Ir. Gabriela Nodari

Ir. Gabriela Nodari

18/03/1902 - † 20/10/1987 -------------------------

Biografia

 

Depoimentos

Ir. Brígida Campos Cunha - “Tive a oportunidade de conviver com Ir. Gabriela, durante os anos de 1960 a 1964, no Colégio Sagrado Coração de Jesus em Curitiba. Nesse período ela preparava as alunas para os exames de admissão ao Ginásio. Apesar de sua idade avançada, ainda atuava com empenho na sua missão educativa. Na Comunidade, empenhava-se na observância religiosa, muito amiga das Irmãs, alegre e comunicativa”.

Comunidade Betânia - Ir. Gabriela cuidava da Capela, lecionava francês, era muito exigente  e gostava da ordem.

Comunidade de Águas da Prata - Ir. Gabriela Cuidava da Capela onde revelava o seu zelo com o ambiente sagrado. Foi uma professora por demais exigente, mas o seu jeito de ser não só conquistava, mas aproveitava para realizar o apostolado com os alunos.

Quando morou no Colégio Sagrado Coração de Jesus em Curitiba,PR, gostava de contar fatos da Igreja para suscitar o amor à mãe Igreja no coração das iniciantes à vida religiosa.

Ir. Leônia Cavassin - Conheci a Ir. Gabriela quando era juvenista. Era sacristã e eu ajudava a fazer limpeza na capela. Sua ordem era para eu tirar o pó dos bancos de duas a três vezes. Muito exigente, nunca considerava bom o serviço, era perfeccionista. Fazia tricô e crochê, apreciados por todos.

Ir. Irene Cavassin -  Apóstola simples, séria, mas de coração generoso. Sentia-se feliz ao agraciar alguém. Louvava o Senhor através das flores, plantinhas ornamentais que com amor cultivava. Exerceu também a função de docente na área de História Geral e do Brasil. Fui sua aluna na segunda série Ginasial, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Curitiba,PR. Confesso que aprendi. O que muito me marcou em suas aulas foi o zelo pelo Coração de Jesus. Não tinha respeito humano e divulgava a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Tinha um carinho especial pelas Irmãs jovens. Dizia: “Tutto per Gesù”. Tricotava e fazia crochê muito bem. Cada pontinho que dava era um ato de amor a Jesus. Rezava muito pela conversão dos pecadores. Tinha respeito e amor pelos superiores. Ir. Gabriela deixou exemplo de abandono, tanto que quando morreu estava sozinha. Nenhuma Apóstola lá se encontrava. De morte repentina, enquanto descansava após o almoço, o Coração de Jesus a levou para junto de si, também “só” numa oferenda completa de uma missão cumprida. Ela entrou no Coração de Jesus, e neste Coração permanecerá eternamente. A ela homenagem e gratidão (pronunciamento de 12/1994).

Depoente não identificada - Sabemos pelas nossas Constituições, art. 115, que cada Apóstola deve cultivar e aumentar em si a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, não só para alcançar a própria santificação, mas também para tornar mais eficiente seu apostolado. Ir. Gabriela foi uma das Apóstolas que deixou transparecer em sua vida como expressão do nosso Carisma este zelo e dedicação incansável pela glória do Sagrado Coração de Jesus. Entre as alunas e professores era assídua e fiel, promovendo a inscrição no Apostolado da Oração, difusão do Mensageiro do Coração de Jesus, incentivando a freqüência a Comunhão reparadora, em honra ao S. Coração de Jesus na 1ª sexta-feira, como também a oração diária do Oferecimento do dia. Esta foi uma forte característica sua. Sempre admirei também nela, sua preocupação em preparar-se bem e com responsabilidade para dar suas aulas; amava muito suas alunas; foi muito exigente e soube usar bem a inteligência que Deus lhe deu. De temperamento muito forte, procurava se dominar, fazia muita violência para não explodir, e procurava imitar Jesus manso e humilde; reconhecia suas fraquezas e diante delas se humilhava para corrigir-se Na oração e exercício das virtudes, como boa Apóstola, procurava o domínio de si, com seu testemunho de fidelidade nas pequenas coisas, na simplicidade de vida e na caridade. Após uma falta, tudo ficava bem de novo. Muito habilidosa colocou a serviço seus dons artísticos, e bastante sensível amava a natureza, as flores, os pássaros, servindo-lhe para elevação de seu espírito.

