincial, para assumir o cargo de superiora, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Bento Gonçalves,RS, retornando, mais tarde, como Vice-Provincial e Superiora da Casa, em São Paulo,SP. Sempre disponível para servir, era exemplo para a comunidade, repartindo com todas a sua responsabilidade. Imparcial, justa, piedosa e serviçal. Não admitia que as Irmãs lhe prestassem serviço. Sua posição de superiora era, realmente, como daquela que serve e não para ser servida.
Como Secretária Provincial, encontrava-me a serviço, em Curitiba, justamente no dia em que ela partiu para a casa do Pai. Na véspera, estive na Casa São José, em Santa Felicidade, fazendo-lhe a última visita. A doença a havia transformado e foi difícil aceitar essa transformação física. Eu estava presente, à hora da morte. Sua força interior era muito grande e, quando suas duas irmãs chegaram e a Lucrécia rezou a oração da boa morte, que ela própria lhe ensinara, em grande paz, entregou-se às mãos do Senhor. Jamais esquecerei esse momento, que ficou gravado em meus olhos e em meu coração. Tão fiel como a vida, foi sua morte. A perseverança, nas dores do coração sofridas pela saudade, quando jovem, e nas dores físicas na idade madura, mostraram o quanto era forte e quanto era convicta de sua doação ao Senhor, desde pequena. Sou feliz por ter partilhado a vida com pessoa tão digna, tão honesta e tão santa”.
Ir. Saula Hirata - “Sempre de bom humor; onde ela estava reinava alegria. Com este seu testemunho contagiante, a comunidade religiosa vivia muito unida. Muito caridosa e acolhedora com todos. Espírito de sacrifício, fazendo tudo com garra, boa vontade, dedicação e desprendimento”.
Ir. Augusta Ferreira - “Espírito alegre, piedosa, firme em seus deveres, exemplo de bondade. Aos 3 anos de idade, perdeu o pai, sofreu bastante, pois amava-o muito. Apesar de ser a caçula da família, muito cedo manifestou seu desejo de ser religiosa”.
Obs - Outras informações serão encontradas no Perfil Biográfico, “Perfume de Alegria” escrito por Irmã Lucilia Elisa Roseto.