Ir. Maria Auxiliadora Perini (Ir. Carmen)
16/12/1932 – † 26/02/1976Biografia
Irmã Carmen ingressou no Instituto, aos 23 anos de idade, em Curitiba/PR. Após concluir a formação inicial, assumiu seu trabalho, como responsável pela cozinha, em diversas casas. Ao manifestar o desejo de continuar os estudos, passou a prestar serviços de enfermagem no Hospital de Crianças “Cesar Perneta”, em Curitiba. Transferida para Pato Branco/PR, continuou sua atividade junto aos doentes. Em Porto Alegre/RS, onde ultimamente integrava a comunidade do Lar do Bebê, concluiu o primeiro grau.
Como não estivesse bem de saúde, foi enviada para a Santa Casa de Marília/SP, em busca de tratamento. Regressou a Curitiba/PR, por ocasião das comemorações da chegada das primeiras Apóstolas ao Brasil e, após o Natal de 1975, prestou exames de seleção para ingressar na “Escola de Enfermagem Catarina Labouré”, onde pretendia seguir o curso de Auxiliar de Enfermagem; seu teste psicológico, porém, revelou grande ansiedade e foi aconselhada a novo tratamento. Voltou para Marília/SP. O diagnóstico de que estava com problemas na espinha dorsal e necessitando de regime alimentar controlado, obrigou-a a internamento, no Hospital, sob cuidados médicos. O mal que a atingira, porém, era mais grave do que se imaginava: um tumor maligno na cabeça do lado esquerdo da fronte. Por aí, pode-se ver o quanto terá sofrido física e moralmente. Faleceu, com 44 anos de idade, em Marília/SP e foi transladada para Curitiba/PR.
Depoimento
Depoente não identificada - Na sua pasta pessoal (dossiê) encontra-se somente duas cartas (pedidos) em 1961 para ser admitida a Primeira Profissão. Nesta carta ela mesma escreve: “é verdade boa Madre, sempre caio em muitas faltas, mas sempre com firme vontade de não desanimar jamais. Prometo a vós, boa Madre que com meus esforços ei de ser sempre melhor. Auxílio nunca me falta... hoje sinto que devo agradecer a Deus. Sem Ele falta tudo. Com o coração contrito e humilhado, venho pedir-lhe para ser admitida a santa Profissão. (carta de 15.10.1961). Na carta de pedido de 5.11.1967, escreve “Não tenho outro desejo, senão de ser admitida à profissão perpétua. “Boa Madre, não olheis a minha fraqueza, mas sim a fé e a boa vontade. Prometo mais fidelidade. ”Irmã Carmen Perini trabalhou em várias casas da Província, exercendo o papel de Marta (cozinheira). Irmã de caráter forte, mas esforçada, fervorosa nas orações, em espírito de fé e de sacrifício, pontual nos atos comuns. (carta da superiora Irmã Consolata Ruy em 13.10.1066). Causa da morte: compressão do bulbo espinhal.
Ir. Ofélia de Carvalho - Faço questão de dar o meu depoimento a respeito de Ir. Carmen Perini, a qual me edificou pela capacidade heroica de aceitar o sofrimento. Alguns dias antes de seu falecimento, quando eu morava na escola santa Teresinha (1976) ela chegou de Porto Alegre, do Lar do Bebê onde morava. Ela já estava em tratamento, mas sua grave enfermidade ainda não havia sido descoberta, tinha um tumor maligno na cabeça. Apesar de tantos exames, nem ela sabia o porquê de tantas dores, principalmente na cabeça, pernas, quadris. Dizia-me então: sinto dores terríveis. Mas a maior dor é saber que ninguém acredita que eu possa estar me queixando com razão “não acreditam nas minhas queixas...” “essa dor é para mim ainda maior! Mas Deus sabe. Ofereço tudo a Jesus! ”. Ir. Carmen não se entregou. Tinha espírito de sacrifício; cozinhava muito bem e caprichava nas variedades das receitas. Sua expressão com as Irmãs que lhe solicitavam algo era: “minha querida...” também era alegre, humorista, gostava de música, ritmos. Passou apenas uns dias conosco quando foi pela última vez verificar seu estado de saúde, através de exames em Marília, onde faleceu durante o exame de arteriografia, quando se lhe explodiu o grande tumor levando-a a morte instantânea. Seu velório foi na Capela Imaculada Conceição em Santa Felicidade. Olhando-a tão serena na urna mortuária eu me lembrava das palavras: “mas Deus sabe”, “ofereço tudo a Jesus! ”
Irmã Isaura Carlessi - Vivi algum tempo com a Ir. Carmem. Irmã de oração, piedosa, gostava de rezar, era com entusiasmo que fazia as orações comunitárias e pessoais. Era serviçal e disponível; sabia pedir desculpas quando ofendia alguém, amava seus familiares e era amada por eles. Era sempre alegre e descontraída.
