IR. ARMINDA SBRISSIA

IR. ARMINDA SBRISSIA

14/06/1920 + 12/04/1965 -------------------------

Biografia

Irmã Arminda foi uma criatura privilegiada por Deus. Passou rapidamente entre nós, deixando as marcas profundas de sua personalidade ardente e vigorosa, apesar de seu físico franzino, porém, muito ágil. Deus fazia maravilhas em sua alma, porque seria curta sua existência; era preciso apressar a missão Já antes dos votos perpétuos, dizia: “Com seu auxílio, Revda. Madre, a quem peço não me poupar em nada, quero passar este pouco tempo que ainda me resta, preparando-me do melhor modo possível, para a entronização solene do Coração de Jesus em meu coração” (de seus escritos).

 

 E assim foi. Amava o Coração de Jesus e o demonstrava pelo sacrifício. Seu porte digno, falava alto de sua espiritualidade. Foi uma religiosa carismática, por isso procurada pelas nossas Superioras, pelos Bispos, Sacerdotes e Irmãs. Viveu sua época, com os pés no chão, mas sua cabeça, sua mente estavam a dezenas de anos à frente. Lutou muito para que o Instituto se abrisse às determinações do Concílio Vaticano II. Era mulher de visão aberta, ampla; sorria para a vida; capaz de discernir, rezar, comunicar, ouvir, administrar. Responsável pelos seus atos e compromissos, desde os mais banais aos mais sérios e comprometedores, desde o varrer e limpar o escritório, às decisões da Faculdade. Tinha facilidade para fazer amigos, pela sua sociabilidade. Foi mulher consagrada, para pertencer a esta Congregação, porque já trazia, desde criança, o amor ao Sagrado Coração de Jesus. Sua vida era de uma Irmã querida, procurada para um conselho, uma ajuda. Sempre dispunha de tempo para quem a buscasse, fosse quem fosse. Sabia escutar com carinho e paciência, captando rapidamente o problema da pessoa.Gostava de rezar a sós. No seu quartinho pobre, apertado, muito quente, encontrava momentos de silêncio, de paz com o Senhor, a quem doara sua vida e sua profissão. E as luzes vinham abundantes nesses encontros. Portadora de uma inteligência brilhante, capaz de captar, perscrutar qualquer situação e dar solução rápida, ou mais demorada conforme o caso. Era entusiasmada pela vida e seu ideal. Buscava nos livros os conhecimentos mais variados. Grande educadora, dentro e fora da sala de aula. Sua presença era imponente, digna, respeitosa, falava por si; grande comunicadora nas aulas, nas palestras; suas exposições eram claras, convincentes; respeitosa com as pessoas, instituições e leis que regiam a educação e o seguimento de sua formação profissional; diplomata, não feria sua decisão corajosa. Sabia esperar as tomadas de decisões, sem precipitação, aguardando a hora de Deus em sua vida.

 

Amante das letras, dos poetas, porque os poetas trazem o futuro para o presente devido à grande sensibilidade. Seu ideal era construir a Universidade, dando prioridade à formação humana. Conseguiu o terreno onde está hoje a Universidade Sagrado Coração. Sonhava muito alto e não temia nenhuma dificuldade ou risco. Nada a fazia retroceder, os problemas eram superados com vigor, fortaleza, sorrindo na esperança de que o final seria feliz. Passou entre nós fazendo o bem. Amava sua comunidade, era a alegria das Irmãs. Contava com hilaridade suas peripécias, suas viagens, suas aulas.

Há cinco anos sofria de um câncer. Quando foi descoberto, já estava avançado e, apesar dos cuidados dos médicos e das Irmãs, o Senhor a quis para si. O mal já havia tomado os intestinos, o estômago, os pulmões e a espinha dorsal. Em consequência, sofria horríveis dores de cabeça. Nos últimos dias fez um relógio de intenções, pelo Instituto, Superioras, Sacerdotes e pelas necessidades da Faculdade. Lembrou-se de todos. Recebeu os santos sacramentos com mente lúcida, depois dos quais, sentiu uma grande alegria espiritual, prova de sua grande conformidade à vontade de Deus. Numa de suas últimas cartas, escreveu: “Considero esta doença como uma grande graça”. Estava ciente do seu mal. Após uma forte crise, teve metástase cerebral e entrou em coma, espirando poucos minutos depois, com apenas 45 anos de idade e 27 de vida religiosa.

Seus restos mortais foram levados para Bauru. A participação do povo aos funerais foi verdadeiramente um testemunho da estima de que gozava em toda a cidade, amigos, autoridades, alunos, ex-alunos da Faculdade. Dois Bispos estavam presentes. O Prefeito deu seu nome a uma rua da cidade: “Rua Irmã Arminda”. É a rua que dá acesso à atual Universidade do Sagrado Coração.

Uma Irmã, sua secretária, escreve: “No dia de Ramos, 11 de abril, véspera de sua morte, estivemos em Ribeirão Preto. Quando soube que ‘nada mais havia para fazer, a emoção tomou conta de mim... Ao entrar no quarto, Irmã Arminda percebeu que eu havia chorado e disse-me: ‘Não chore! Onde eu estiver, farei muito mais pela Faculdade... Obrigada por tudo!’ Foram as últimas palavras que ouvi dos seus lábios...”

Irmã Arminda soube imolar-se e desaparecer, para que a obra aparecesse e crescesse. Imolação de amor. O Senhor lhe dê a recompensa merecida!

Ir. Olívia Santarosa – Conheci Irmã Arminda em Cafelândia, quando eu era sua aluna. Era professora, secretária e diretora. Muito inteligente, perspicaz, alegre, serviçal, simples e de grande espírito de sacrifício. Seu caráter era ótimo, bom de conviver.