Ir. Rosalina Conte - Ir. Gabriela foi uma pessoa de oração, amava seu ofício, era zelosa para as coisas do Deus, tinha respeito para com os Superiores, era muito pontual nos atos comuns e tinha muito amor a Congregação.

Irmã Zélia Cavassin - Irmã de temperamento forte, porém se reconhecia e se humilhava, tinha grande amor pelo Instituto e era observante das Constituições. Rezava bastante e era carinhosa, tinha grande devoção ao S. Coração de Jesus e também a Jesus no Ssmo. Sacramento do altar.

Irmã Josefa Gonella - Eximia professora e dotada de uma grande inteligência, dedicou seus anos de vida à Educação: professora dedicada, exigente, boa e acolhedora. Ensinava o saber com as palavras e o amor com seu testemunho de vida.

Em 1921, foi professora em Umbará, Curitiba/PR.

1922 a 1948-em Cafelândia/SP

1949 a 1951-no Colégio Sagrado Coração de Jesus–Curitiba/PR

1951-na Escola Imaculada Conceição-Santa Felicidade,Curitiba/PR

1952 a 1967- no Colégio Sagrado Coração de Jesus–Curitiba/PR

1967 a 1969-na Casa São José-Curitiba/PR, exerceu seu trabalho como Superiora da casa.

Em 1970 na Escola Imaculada Conceição, Santa Felicidade-Curitiba/PR, dedicou-se ao cultivo das flores e das folhagens e aos trabalhos manuais.

1962 a 1987, na Casa São José, Santa Felicidade, Curitiba/PR, dedicou sua vida à oração, à meditação, aos trabalhos mais humildes da casa, aos trabalhos manuais: tricô, crochê, era muito habilidosa. Há tempo vinha sofrendo distúrbios circulatórios e aneurisma.

No dia 20 de outubro, às 16horas, na Casa São José, Curitiba, entregou sua linda alma a Deus, morrendo a idade de 85 anos e com 67 anos de Vida Religiosa. O Coração de Jesus colheu-a no mais profundo silêncio, na paz e na oração. Faleceu em seu quarto, de colapso cardíaco. Quem a assistiu foram os anjos e toda a corte celeste. Ninguém a viu morrer. Não quis perturbar suas queridas coirmãs nem para morrer. Fechou os olhos para esta vida. Abriu-os para a eternidade, onde contempla a glória e o esplendor de Deus, recebendo do Coração de Jesus a coroa e o prêmio da vitória reservada aos que O seguem na fidelidade.

Dotada de grandes qualidades, dons naturais e da graça, foi sempre muito serviçal, generosa, caridosa, piedosa; zelo ardente na salvação das almas. Testemunhou em sua vida o amor, a doação, a alegria; amante do sacrifício e das pequeninas coisas feitas com amor; comunicativa, alegre, social; nas suas amizades, em seus diálogos, trazia todos para mais perto de Jesus e de Maria; sensível ao belo, à natureza, tinha um carinho especial às aves e ás flores. Sua vida foi revestida de simplicidade, bondade, dedicação. Testemunhou fé em seus atos e palavras. Reconhecia ter um gênio forte e explosivo, porém sempre lutou para se purificar e imitar o Coração de Jesus, manso e humilde.

Rezava diariamente pela Pátria e para que Deus dirigisse os governantes. Escolheu fazer somente a Vontade de Deus.

Foi resignada nos sofrimentos e contratempos da doença. Com nossas orações de regra e, sobretudo com a Santa Missa, roguemos ao Senhor que a acolha no Paraíso, recompensando-a pelo seu testemunho de coerência e fidelidade à vida religiosa. Sua vida exemplar e de intimidade com o Senhor, nos reanime e nos renove para buscarmos somente o que agrada o Coração de Jesus. Maria, a Mãe que ela tanto amou a acolha na glória (pronunciamento de 21/10/1987).

