IR. FEDELE VAGNONI

IR. FEDELE VAGNONI

04/01/1914 + 17/12/1998 -------------------------

Biografia

 

Após um ano de Consagração definitiva ao Senhor, Ir. Fedele, na flor da juventude, na abertura de coração e disponibilidade para servir a Jesus, aceitou ser missionária no Brasil. A viagem de navio durou 16 dias, duas semanas, em pleno mar, dias longos e nostálgicos, porém, carregados de fervor e entusiasmo pela missão a ser empreendida.

 

Por mais de 50 anos, ocupou-se em trabalhos de nutrição, sempre disposta a oferecer tudo pelo bem das almas, reinado do Coração de Jesus e santificação pessoal. Foi através dos escondidos trabalhos domésticos, dos sacrifícios em prol do bem estar da Comunidade que ofereceu sua vida, preparando as refeições, com esmero e dedicação. Servia tanto às Irmãs como às alunas internas. Em Marília, preparava as refeições, também para o Bispo Diocesano, que muito apreciava seus pratos. Sempre atenta às necessidades da Irmãs, acolhia todas com carinho e satisfação.

 

Logo que chegou ao Brasil, permaneceu três meses na Casa Provincial, aprendendo a fazer comida brasileira. Seguindo para o Colégio de Marília, sofreu muito, devido às circunstâncias da época; a Superiora proibia-lhe de falar italiano, para que aprendesse falar o português, todavia estava sempre confiante de vencer a batalha.

 

Apóstola de temperamento alegre, afetivo e maternal. Ficava feliz ao ser chamada de “avó” pelas Apóstolas jovens e crianças, com quem muito contatava e sempre perguntava, como vai minha neta?

 

Religiosa cumpridora de seus deveres espirituais e caseiros. Não podendo estar presente em todos os atos comuns, devido a seus afazeres no preparo das refeições, ansiava pelo momento de ir à Capela e fazer suas orações de regra. Retratava em suas atitudes, grande respeito às superioras. Ultimamente, acometida por grave enfermidade, foi internada na Santa Casa de Marília, com problemas respiratórios, o que lhe exigiu uma traqueostomia. Era triste vê-la impossibilitada de falar, pois gostava imensamente de dialogar com as pessoas. Revelava aceitação do sofrimento, na paciência e no amor. O mal agravou-se e, durante a novena do Natal, foi convidada a participar do Banquete Eterno. A nossa gratidão pelos edificantes exemplos e carinhosa presença de Apóstola do Amor, nos 84 anos de idade e 60 de vida religiosa.

 

Depoimentos

 

Ir. Virgínia Batista de Oliveira - Organizada, espírito de pobreza e sacrifício.Trabalhadora desempenhava com amor tudo o que estava sob sua responsabilidade. Preocupava-se com as Irmãs que sofriam ou tinham algum problema. Era acolhedora, alegre e muito amor ao Instituto.

 

Ir. Beatriz Maria de Hollanda - Tive oportunidade de conviver com Ir. Fedele durante quase 20 anos, em Marília,SP,  Bauru, SP, Espírito Santo do Pinhal,SP e São Paulo,SP. Contava ter sido missionária na Albânia, em tempo de guerra. Teve oportunidade de conhecer os soldados; tratava-os bem e eram muito amigos. Tinha outra irmã, também Apóstola, chamada Ir. Speranzina, que tive a graça conhecer quando estive na Itália. O tempo maior de nossa convivência foi em Marília. Era responsável pela cozinha e cozinhava também para o Bispo Diocesano o qual requeria cuidados especiais, com dieta rígida e variada e essa parte era somente ela que fazia. Nutria grande amor pelo Instituto, pelas superioras. Dedicava-se inteiramente ao seu trabalho, com espírito de sacrifício, e esmerava-se para que nada se estragasse. Ir. Fedele consumiu sua vida num fogão, sem queixar-se de cansaço ou dores no corpo. Mais tarde, na Escola São Francisco, estava em construção a residência das Irmãs e Ir. Fedele era dedicadíssima. Lembro-me como ajudava, num mutirão que fazíamos para transportar material de construção; nas demais casas, sempre a mesma disposição. Perto dos 80 anos, foi transferida para a Betânia e lá terminou seus dias. Sua irmã religiosa insistia para que ela voltasse para a Itália e ela respondia que era missionária e tinha dedicado sua vida à missão. Sempre demonstrou  grande espírito de sacrifício e amor à sua vocação. Que, do céu, possa continuar intercedendo pela congregação!”.

 

Ir. Lélia Macherti - Morei com Ir. Fedele em Marília,SP, de 1969 a 1973 e, em Bauru,SP, de 1974 a 1975. Cozinheira dedicada e atenciosa com todos. Tratava as Irmãs doentes com carinho, preparando alimentos fortes para seu breve restabelecimento. Caráter forte e ao mesmo tempo carinhoso. Rezava muito. Forte na fé. Oferecia seu trabalho pelos missionários, pelas Irmãs e sacerdotes. Quando noviça, foi enviada para a Albânia e sempre nos contava o que passou durante a guerra. Os soldados alemães ocupavam a casa onde elas moravam. Contava que o cozinheiro dava-lhes sempre alguma coisa e o médico as tratava com muito respeito.

 

Ir. Celeste Yamamoto - Quando foi morar na Betânia, queria trabalhar na cozinha, mas não agüentava. Amava cozinhar, adivinhava os gostos das Irmãs e quando ia fazer tratamento dentário em outra casa, aproveitava para fazer coisas gostosas e trazia para a Betânia. Era silenciosa, observava tudo, não comentava nada com os outros, não discutia, não dava palpites e, quando os ânimos ficavam exaltados, ela saía devagarzinho sem ser notada.

 

Ir. Antonia Pagani - Morei com Ir. Fedele, na Betânia, após 50 anos de cozinha, de dedicação e amor. Era humilde, trabalhava sobre si mesma, espírito de sacrifício, exigente em seus deveres, oferecia tudo por amor, tinha sempre palavras de conforto para os outros.

 

Ir. Sauda Hirata - Quando fui interna no Colégio de Marília, lá estava Ir. Fedele trabalhando na cozinha e nos atendia com muita dedicação, paciência e humildade. Era sempre igual, nunca a víamos triste, nem zangada. Era muito habilidosa em seu trabalho.