Ir. Geltrude Lunardon
24/07/1899 – † 30/11/1981Biografia
Ir. Gertrude passou sua vida religiosa como Apóstola humilde e silenciosa. Seu grande espírito de sacrifício a fazia trabalhar em silêncio e em constante união com Deus. Foi uma pessoa de oração, um pára-raios para a comunidade e para o Instituto. Dedicava um amor especial pelas jovens vocacionadas, pelos sacerdotes e por todos os seus familiares. Nutria profunda devoção a Maria Santíssima e às almas do Purgatório. Realizou sua missão de Apóstola, primeiramente em Colombo,PR, como responsável pela cozinha e, em seguida, no Colégio Sagrado Coração de Jesus de Curitiba, por 49 anos, sempre como coordenadora da cozinha.
Em 1969, retirou-se para a Casa São José e lá passou os últimos anos de sua preciosa existência.
De sólida piedade, não se deixou abater nem mesmo nas horas de maior sofrimento. Sua vida edificante deixou uma centelha de luz nos corações que a amaram em vida e a acompanharam com suas orações na passagem para a eternidade feliz.
Depoimentos
Ir. Maria Ângela Juliani - Conheci Ir. Gertrude quando era aspirante no Colégio Sagrado Coração de Jesus (1944-48). Pessoa simples, humilde, de pouco estudo, mas possuidora de compreensão, discernimento e pedagogia inata que superava às pessoas mais cultas. Cozinheira ótima. Era responsável pelos serviços da cozinha para 160 pessoas, diariamente. No silêncio, deixava transparecer delicadeza e caridade. Era paciente e delicada com as aspirantes que a ajudavam. Oferecia-lhes sempre seus gostosos petiscos. Sabia aceitar, suportar e desculpar. Exigia de acordo com a capacidade de cada uma. Notava-se grande carinho em preparar o alimento para as Irmãs. Para as doentes e necessitadas usava as mais delicadas atenções. Sabia aceitar e entrosar-se com todas. Lembro-me de sua atenção e carinho para com uma Irmã difícil. Era respeitosa e compreensiva com os superiores. Nunca a vi criticar ou falar mal de alguém, mesmo em suas dificuldades e doenças. Pessoa de oração, sacrifício e imolação. Contam que na última doença que a deixou de cama, por vários meses, o Vigário da Paróquia, Pe. Maximiliano gostava de visitá-la com frequência, pois dizia aprender muito com sua serenidade e entrega nas mãos de Deus. (Pronunciamento da década de 90).
Ir. Thereza Paulin - Desde a época de meu aspirantado muito me impressionou a vida desta Apóstola. Era uma mulher que transmitia paz, harmonia interior, e bondade para todos que dela se aproximavam ou conviveram com ela. No seu rosto sempre brilhava um sorriso que era expressão do acolhimento que se apresentava diante das pessoas no dia a dia. A imagem de Ir. Gertrude é aos pés do fogão, que durante mais ou menos 40 anos, podemos dizer toda uma vida, foi a expressão de seu grande amor a Deus e aos irmãos. Sua missão se resumiu em estar a serviço através do fogão, o que denota o seu grande espírito de sacrifício, abnegação e humildade. Na época o trabalho de cozinha não era fácil, pois o “SAGRADO” tinha mais ou menos 130 alunas internas, além das aspirantes e Irmãs e não possuía os maquinários que facilitavam o trabalho; tudo era manual e feito com muito sacrifício. Ao todo eram 200 pessoas servidas diariamente, com grande amor, dedicação e doação na cozinha da Ir. Gertrude. Era uma ótima cozinheira e gostava de agradar a todos oferecendo bons pratos. Com suas ajudantes e aspirantes tinha muita caridade e paciência. Mesmo com a idade avançada e pouca saúde, pois tinha sério problema nas pernas, jamais se queixava de seu trabalho exaustivo. Para com os superiores e coirmãs tinha respeito e delicadeza. Edificante era no trato para com os pobres que batiam na janela da dispensa em procura de um prato de comida. Gostava de atendê-los, pois com a comida sempre uma boa palavra brotava de seus lábios. Outra imagem linda que conservo da Ir.: sua atitude de oração na Capela. Após o almoço, quando os afazeres da cozinha se acalmavam, ela dirigia-se à Capela e lá permanecia longas horas, em oração. Tinha também o costume de recitar o terço, durante o trabalho na cozinha, com suas ajudantes. Durante sua enfermidade, na Casa São José, edificou a todos pela sua serenidade e paciência. Era muito grata pelos cuidados que lhe eram prestados. O terço foi seu companheiro inseparável, até o momento que deixou este mundo para receber a recompensa de sua fidelidade (Pronunciamento da década de 90).