Irmã Neuza Maria Ferreira – Ela foi professora no colégio Sagrado coração de Jesus, em Curitiba. Era conhecida como boa professora em conteúdo  e didática.. Seus alunos para passar, tinham que saber. Era enérgica consigo e com os alunos, em relação ao estudo. Na comunidade era responsável pela limpeza da capela, cantina e folhagens. Seus últimos anos passou na Casa São José. Dedicava-se a fazer tricô e crochê por sinal muito bem feitos e bonitos. Irmã Gabriela gostava de sair no bairro para comprar enfeites para seus trabalhos e vendê- los. Ela era determinada no que queria e fazia. Tinha muitos amigos, principalmente as senhoras que freqüentavam a Casa São José. Além dos trabalhos manuais, dedicava-se à vida de oração. Rezava muito! Todos os dias fazia a Via-Sacra. Certamente morreu rezando.

Ir. Zélia Cavassin - Ir. Gabriela era de estatura média, robusta, olhos castanhos, semblante fechado, porte digno. Temperamento sangüíneo, trabalhado. Era um tanto rude. Professora, cumpridora de seus deveres, mas um pouco comodista. Porém muito exigente com seus alunos. Tinha espírito de oração e inculcava a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Nutria um grande amor ao Instituto e aos superiores. Na doença oferecia seus sofrimentos a Jesus com paciência, mas dizia: “meu Deus, até quando ...”?

Comunidade de Nova Esperança - Ir. Gabriela, a grande amiga da natureza: amava as flores, os passarinhos, as folhagens; amiga da ordem e da limpeza; caridosa, ensinava as aspirantes no estudo e trabalhos da casa. Era de média estatura, robusta, clara, corada; era exímia professora de História. Caráter forte, explosivo, decidido, mas humilde para reconhecer e pedir desculpas; era séria e cumpridora do dever (pronunciamento de 1987).

Comunidade de Laguna - Ir. Gabriela era de temperamento forte exigente com ela mesma e com os que trabalhavam com ela. Ótima professora de História; era responsável pela limpeza da capela e de tudo o que referia ao Altar. Tinha grande amor às vocacionadas; gostava de rezar e cultivava o amor e o respeito na Igreja, não admitia conversa na capela. Dizia que diante do Santíssimo, não se conversa. Procurava viver sua vida de consagrada, amando o Instituto, procurava viver intensamente o Carisma, como filha de Madre Clélia.

Regina Maria de Lima Kenappe - O presente depoimento é uma tentativa de transmitir um pouco sobre uma religiosa, uma grande Apóstola do Sagrado Coração de Jesus: Irmã Gabriela Nodari. Sou ex-aluna do Colégio Sagrado Coração de Jesus de Curitiba. Ingressei neste Colégio em 1958, na segunda série primária, onde realizei todos os meus estudos até 1966, quando me formei no curso Normal. Irmã Gabriela foi minha professora de História durante a 1ª e 2ª séries do curso Ginasial, nos anos de 1960 a 61, respectivamente. Dedicada inteiramente a Deus, à devoção ao Sagrado Coração de Jesus e à formação e instrução de jovens e crianças; foi um modelo de vida a ser seguido. Por suas mãos passaram gerações. Generosa, bondosa, justa, possuía uma personalidade marcante por sua força e capacidade em conduzir suas aulas com disciplina e respeito mútuo. Com esta energia e exigência mesclada a um grande amor por suas alunas, Ir. Gabriela contribuiu na minha educação e formação de mãe e mestra. Nas suas aulas fazia um verdadeiro apostolado. Englobava em sua disciplina ensinamento que nos conduzia ao verdadeiro caminho de Cristo, sem esquecer que tinha em suas mãos personalidades em desenvolvimento. Semeava em nossos corações a semente da verdadeira  Fé em Deus, que mais tarde ajudou-me a educar minhas filhas. Possuía um grande amor ao Sagrado Coração de Jesus e desejava fazê-Lo amado por todas as suas alunas. Levava a obra de Madre Clélia Merloni com dinamismo e todos os anos organizava a entrega de fitas do Apostolado da Oração às alunas e preparava com muito carinho a grande festa anual do Sagrado Coração de Jesus, quando íamos com nosso uniforme de gala participar da grande Missa. Não poderia deixar de citar um fato pitoresco que acontecia em algumas de suas aulas que para nós era especial. Não era possível a Ir. Gabriela iniciar sua aula sem antes mostrar os lindos quadrinhos, medalhas, santinhos, terço e revistas católicas que ela trazia, por nós encomendados. A partir daí, ela com sua postura, conseguia iniciar a aula tranquilamente. Tenho muito claro em minha mente, a presença de Ir. Gabriela no portão do Colégio, demonstrando neste gesto de acolhida e despedida, o zelo e a responsabilidade de proteger suas alunas como se fossem suas filhas. Ir. Gabriela Nodari, esta grande Apóstola e educadora, jamais será esquecida por seus alunos, pois foi um exemplo de amor e plena dedicação à formação e educação dos jovens e crianças. Fez de sua vida uma missão e tinha uma meta clara a de tornar o Coração de Jesus amado por todos (pronunciamento de 10/4/1993).

