No prontuário de Ir. Affonsina, pouco encontramos que fale de sua longa existência; porém, todas somos testemunhas de que ela escreveu sua história com muita determinação e com aquela marca de Apóstola fervorosa e fiel. Sua postura falava de sua auto-disciplina, de suas convicções, e impunha respeito por onde passava, sobretudo na missão que exercia. Como professora e como diretora, tanto na Escola como no Internato, era muito exigente. Queria que tudo estivesse bem asseado, carteiras bem enfileiradas, camas bem arrumadas. Bastante rígida na disciplina. Educada e atenciosa em atender às pessoas.

Exerceu suas atividades nas Província do Paraná e São Paulo, em diversas áreas, mas deixou gravada sua presença, de forma particular, nos arquivos das Escolas por onde passou. Era de uma organização perfeita e fiel, carregando consigo a alegria de viver intensamente o momento presente, porque ‘o futuro pertencia a Deus’, dizia com convicção.

Iniciou seu trabalho, em 1927, como diretora do Internato, professora e secretária da escola, no Colégio Sagrado Coração de Jesus de Curitiba-PR; em 1948, foi transferida para o Colégio de Cafelândia-SP, exercendo as mesmas funções; em 1950, foi para Nova Araçá-RS, como professora da Escola Paroquial e Superiora da Comunidade;  em 1956,  atuou na Escola Santa Terezinha de Curitiba-PR, como  professora, diretora e secretária provincial; em 1960, no Hospital Matarazzo, em São Paulo-SP, como professora e secretária da Escola de Auxiliar de Enfermagem; em 1965,  transferida para  a Santa Casa de Poços de Caldas-MG, trabalhou como secretária; em 1974 até 1984, na função de tesoureira, pertenceu a Comunidade do Lar Universitário Nossa Senhora de Fátima, em  Bauru-SP; de 1985 a 1991, atuou no Colégio São José de Bauru, como tesoureira e auxiliar de serviços domésticos; em 1992  até 1998, esteve em  tratamento de saúde e auxiliar nos serviços da casa; em 1999, foi transferida para a Betânia para tratamento de saúde e lá permaneceu até a data do seu falecimento.

Em abril de 2001, acompanhava, emocionada, a celebração dos 50 anos da fundação do Colégio Mater Amabilis, de Nova Araçá-RS. Sentia-se feliz por ter participado da ação missionária educacional, naquela terra abençoada e fértil em vocações para o serviço do Senhor e prometeu continuar sua missão através das orações.

As Irmãs da Betânia admiravam seu silêncio e sua paciência. Gostava de participar de tudo, quando a saúde lhe permitia. Seu sonho era conhecer a Casa Geral, chegar perto do túmulo da Madre Fundadora; no ano jubilar, quando surgiu a oportunidade de fazer essa viagem, sua saúde já não permitia; porém, continuava alimentando o sonho.  Umas de suas últimas palavras a esse respeito foram: “A Madre Geral está chegando para me levar a Roma. Ela quer que eu trabalhe lá e vou obedecer”. Estavam sendo iniciados os preparativos para a celebração de seu Jubileu de Diamante, quando a morte a surpreendeu e a levou para celebrar as Bodas Eternas com o Divino Esposo, que tanto amou na terra.

Ainda no dia do falecimento, participou da Eucaristia e conversou normalmente. Aparentava fraqueza, porém, era normal e, às 15 horas, entregou serenamente a vida a Deus. Contava 97 anos de idade e 75 de vida consagrada.

Depoimentos

Ir. Celeste Yamamoto - Ir. Affonsina chegou à Betânia para se restabelecer de uma cirurgia; passou por uma melhora, conseguiu andar um pouco, mas logo se recolheu ao leito. Possuía gênio forte, era decidida, um pouco teimosa, não queria dar o braço a torcer, mas com o correr dos meses sentiu a necessidade de abandonar-se nas mãos de Deus e ficou tranquila.

Ir. Cleamaria Simões - Trabalhei com a Ir. Afonsina na Escola de Auxiliar de Enfermagem. Era uma Irmã que assumia o trabalho com muito empenho. Lecionava língua portuguesa no curso. Professora muito apreciada pelos alunos, para os quais demonstrava um carinho especial e todos a queriam bem. Sabia entender a juventude. Aos alunos mais necessitados tinha zelo especial, orientando-os quer em assuntos escolares, de trabalho e, mais importante, nas situações difíceis da vida.