Irmã Maria Ângela Juliani - Fui companheira da Ir. Carmem, entre os anos de 1969 a 1970 na Escola Imaculada Conceição, Santa Felicidade. Irmã de gênio forte lutava para superar suas limitações. Humilhava-se após as quedas. A oração foi uma de suas armas na caminhada de consagrada. Exercitava a caridade e dedicação para com as pessoas necessitadas. Boa hospitaleira sabia acolher os visitantes. Como cozinheira procurava satisfazer os desejos das Irmãs. Muitas vezes, por razão de estudos, eu chegava a casa atrasada e ela deixava seu descanso, seu recreio, a companhia das outras Irmãs e ia para a cozinha para me servir, com fina delicadeza. Amava e preocupava-se com a família promovendo reuniões, a fim de juntos resolverem seus problemas e continuarem sua caminhada na paz e na união.
Irmã Lenira Casagrande - Ir. Carmem era uma pessoa boníssima mesmo com grandes dificuldades devido as suas limitações do próprio caráter. Era de uma simplicidade extraordinária não se deixava levar pelo amor próprio. Sempre se oferecia para fazer os mais humildes e duros serviços. Prestou serviços com grande doação por muitos anos na cozinha. Como enfermeira era uma mãe bondosa para com as crianças, afogava a todos com muito carinho e atendia com muita bondade e solicitude aos pais e familiares das mesmas crianças. Cativava a todos com seu jeito simples e ensinava a rezar ao dar lição de catecismo. Tinha um velado amor pelas vocações. Dedicava grande respeito e carinho aos superiores e sobre tudo grande obediência. Não tinha muita cultura, mas era muito esforçada, se dedicava a estudos, a leituras e se submetia a correção com grande humildade principalmente dos superiores. Se errava, ajoelhava-se para pedir perdão. Sempre demonstrou desejos de ser missionária do amor do Coração de Jesus onde a obediência a quisesse mandar. Obrigada Ir. Carmem por você ter Conseguido com muito espírito de sacrifício roubar o céu tão cedo (Pronunciamento de 28/7/1994).
Irmã Silviana Salomão – A Irmã era alegre, de temperamento muito forte. Como atendente de enfermagem amava seus doentes, em especial os mais idosos. Na última vez que a encontrei em Santa Terezinha, poucos dias antes de sua morte, abraçou-me, pediu-me perdão e orações para ser melhor. Moramos juntas em Pato Branco (Pronunciamento de 25/3/1993).
Comunidade de Nova Esperança - 1976 sofreu muito com a doença num tumor na cabeça. Foi muito incompreendida porque os médicos não conseguiam encontrar sua doença, sofreu com os comentários de outras (Pronunciamento de 1976).
Irmã Maria de Lourdes Castanha - Ir. Lenir Maria Duarte, Irmã Verônica Soffiatti. Ir. Carmem era impulsiva, forte, alegre, simples, humilde, extrovertida, caridosa, pedia perdão de tudo e prestativa. Entrou mais ou menos com 24 anos, tinha um irmão Padre e uma religiosa, natural de Pomerode, SC. Rezava bastante, sempre pontual, devota da Eucaristia e de Nossa Senhora. De cultura média. Era exímia cozinheira, enfermeira no hospital César Pernetta, em Curitiba. Quando ofendia alguém tinha coragem de voltar e pedir perdão ajoelhada, retomava o caminho sempre, rezava o terço constantemente e se esforçava para ser melhor. Obediente, sabia ficar no seu lugar, era pobre e nada exigia, comportava-se com distinção. Participava com alegria dos atos comuns, era zelosa. Apesar da intensa dor era resignada, porém sua doença só foi conhecida após a morte. Era portadora de um grande tumor cerebral que causou tanto transtorno em sua vida. Sua doença não foi detectada em vida, apesar de ter visitado muitos médicos e feitos vários exames, tinha crises de nervosismo sendo difícil a convivência, sabia que não era aceita nas comunidades, e sofria por isso, pois sabia não estar bem, mas nada se descobria, sempre era Ir. Carmem Perini dito, “é psicológico ela não tem nada”, etc. SÓ DEPOIS TODOS A COMPREENDERAM! (Pronunciamento de 23/3/1993).
Ir. Isaura e Comunidade - Ir. Carmem era de estatura alta, robusta, sempre com um simpático sorriso, muito expansiva. Seu olhar, muitas vezes era de desmontar qualquer pessoa. Mas normalmente era uma pessoa muito amiga. Seu temperamento colérico as vezes fazia coisas impossíveis. Muito inteligente e de cultura boa. Seu crescimento espiritual foi significativo. Devotíssima do Coração de Jesus e de Madre Clélia. Dedicava grande parte de seu tempo para falar de Deus aos doentes que tanto amava. Uma religiosa, que através de sua doação ao Senhor, era capaz de superar qualquer dificuldade que lhe aparecia. Pois tinha plena confiança que o Coração de Jesus jamais a abandonaria.