IR. MAFALDA ORLANDI

IR. MAFALDA ORLANDI

25/05/1914 + 10/10/1990 -------------------------

Biografia

 

Órfã de pai e mãe, caçula de 4 irmãos e com primas religiosas, foi fácil, para a família, aceitar sua decisão de consagrar-se a Deus na vida religiosa. Para ser religiosa, abdicou de tudo, inclusive do próprio nome, Angelina de que gostava muito, para ser chamada Mafalda, nome do qual não gostava, segundo ela mesma confessou, mas acabou acostumando-se. O mais difícil, porém, não era isso; e, sim, renegar à própria vontade, 24 horas por dia. Isso foi um pouco difícil... Mas Jesus dá força e a gente faz tudo por seu amor. (Entrevista dada por ela ao Jornal do Domingo, Campinas 8/2/87).

 

A missão de Ir. Mafalda restringiu-se a duas comunidades: de 1938 a 1978, portanto  um período de 40 anos, esteve no Hospital Matarazzo, em São Paulo,SP, trabalhando como atendente de enfermagem; de 1979 a 1990, na Casa de Saúde Campinas, em Campinas,SP. Por muitos anos, continuando uma tradição existente, esteve a serviço da Condessa Matarazzo, como enfermeira particular, acompanhando-a e cuidando de sua saúde. De grande espírito de sacrifício, amor ao Instituto, foi sempre pronta em atender às mínimas necessidades das coirmãs. Era prudente, fácil em pedir perdão e generosa no perdoar. Em Campinas, dedicava-se à Pastoral da Saúde. Era solícita em visitar, diariamente, os doentes; levava-lhes a Santíssima Eucaristia, confortava-os em seus sofrimentos.

 

A morte parecia estar com pressa de acolhê-la e devolvê-la ao Pai, que a criou e a amou com amor de predileção, escolhendo-a entre muitas para ser sua filha e esposa de seu Filho. Em apenas vinte dias sentiu-se mal, foi internada, esteve na U.T.I. onde ficou durante quinze dias. Manifestando sinais de melhora, foi transferida para o quarto. Dois dias depois, entregou sua alma ao Criador, aos 76 anos de idade e 54 de vida religiosa. Deus, rico em misericórdia, sempre fiel, lhe conceda a recompensa, na paz de sua presença; e, junto à Madre Clélia e a todas as Apóstolas que a precederam, interceda por nós que ainda peregrinamos.

 

Depoimento

 

Vilma de Barros Mattos - jornalista que fez uma reportagem da Irmã, para o jornal de Campinas para o dia 8 de fevereiro de 1987. [ ... ] Ir. Mafalda com 71 anos de idade e 50 de Vida Religiosa. É italiana, nasceu em Roma, onde iniciou sua missão religiosa aos 18 anos, para atender sua própria vontade. “Eu tinha vocação mesmo. Eu percebi porque não queria ficar no mundo, sempre  preferi um lugar isolado, retirado e fui para o convento”.  Veio para o Brasil com 23 anos com a promessa de voltar no prazo de 10 anos. Está aqui até hoje, embora por muita vezes tenha desejado voltar. “Eu vim para cá de medo que me mandassem embora do convento. Depois com a guerra a gente não podia voltar e fui ficando e só voltei a passeio”. Missionária do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, Ir. Mafalda trabalhou 40 anos como enfermeira no Hospital e Maternidade Matarazzo, em são Paulo. Aposentada veio para Campinas,SP, onde está há sete anos na única casa que a Congregação mantém na cidade e hoje é voluntária na Casa de Saúde. Para ser religiosa abdicou de tudo, inclusive do próprio nome Angelina, gostava muito, de ser chamada de Mafalda, que ela, confessa nunca gostou, mas acabou se acostumando. “Atualmente a Igreja não exige, mas naquela época a gente tinha que abdicar até do nome, e como a filha do rei da Itália se chamava Mafalda me deram esse nome”, lamenta ela. Mas, o mais difícil não foi isso, como conta Ir. Mafalda. “O mais difícil foi renegar a própria vontade. Porque como freira, a gente precisa obedecer as Normas do Instituto. E isso no princípio foi um pouco difícil. Mas Nosso Senhor nos dá força  e a gente é capaz de tudo pelo amor a Deus e acaba se acostumando”. Ir. Mafalda nunca  namorou, sempre viu os homens como amigos e nunca pensou em ser mãe. “ Eu tinha tanto serviço que não dava tempo para pensar nisso”, diz. Garante também que nunca sentiu solidão “a não ser a que todo mundo sente as vezes. Mas isso a vida comunitária ajuda muito a combater”.O dia de Ir. Mafalda começa logo às 5h30. Levanta-se, reza, participa da Missa e após o café sai para o trabalho. Antes do almoço às 12 horas tem a oração comunitária, tornando em seguida para o trabalho; à tarde faz meditação com as outras Irmãs, segue o jantar, a oração da noite. Tanta oração é necessária, segundo a Ir.Mafalda “porque a gente tem por obrigação rezar para o mundo inteiro”. Depois do telejornal é o descanso noturno. Ir. Mafalda reconhece que é uma vida de sacrifício, mas não se queixa, nem se arrepende de nada “e se pudesse voltar atrás, seria freira novamente”, diz sorridente[...].