Daisi L. Grossmann Ziger - Ir. Gabriela Nadari, um nome que certamente em pessoas de minha geração ou de anteriores, irá despertar as mais variadas lembranças, pois foi, a meu ver, alguém que despertou em quem a conheceu e com ela conviveu as mais variadas opiniões. Havia quem a achasse muito brava, enérgica, exigente. Outras enxergavam-na por outro prisma, bem diverso, o da bondade e o da doçura. Eu, pessoalmente conheci a querida Ir. Gabriela, aos seis anos aproximadamente e confesso que cheguei perto dela pela primeira vez, muito temerosa. Ela foi professora de minha mãe e quando fui matriculada no Colégio Sagrado Coração de Jesus, já fui prevenida: “Se não se comportar, não for boa aluna, irá de castigo com a Ir. Gabriela, a mais brava de todo Colégio.” Lembro como se fosse hoje, eu tratava de passar bem longe dela e sem olhar para os lados. Nosso contato maior e mais de perto, foi já no ano seguinte, quando entrei para a 1ª série e comecei a ser preparada para a Primeira Comunhão, justamente pela temida Ir. Gabriela. Foi aí que comecei a conhecê-la e aprender a gostar dela. Lembro-me claramente de seus ensinamentos na Catequese e de sua extrema dedicação a esse trabalho. Ensinava e ensaiava com afinco cada detalhe para aquele que seria o nosso “grande dia”. Era ela quem cuidava e organizava tudo, até a escolha dos anjos que acompanhariam as crianças que fariam sua Primeira Comunhão; eu fui anjo varias vezes. As lembranças que tenho a partir daí, são as de uma pessoa maravilhosa, doce, meiga e muito “mãe” de suas alunas; ela era a mãe que sabia a hora certa de usar de severidade e energia e em seguida passar a mão na cabeça e com um largo sorriso, como que a se desculpar, retomar a confiança e a amizade quase partida, depois de um “pito” bem merecido como ela costumava dizer. Até castigos mais severos ela usava, como: deixar sem recreio, escrever 100 vezes uma frase educativa, estudar em pé num canto da sala, etc. Mas depois tudo voltava às boas. Fiquei sem mãe aos nove anos, no final da 3ª série, e aí ela me adotou de verdade, preocupando-se com cada detalhe do meu aprendizado e da minha educação. Fui sua aluna na 5ª série do Curso Primário, depois a tive como professora de História no antigo Ginásio, nos anos seguintes na 3ª e 4ª séries; ela também nossa exigente de classe, isto é, tomava conta de nossa turma no que se referia à disciplina e o andamento do aprendizado. Durante os três anos do Curso Normal, não fomos mais suas alunas, mas ela esteve sempre presente, ora incentivando, ora elogiando ou até mesmo criticando, quando necessário. Sempre vi a Ir. Gabriela e a recordo assim: sensível, bondosa, dedicada, super ativa, bem disposta, alegre, atenta a cada detalhe do dia-a-dia do Colégio, fiscalizando “nossas companhias”, nas entradas e saídas das aulas. Seu lugar predileto era o portão, não dava folga para quem ousasse namorar em frente o Colégio, ou mesmo só fazer hora, lá fora. Para nossos pais essa atitude era de exímio valor, pois sabiam que ficávamos muito bem “guardadas”, para eles era um sossego saber que ela estava sempre lá a nos vigiar, dava confiança aos pais saber que dificilmente sairíamos de lá, fora de hora. Outra atitude sua, que hoje acho engraçada, mas na época nos causava uma raiva tremenda, era sua fiscalização constante com o comprimento de nossas saias, que deviam estar sempre abaixo dos joelhos, senão dá-lhe barra de saia desmanchada, o jeito era esconder os joelhos mesmo contra a vontade. Irmã Gabriela não foi então, mais uma Irmã ou mais uma Professora em nossas vidas, foi “educadora”, orientadora e das modernas, num tempo em que era tudo pecado, ela sabia com muita graça conduzir-nos pela vida. Figura simples, discreta, mas também polêmica que caminhava bem a frente