Ir. Lívia procurou ser sempre uma Apóstola segundo o desejo de Madre Clélia e, por ela, nutria verdadeiro amor e admiração.

Iniciou suas atividades apostólicas em 1932, no Colégio São José, em Bauru,SP, como professora primária; continuou, em 1939, como professora secundária, no Colégio de Cafelândia,SP; em 1942, como secretária e professora, no Colégio Sagrado Coração de Jesus,  em São Paulo,SP, em 1956, exerceu as mesmas funções no Colégio Madre Clélia, em Adamantina,SP; de 1972 a 1987, ainda em Adamantina, trabalhava na Catequese, Apostolado da Oração, cuidava da sacristia e aproveitava seus momentos prediletos, para estar com Jesus no Santíssimo Sacramento.

Como professora de Francês, esmerava-se, no preparo de suas aulas, e era muito eficiente e querida pelas crianças e jovens. Não podendo mais lecionar, fazia trabalhos de banco e correio, e aproveitava a oportunidade para angariar donativos, principalmente roupas e alimentos para os pobres que, diariamente, bem cedo, estavam à porta, aguardando.

Por causa desse carisma, que lhe era peculiar, o povo a chamava de Ir. Dulce de Adamantina; outro apelido que lhe deram era Anjo da Caridade, pois, com o alimento e a roupa, não deixava de dar a todos um bom conselho, incutindo a vontade de vencer na vida. Em uma placa de reconhecimento, datada de 6.07.82, lemos: “Irmã Lívia, por sua vida inteiramente dedicada a Deus e aos pobres, o reconhecimento e gratidão do Rotary Clube”.

As Irmãs que conviveram com ela lembram-se de como era delicada, sabia ouvir, dar bons exemplos e conselhos. Seu espírito de pobreza, era extremo. Nunca murmurava contra alguém. Era muito paciente, humilde, silenciosa e de muita oração. Em 1988, foi transferida para a Betânia; e, enquanto cuidava da saúde, prestava alguns serviços. Quando acamada, era um prazer visitá-la. Recebia a todos com muita alegria e um sorriso acolhedor, não obstante sua completa surdez.

Que ela, já no gozo da vida eterna, interceda por nós, para que possamos provar nossa fidelidade ao Senhor, até o fim de nossos dias.

Depoimentos

Irmã Ângela Sbrissia - Morei com Irmã Lívia em Adamantina. Era Secretária da Escola e Sacristã. Exercia seu ofício com fidelidade e ordem, sempre atenta em observar as inovações que surgissem. Possuía o dom de cativar as pessoas. Era-lhe característica a acolhida tranquila e sorridente. Nela se destacava certa igualdade de ânimo, sempre igual a si mesma, não se deixando balançar pelos constantes e variados acontecimentos que, porventura, acontecessem. De seu caráter calmo e jovial, sempre brotavam palavras animadoras, repassadas de caridade, de paciência e de esperança. Era notório seu zelo missionário. Não lhe importavam as condições do tempo: sol escaldante ou chuva, lá ia Ir. Lívia com seu guarda–chuva em visita aos doentes, aos idosos... e em fins de semana, para a catequese em bairros vizinhos.

Ao zelo missionário, acrescia grande atenção para com os pobres, prodigalizando-lhes ajuda, quando possível. Recorria aos mais favorecidos, às casas comerciais, pedindo alimentos, roupas e outros, para poder sanar, em parte, a pobreza dos mais necessitados.

Era de origem italiana e veio para o Brasil com a família, estabelecendo-se em São João da Boa Vista,SP; e foi aí que, em contato com as Irmãs Apóstolas, que atuavam na Santa Casa, sentiu despertar sua vocação para a vida religiosa. Possuía grande devoção eucarística e, como era sacristã, aproveitava para estar durante horas diante do Sacrário; imenso seu amor ao Coração de Jesus, mantendo fidelidade às devoções próprias do Instituto. Fazia visitas frequentes à Capela e era fiel à adoração nas primeiras sextas-feiras do mês. Ir. Lívia sempre se distinguiu pelo amor ao Instituto, principalmente pelo amor às Apóstolas. Amar as Irmãs é amar o Instituto, pois, ele não existiria se elas não o vitalizassem”

Ir. Lydia Moreira de Oliveira - Moramos juntas, em São Paulo,SP, por volta de 1956. Fui sua auxiliar no curso noturno de alfabetização de adultos e, neste campo, Ir. Lívia era dedicadíssima, não poupando sacrifícios, pois, após um dia de intenso trabalho, à noite, lá estava ela junto com os alunos, homens e mulheres carentes, com dificuldade de aprender, mas sua paciência nunca se esgotava. Aproveitava, também, para evangelizar. Fato marcante foi quando, já na Betânia, uma noite que passei por lá, após a Santa Missa, o sacerdote levou o Santíssimo, em procissão, pelos quartos das doentes. Ir. Lívia parecia não estar em perfeita lucidez. Porém, quando Jesus chegou no seu quarto, fez o sinal da cruz, e balbuciou uma oração. Sinal que a presença de Jesus iluminou sua mente, quase apagada, e inflamou de amor seu coração.

Ir. Isaura M. Rodrigues  - Muito fervorosa. Com os pobres era de uma caridade sem medida. Providenciava-lhes roupas, alimentos e, sobretudo, assistência espiritual. Fazia apostolado o dia inteiro e, à noite, dava catequese. Na doença, muito paciente.