Ir. Inês Frasson - Conheci Ir. Gertrude desde 1953 quando entrei no juvenato do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Curitiba. Desde menina me impressionava o seu jeito sereno de andar, de olhar, seu sorriso que acolhia e cativava a todos. Seu porte alto, magro, impunha convicção, equilíbrio, segurança e respeito. Nós, meninas, tínhamos até um pouco de medo. Ir. Gertrude era uma pessoa calma, aparentemente tranquila; de temperamento colérico, mas se controlava muito, seu serviço de vez em quando a agitava, porém sabia se controlar. Sua vida simples refletia o amor a sua vocação, como Deus chama também os simples, dotados de muito amor. Seu amor aos pobres era profundo. Sempre que podia diariamente ia até a janelinha da dispensa onde havia acesso à rua, distribuía o pão, ou comida acompanhada de uma palavra de entusiasmo ou orientação. Sempre repetia aos pobres: “você precisa trabalhar, pois o pão não cai do céu. É mais digno trabalhar do que pedir”. Ir. Gertrude possuía pouca formação cultural, porém dotada de uma grande capacidade de administrar uma cozinha; era econômica, criativa, sabia fazer as coisas e aproveitá-las. Além da cozinha, trabalhava na rouparia e lavanderia das Irmãs. Tudo fazia com maior perfeição. Seu crescimento espiritual era uma ascese constante. Ela dizia: “Se vai ao céu com pequenas coisas, cada grão de arroz que você limpa por amor a Jesus, são pétalas de rosas que você coloca aos pés de Jesus para entrar no céu”.
Ensinou-nos muito a rezar jaculatórias e o terço das almas. Posso afirmar que dentro de seu trabalho ela revelou muito zelo, responsabilidade, dedicação. As virtudes que mais desenvolveu no meio das Irmãs e no serviço foram: humildade, simplicidade, zelo pelas vocações, rígida e modesta no olhar. Eu a admirava muito, sobretudo seu testemunho de vida religiosa exemplar, seu amor aos superiores e à Igreja. Vivi somente no período de formação até ir para o noviciado (pronunciamento de 20/5/1993).
Ir. Brígida Carlessi - Ir. Gertrude era tranquila, acolhedora, foi a primeira Apóstola que me acolheu e com quem trabalhei por muito tempo como aspirante e depois tive a graça cuidar dela alguns dias, em sua doença. Era de caráter forte, mas notava-se que havia trabalhado sobre si mesma. Os pequenos ímpetos eram seguidos de delicadeza. Sempre procurava fazer algo diferente e melhor para as Irmãs doentes. Contava que era ainda pequena quando viu as Irmãs. Ficou tão encantada que desejava ir sempre ao Colégio para estar com elas. Às vezes fugia de casa para ir com as Irmãs. Sua maior paixão era amar a Jesus de quem as Irmãs tanto falavam. Sua formação intelectual era pouco compatível com a época, porém superava-a por sua formação moral e espiritual. Era prudente, amiga, rezava muito; decidida no trabalho, espírito de sacrifício, obediente e disponível. Quando a conheci faziam uns 30 anos que já trabalhava como Marta, na cozinha. Ela levantava de madrugada para começar suas atividades, sempre pronta em atender às Irmãs. Lembro-me de que tinha sempre o café pronto, porque a Irmã do Internato, Ir. Silvia Vieira ia escondidinha, fora de hora, dava uma olhada se a superiora não estava e tomava o café. A Ir. Gertrude todo dia e religiosamente submetia o cardápio à superiora e não saia da linha. Para as Irmãs doentes com suas dietas, cozinhava à parte em tantas panelinhas. Sempre esperava servir a refeição das internas, Irmãs e aspirantes e quando todas estavam servidas e não faltava nada, é que ia almoçar. Era a primeira a trabalhar e a última a descansar. Distinguia-se pela humildade, simplicidade, obediência, espírito de pobreza e oração, zelo pela salvação das almas, amor às pequenas coisas, mortificada, de espírito de sacrifício e caridosa. Era uma Irmã silenciosa, desprendida de si, não se vangloriava de tudo que sabia de sua experiência: sempre partilhava com simplicidade e aceitava as coirmãs que eram colocadas para trabalhar com ela, ensinando-as com muito amor. Foi nesta época que a Catarina Gardin entrou na cozinha, enquanto ela crescia no amor a Jesus que tanto falava, nós crianças nada entendíamos. Expressava em suas atitudes, o amor pelos votos que assumia para valer e amava intensamente a Jesus. Rezava diariamente o terço pela conversão dos pecadores, pelo bem da Igreja pelos missionários, falava sempre de Madre Clélia e dizia que não se podia falar abertamente, porque Roma ainda não permitia; incentivava a ser como Santa Teresinha que amava as pequenas coisas. Ficava a sós, em silêncio, ante Jesus Eucarístico e incentivava as visitas a Jesus. Na vida comunitária, sentia quando não podia estar presente aos atos comuns, porém não deixava de rezar e oferecer a Deus seu trabalho. Na vida apostólica, foi verdadeira Apóstola, missionária no silêncio e na vida escondida. Admirava-a pelo seu espírito de sacrifício, oração e submissão. No período de sua doença tive a oportunidade de cuidar dela por alguns dias. Quando impossibilitada de andar, aceitava tudo que sempre estava bom para ela. Lembro–me que pedimos para ela ir ao Colégio Sagrado Coração de Jesus ao invés de ir à Betânia, porque ficava perto de nós para irmos atendê-la e ela aceitou para não nos magoar, mas para a Madre Provincial falou que estava bem lá, e não desejava incomodar ninguém. Ir. Gertrude amava as vocacionadas e tinha imensa paciência com elas. Dava-lhes sempre uma boa palavra e as encorajava quando as percebia desanimadas, avisava-as de suas falhas e dizia sempre “tudo por Jesus” Rezava todos os dias a oração de Madre Clélia: “não nos negueis...” e “ Madre dolce e cara” (Pronunciamento de 1/3/1993).