de sua época. Despertou muito amor e consideração de quase todas nós que fomos suas alunas, mas houve quem não a entendesse e nutrisse outros sentimentos por ela, como temor e, às vezes, até quem sabe, algum rancor. Numa época em que ainda não ousava falar em sexo dentro das escolas e em especial numa escola de Irmãs, ela lutou, brigou para conseguir um espaço para dar às suas alunas, algumas orientações básicas. Começava por nos orientar sobre a higiene pessoal, passando então para as noções de menstruação, como acontecia, o porquê, os cuidados que deveríamos ter, como enfrentar esse período tão importante da vida da mulher e com palavras simples nos ensinava de onde vinham os bebês, isso para o horror de muitas mães e avós. A minha avó, pessoa da mesma idade da Ir. Gabriela, ficou particularmente horrorizada quando comentei o que havia aprendido, disse-me muito brava: “Imagine se isso é conversa para uma menina de sua idade, ainda nem fez onze anos, e vem dizer que aprendeu com as freiras; este mundo está mesmo de pernas para o ar”. Isso foi no final da década de 50. Imagine como era “pra frente” a nossa Irmã Gabriela. Recordo-me também de um ensinamento muito útil para nós e raro na época que nos fosse dado por uma Irmã, mas a Ir. Gabriela não deixava por menos e nos aconselhava com entusiasmo: “Minhas filhas, se um dia vocês se casarem tratem seus maridos com maior carinho, respeito e amor, estejam sempre bem arrumadas, cheirosas e alegres na hora que eles devem chegar; marido que tem uma esposa amorosa, sempre bonitinha e com a casa acolhedora, dificilmente irá procurar outra mulher”. Outra faceta de sua personalidade forte e do seu caráter vamos encontrar em atividades diversas que ela sempre exerceu. Na época das Missões, movimentava o Colégio inteiro, sem exceção, não havia quem ficasse de fora. De alguma maneira, nós alunas, tínhamos que dar contribuição, se fosse aluna dela então tinha que trabalhar dobrado, pois a turma dela devia ser a vencedora em arrecadação, havia trabalho para todas: vender ingressos, arrecadar dinheiro com a venda de rifas e folhetos próprios para a ocasião, coleta de selos usados, trabalho nas barraquinhas, coleta de prendas, providenciar flores para enfeitar o Colégio  e participação direta em qualquer outra  atividade, não tinha perdão. Outro lado marcante dela e que considero o mais importante era o seu lado espiritual; era fora de série, caridosa, honestíssima e de uma fidelidade e devoção ao Sagrado Coração de Jesus que jamais encontrei igual e olha que estudei durante 13 anos no Colégio Sagrado Coração de Jesus e lecionei lá um ano. Durante 15 anos freqüentei o Colégio, pois minhas filhas estudaram lá e já quase quatro anos acompanho meu filho no Colégio Santa Teresinha do Menino Jesus, e, em todos esses anos de convívio com as Irmãs posso afirmar que essa devoção pelo Sagrado Coração, a Irmã Gabriela foi sem igual. Através dessa devoção tão grande, fazia parte do Apostolado da Oração e todas as suas alunas tornavam-se também membros desse Apostolado, depois de bem preparadas para a introdução no Apostolado, recebíamos as Fitas Vermelhas com a medalha do Sagrado Coração de Jesus, em discreta, mas muito importante cerimônia. A partir daí devíamos usar sempre nossas Fitas em qualquer cerimônia religiosa e participar, confessando e comungando na primeira sexta-feira do mês. No ‘Colégio Sagrado’ era feriado nesse dia, mas todas tínhamos que ir à Missa e depois recebíamos um lanche e íamos para casa. Além da primeira sexta-feira, era obrigação dos membros do Apostolado rezar diariamente o Oferecimento do dia e praticar boas ações, além é lógico de procurar difundir o Amor e Devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Devo a Ir. Gabriela o fato de ser