IR. GIUSEPPINA D´INGENHEIM
19/09/1864 + 16/07/1950Biografia
Madre Giuseppina, de família nobre, a quarta de seis filhos, descendente do Príncipe Guglielmo, recebeu na pia batismal o nome de Teresita. De rara inteligência e grande cultura, compreendeu bem o que era o mundo e não se deixou vencer pelos atrativos e ilusões da família, desprezando tudo o que lhe era oferecido.
Encontrando-se, em 1894, com Clélia Merloni, também ela de família nobre, alimentando o mesmo ideal, uniram-se para fundar uma nova Congregação. Seu sonho parecia realizar-se, porém o demônio não dormia. Mesmo assim, um futuro próspero surgia com a esperança de encontrar novas candidatas. Dificuldades sem conta pareciam sufocar o novo Instituto e vemos, então, a rica e culta Ir. Giuseppina, sujeitando-se a tudo: cozinhar, lavar roupa e pedir esmola. Clélia encontrou em Giuseppina um baluarte com quem podia contar para concretizar o seu ideal. O Instituto cresceu e as dificuldades não menos.
Quando tudo estava para sucumbir, a Divina Providência mandou-lhe em socorro o grande Bispo de Piacenza. E em 1900, realizou-se o ideal, há muito suspirado, mandando as primeiras religiosas para o Brasil, a fim de ajudar os imigrantes italianos, que necessitavam de assistência religiosa e, Madre Giuseppina, foi nomeada Superiora da missão. De caráter enérgico, espírito dominador, de grande iniciativa, não se abateu diante dos obstáculos e privações, mas os superou com firmeza viril e bom senso. Passou os primeiros anos em Santa Felicidade, cujos habitantes acolheram as Irmãs, com fé e entusiasmo, como se tivessem caído do céu.
Em 1905, Madre Clélia chamou Madre Giuseppina para a Itália e ela aproveitou para esclarecê-la da necessidade de aceitar Postulantes em Santa Felicidade e, oportunamente, abrir um Noviciado. E foi assim, que já, nesses anos, entraram as primeiras cinco postulantes. Retornando ao Brasil, em 1908, exerceu a função de Vigária Provincial até 1915.
Madre Josefina orientou muitas vocações sacerdotais e religiosas, as quais prestaram relevantes serviços à Igreja de Cristo e, especialmente, nos últimos tempos de sua vida, sentia-se feliz, quando revia uma de suas vocacionadas e exclamava: “Oh! le mie tose!”, (Oh! As minhas moças!) como costumava chamá-las.
Assumindo o cargo de Superiora Provincial, Madre Josefina visitou, inicialmente, as casas existentes e assumiu a expansão do Instituto com novas fundações em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Em seu governo houve a separação das Apóstolas e Carlistas. Outras casas foram abertas ao longo do anos.
1912 a encontramos em Tijucas/SC. Ali, além da privação das coisas necessárias, recebiam muitas vezes a visita de serpentes que entravam na cozinha, no dormitório e em toda parte, com perigo de serem atacadas. A casa ficava próxima a um rio e, quando transbordava, alagava tudo e deviam procurar abrigo em outro lugar, transportadas por um barco. Em 1915, foi nomeada Superiora da Casa de Colombo/PR, e aí sofreu uma crise cardíaca que quase a levou às portas da eternidade. De 1915 a 1925, Madre Josefina continuou tendo grande influência no Instituto, exercendo o cargo de Primeira Conselheira Geral.
Finalmente, passados alguns anos, quis terminar sua vida à cabeceira dos doentes do Hospital Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo/SP. Nessa grande comunidade, edificava a todos com a vivência das virtudes, praticadas com simplicidade e entusiasmo. Era de admirar a co-fundadora do Instituto, já idosa, que sempre ocupara o cargo de Superiora, obedecendo agora em tudo, estimando superioras e coirmãs (Biografia datilografada). Sua presença, mais que sua palavra, exercia salutar influência com quem convivia e, no entanto, como disse uma das Irmãs idosas, parecia revestida de um invólucro rude que se fazia temida, porém, debaixo dele havia um coração de ouro que a tornava amável e amada por quem a conhecia (Caritas Christi, n. único).
Disse Irmã Lucília Roseto: “Eu era jovem... Passando pelo hospital, julgava-a muito nervosa. Ela não gostava do barulho do recreio de 40 Irmãs numa sala, mas eu admirava sua obediência à Superiora que, para resguardar o momento de descontração das Irmãs, lhe dizia: Ir. Josefina pode ir dormir’. Ela, imediatamente, dava boa noite e se retirava. Rezava muito. Amava muito a Fundadora e o Instituto e, por isso, queria ver as suas coirmãs mais ponderadas e discretas, sem tanto barulho e risadas. Mas respeitava a todas, especialmente aquela que a acompanhava sempre”.
O ano de 1950 marcava o 50º de sua vinda para o Brasil. Estava sendo preparada a festa comemorativa deste evento, mas ela não quis participar, preferiu o céu. Morreu no dia 16 de julho, festa de Nossa Senhora do Carmo, Ano Santo, deixando um grande vazio entre todos aqueles que desfrutaram de sua presença edificante. A chama tinha dado os últimos jatos de luz: agora, brilhará para sempre na eternidade (Charitas Christi, n. único).
Irmã Thomásia Thomazi se lembra pouco de Irmã Josefina, mas um detalhe ficou em sua memória – ela não podia ver-nos sem fazer alguma coisa e já providenciava o que fazer, por exemplo: tirar a poeira dos bancos, passar roupas, ajeitar a capela, as flores, etc. Irmã Josefina fazia questão de que fôssemos visitar Jesus no Sacrário todos os dias antes de entrarmos em aula, para pedir as bênçãos. Para ela a Irmã Josefina era muito severa e a criançada tinha medo dela.