Ir. Giselda Pellanda - Conheci-a nos idos de
Ir. Clarice Mari Romagna - Ir. Gertrude testemunhou a sua consagração como Apóstola do Sagrado Coração de Jesus. Viveu como pessoa, a dimensão do seu ser desconcentrado de seu eu, buscando o bem do outro, apresentando características de altruísmo. O seu caráter apresentava características também com relação a sua forma de ser: acolhedora, prestativa, facilitadora, incentivadora, de ação, social, companheira. Sua espiritualidade, vivida à luz do Sagrado Coração de Jesus, com fé, amor e esperança. Suas virtudes: a coragem, a confiabilidade e a ação (Pronunciamento de 25/3/1993).
Ir. Lucia Mangolim - Ir. Gertrude era alta, olhar compenetrado, transmitia segurança e firmeza. Era rápida e exigente e ao mesmo tempo carinhosa, sempre atenta às necessidades das vocacionadas. Fez do fogão seu altar de santificação, assumindo sempre com alegria, oferecendo tudo para maior glória do Coração de Jesus. Assim como era exigente com as coisas, percebia que sua vida espiritual era levava a sério. Exemplo disso é que vivia unida a Deus fazendo de seu serviço uma oração. Alguém que sempre lutou para ser fiel aos compromissos cristãos e religiosos, sendo transparente, dizia e fazia. Embora sem muita cultura, tinha aptidão e organização para desempenhar suas obrigações. Na simplicidade adquiriu santidade. Cozinheira por 40 anos no Colégio Sagrado Coração de Jesus, fez da cozinha seu campo de missão. Edificou muito sua postura junto ao calor do fogão e os fazeres diários, sem reclamações, embora tivesse feridas nas pernas. Tinha espírito de sacrifício, humildade, alegria, doação, generosidade. Amava indistintamente, viveu radicalmente o desprendimento. Uma religiosa de muita oração. Extravasava tudo isso na comunidade e era incentivo para as vocacionadas. Seu silêncio habitual demonstrava forte espírito de oração. Apóstola ardorosa e fiel. Fez bem feito o que tinha para fazer. Sua vida foi uma oração.
Ir. Neuza Maria Ferreira - Ir. Gertrude era alta, magra, doente. A vida de Ir. Gertrude foi de muito sofrimento e doação. Ela possuía uma ferida na perna que constantemente precisava ser levada às pressas ao hospital, pois essa ferida abria-se e jorrava sangue como uma torneira aberta. Era muito calma. Todo tempo que a conheci, foi no serviço de cozinheira no Colégio Sagrado Coração de Jesus. Era uma criatura de sacrifício e oração.
Comunidade de Nova esperança - Ir. Gertrude foi uma Irmã de grande sacrifício, paciente, dedicada, compreensiva; sofria tudo em silêncio; rezava muito; Levantava cedo, mais ou menos às 4h da manhã para rezar e fazer o café para 180 pessoas (internas, aspirantes e irmãs). Foi uma pessoa de sacrifício, doação e oração. Repetia sempre para as aspirantes: “FAÇAM TUDO POR AMOR A JESUS”. Não era de falar, pois era silenciosa. Trabalhava na cozinha e morreu na Casa S. José (pronunciamento de 1981).
Comunidade de Laguna - Ir. Gertude era alta e magra. De uma paciência extraordinária. Sempre trabalhou na cozinha; tinha o dom de bem servir. Era de muita oração, paciência, espírito de pobreza e de sacrifício, muito generosa, amor as vocações e simplicidade. Frase que sintetiza sua vida. Sua vida foi vivida na simplicidade, doação, humildade e vida escondida.
Ir. Zélia Cavassin - Ir. Gertrude era simples, humilde, generosa, dedicada, de espírito de sacrifício, caridosa, paciente, mansa, afável. Nutria grande amor a Jesus Eucarístico, amava esse divino Coração, o Instituto e os superiores. Era observante das Constituições e Diretório. Na doença foi muito paciente e resignada a vontade de Deus.
Ir. Fúlvia Perin – Ela foi cozinheira humilde, tranquila, observante da vida comunitária.