uma grande devota do Sagrado Coração de Jesus e, através Dele ter obtido muitas graças e de muita importância. Ela realmente soube nos transmitir, de maneira muito bonita esse amor e devoção que sentia. E em nome dessa devoção aprendíamos com ela uma virtude que se destacava em seu caráter, a caridade. Quem foi aluna de Ir. Gabriela deve ter viva na lembrança as ‘célebres’ rifas para ajudar os seus pobrezinhos. Toda ex-aluna deve se lembrar com saudades a chegada dela à sala de aula. Cumprimentava-nos, fazia a chamada depois de fazermos a oração e aí partia para a rifa do dia, de acordo com o número de alunas presentes eram os números da rifa, um para cada uma, ninguém podia ser ‘pão-duro’ e querer esquivar-se a comprar um número. Dizia ela: “Conto com a colaboração de todas, senão o que será de meus pobrezinhos que vêm toda semana em busca de alimentos”? E os prêmios? Um terço, uma pequena imagem, um vaso de violetas cultivadas por ela e retirada de sua famosa coleção. Quando não havia rifa ela vendia santinhos e também era muito importante que todas colaborassem. Dia de aula com a Ir. Gabriela ninguém ia sem dinheiro, pois ajudar os seus pobres acabava tornado-se um hábito de todas. Como professora era também sem igual, sem querer desmerecer nenhum dos professores, mas ela era inimitável. Sabia história como ninguém: conhecia fatos, personagens, detalhes e nos transmitia tudo com maior segurança, só que, da mesma maneira que sabia ensinar, sabia cobrar cada detalhe de seus ensinamentos, muito justa, fazia além da prova escrita muitas provas orais, porque dessa maneira “aluna preguiçosa não pode colar”. Então só nos restava estudar, porque a prova oral era para arrasar.Além de todas essas virtudes, recordo-me ainda do seu amor, à natureza, aos pássaros, às plantas, aos animais e, sobretudo à sua coleção de violetas que eram cultivadas em uma sala do Colégio, havia violeta de todo tipo, simples, dobrada, e de todas as cores. Só quem elogiava suas violetas é quem tinha acesso à sala. Se fosse escrever sobre tudo de bom que a Ir. Gabriela me passou em 14 anos de convívio direto teria que escrever um livro, pois teria ainda muito mais a dizer. Quando saí do Sagrado, depois de ter concluído os estudos e ter lecionado durante um ano, fi-lo com dor no coração, porque ao deixar a casa que me acolheu deixava também a grande amiga, a mestra e a “mãe” que ela sempre foi para mim, mas saí feliz ao mesmo tempo porque ia casar-me, saí com as suas bênçãos e o compromisso dela estar sempre ao meu dispor em qualquer ocasião e assim foi. Depois de casada voltei a visitá-la várias vezes no Colégio Sagrado e depois no Colégio Imaculada Conceição, em Santa Felicidade. Fomos sempre recebidos com grande alegria, meu pai, meu marido e meus filhos.

Recordações bonitas e de muita gratidão para com ela, tem o meu pai que sempre lhe foi grato por sua atenção para comigo na falta de minha mãe, ela me adotou mesmo. Eu recordo-a com muito carinho, com seu sorriso largo e bondoso, com sua simplicidade e até mesmo com seus “pitos”, mas sobretudo relembro a sua maravilhosa devoção ao Sagrado Coração. Gostaria de penetrar na mente de cada uma das ex-alunas que porventura vem a ler esses depoimentos para observar a reação causada a cada uma ao remexerem em suas recordações adormecidas pelo tempo e ter conhecimento do que se recordam e que julgamento fariam agora passados os anos, da nossa ilustre personagem-Irmã Gabriela. Acredito sinceramente que ela está no Reino de Deus, num lugar muito especial, pertinho daquele a quem ela dedicou toda a sua existência e lutou para que todas aprendêssemos a amar também o Sagrado Coração de Jesus. Essas são as minhas recordações que, por serem verdadeiras, assino e dato. (pronunciamento de 13/04/19)